segunda-feira, 20 de março de 2023

CONTROVÉRSIA DA HISTÓRIA DA CHEGADA ALINE RAMOS - MISTÉRIO -TUTÓIA - 85 ANOS

  

UM TRAÇO DA HISTÓRIA DO NAVIO ALINE RAMOS, HOJE UMA CARCAÇA E AMONTOADO DE FERROS NA PRAIA DE TUTÓIA-MA
ALINE RAMOS, UMA HISTÓRIA DO NAVIO VELHO, NA PRAIA DA BARRA, EM TUTOIA MA, A SER CONTADA

- Por Elmar Carvalho.
Da Academia Piauiense de Letras

Com a maré baixa dá para ir a pé até a carcaça do antigo navio cargueiro Aline Ramos, embarcação lançada a 16 de agosto de 1963, sendo batizada como BARÃO DO AMAZONAS. Em dezembro do mesmo ano foi concluída a construção. Em 1972 foi vendido para a Navegação Antônio Ramos S.A., Itajaí, SC, sendo renomeado como JACY RAMOS. Em 1978 foi renomeado como ALINE RAMOS. A 16 de novembro de 1981 encalhou na praia ao Sul da Barra de Tutoia, MA.
Os que nasceram depois dos anos 80 estão longe de imaginar que aquela carcaça de navio encalhado na Praia da Barra, em frente à Pousada Embarcação, já foi atração turística que atraiu milhares de olhares curiosos para ver o exuberante cargueiro de bandeira brasileira batizado com o nome de Aline Ramos, que encalhou na ponta da Ilha do Caju nas proximidades da entrada da Barra do Carrapato, exatamente a 16 de novembro de 1981, por volta das 19 horas e 40 minutos, conforme descrito no Processo nº 11.069 do Tribunal Marítimo e publicado no Anuário de Jurisprudência do mesmo tribunal .
Consta que o navio ficou encalhado na seguinte posição: Latitude: dois graus, quarenta e um minutos e três segundos ao Sul do Equador (02°41’03”S) e Longitude: quarenta e dois graus, doze minutos e trinta e seis segundos a Oeste do Meridiano de Greenwich (42°12’36”W) conforme citado nas folhas 66 do mesmo processo.
A tripulação do navio, incluindo o comandante e o imediato, era composta por 17 pessoas assim distribuídas: 2 (dois) condutores motoristas, 2 (dois) moços de convés, 2 (dois) marinheiros de convés, 1 (um) taifeiro, 1 moço-de-máquina, o radiotelegrafista, o eletricista, o chefe de máquinas, o segundo maquinista, 1 (um) mestre de pequena cabotagem, 1 (um) carvoeiro, o imediato, 1 (um) segundo piloto e o comandante, capitão-de-cabotagem.
Mas como o exuberante mercante brasileiro foi parar na praia da barra para se transformar num amontoado de ferro velho, numa carcaça corroída pelo sal e deteriorada pela ação do tempo? E por que o navio encalhou antes de chegar ao seu destino, o porto da Ilha do Igoronhon?
Nos autos do processo já citado no caput deste artigo, consta que o comandante da embarcação, capitão-de-cabotagem Ruy Edi Ribeiro Gomes era homem do mar com muita experiência e conhecia muito bem o canal, pois por diversas vezes já havia entrado no Porto de Tutoia.
Outro fato intrigante com relação ao Aline Ramos é que a embarcação dispunha de uma velocidade entre 9 a 10 nós, o que representa em média de 18 quilômetros por hora. No processo que foi aberto contra o comandante da embarcação e o seu imediato para apurar as causas do acidente, consta, também, que as condições de navegabilidade no momento eram boas, embora a noite estivesse escura.
No depoimento do imediato do Aline Ramos, sr. Nelson Ferreira Tenório, ele afirma que no momento do encalhe a embarcação estava navegando apenas com a agulha magnética e de sonda porque o radar “pifou poucos minutos antes do través de Canárias” ( SIC) e que apenas estes dois equipamentos não ofereciam condições adequadas para a navegabilidade com segurança, enquanto que a defesa do comandante insiste em afirmar que o que causou o encalhe foram a correnteza e os fortes ventos NE (ventos que sopram do Nordeste).



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