segunda-feira, 19 de agosto de 2019

SUS. Lei que permite pacientes optar por cesáreas

 Univeral

Um projeto de lei polêmico, que permite que as pacientes optem por cesáreas no SUS, foi aprovado, por 58 votos a 20, pelos deputados estaduais de São Paulo no último dia quarta (14), em votação no Plenário. O texto seguirá para avaliação do governador João Doria, que pode sancioná-lo ou vetá-lo.
O PL foi criticado por não prever necessidade médica para a realização do procedimento. No texto, Janaina Paschoal (PSL-SP) defende que a gestante pode optar pela cesárea a partir da 39ª semana de gestação na rede pública de São Paulo, mesmo que o médico tenha diagnosticado condições favoráveis ao parto normal.
No plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputados contrários ao projeto argumentaram que a cesárea só deve ser realizada para salvar a vida da gestante ou do bebê. Segundo deputadas da oposição, é preciso incentivar o chamado parto humanizado, com investimento em pré e pós-natal e acesso ao parto vaginal.
O posicionamento vai ao encontro de relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicam que a cesárea desnecessária aumenta os riscos de infecção e complicações no parto.

Racha entre médicos

O PL de Janaina foi apoiado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), o que causou um racha entre entidades médicas.
O Coren (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) afirma que o PL "não apresenta amparo e embasamento científico" e "estimula perigosamente o aumento de partos cesarianos no Brasil".
Já o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) divulgou uma nota em que diz apurar "inúmeros" processos de complicações médicas devido a uma "insistência" ao parto vaginal.
"Somos contra projetos que queiram parametrizar qualidade em saúde obstétrica baseados meramente em números e em taxas de cesarianas, desconsiderando as indicações médicas e/ou a vontade materna livremente expressa, caso a caso", escreve nota da diretoria do Cremesp.

Brasil é campeão em números de cesárea

Dados do Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos), de 2016, mostram que as cesáreas respondem por 55,6% do total de nascidos vivos no país. Enquanto na rede privada, 84% dos partos ocorrem via cesarianas, no SUS, a taxa é de 40%. Em índices de partos cirúrgicos, o país só perde para a República Dominicana (56%).
A Organização Mundial de Saúde considera ideal uma taxa de cesárea de 15%. Em declaração, a OMS recomenda que a cirurgia seja indicada apenas por razões médicas e considera que, "assim como qualquer cirurgia, uma cesárea acarreta riscos imediatos e a longo prazo", principalmente "em mulheres com acesso limitado a cuidados obstétricos adequados".

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