Rodrigo Janot pediu ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha da função de presidente da Câmara e do cargo de deputado.
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu, na noite desta quarta-feira (16), ao Supremo Tribunal Federal o afastamento de Eduardo Cunha da função de presidente da Câmara e do cargo de deputado.
Janot listou 11 fatos que justificariam o afastamento imediato de Cunha. Segundo o procurador-geral, o afastamento é necessário para garantir a continuidade e a eficácia das investigações contra Cunha e também para impedir que ele destrua provas.
Entre as razões citadas por Janot, estão, por exemplo, manobras no Conselho de Ética que teriam sido patrocinadas por Cunha para atrasar a abertura e a continuidade do processo de cassação do mandato dele. Há também indícios graves do envolvimento do presidente da Câmara com esquema de venda de emendas em medidas provisórias. Isso está citado na representação do procurador-geral.
Um outro fato também citado são os documentos que comprovariam que Cunha tem mesmo contas na Suíça, ao contrário do que ele falou na CPI da Petrobras, e a própria interferência nos trabalhos da CPI da Petrobras para evitar que ela revelasse fatos relacionados a ele.
O pedido de afastamento foi distribuído para o ministro Teori Zavascki, que é o relator dos processos da Lava Jato no Supremo, e tem pedido de liminar, ou seja, o ministro poderia afastar Cunha imediatamente da Câmara. Mas, provavelmente, ele deve levar esse pedido ao plenário do Supremo.
Nova denúncia contra Eduardo Cunha
Nesta quarta, a revista “Época” publicou uma informação importante que constava no pedido de busca e apreensão na casa do presidente da Câmara. A denúncia diz que dois novos delatores da Operação Lava-Jato prestaram depoimento na semana passada e disseram que Cunha cobrava propina para liberação de verbas de um fundo de investimentos do FGTS destinado a empresas. Ou seja, as empresas pagavam, as que iam fazer obras, para conseguir a liberação desse dinheiro.
Nesse esquema seria fundamental a participação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa que foi demitido na semana passada, e que também foi alvo de busca e apreensão na operação de terça-feira (15).
A revista traz um trecho do documento que diz que o procurador-geral indica que elementos corroboram o envolvimento de Fábio Cleto no suposto pagamento de propina para Eduardo Cunha justamente para liberação de verbas do FI-FGTS.
Segundo esses dois delatores, Cunha cobrava diretamente esse pagamento de propina, e a PGR afirma que já conseguiu identificar pagamentos da ordem de R$ 52 milhões divididos em 36 depósitos.
Em outro trecho divulgado pela revista, um delator manda mensagem para outro falando sobre o envio de um livro de 181 páginas sobre túneis suíços e que seria conveniente confirmar se ele recebeu o livro e se gostou das fotos. Para os investigadores, se trata de um código relacionado ao pagamento de propina.
Cunha se recusou a falar sobre essa nova denúncia.
“Estranhamente no momento que está tendo uma decisão do Supremo Tribunal Federal confirmando os atos que foram praticados aqui (na Câmara), se tenta criar mais uma cortina de fumaça, mais um fato político, para poder sair no meio da sessão que o relator está votando para protocolar e gerar um fato político para talvez tentar dividir ou atrapalhar a mídia do dia, o julgamento do Supremo, que tem muito mais relevância, para de novo tentar me colocar na mídia”, afirmou Cunha.
G1 notícias.
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