segunda-feira, 28 de março de 2022

UM GIRO NA CIDADE ADJACENTES DA REGIÃO DOS LENÇÓIS EM PORTAIS

 

Paulino Neves

História

OS PRIMEIROS HABITANTES DO MUNICÍPIO



Palavra de Anízio Gomes de Araújo (1908 ─ 2006)
               
                            Os primeiros habitantes de Paulino Neves eram de famílias muito ricas, vindos de muito longe, trazendo consigo mais de cinqüenta escravos, que habitavam o Lago do Cereja de Saruê onde, entre eles, estavam os doutores Artur Cereja e Júlio Galas (um dos homens que cavou o Grão-Pará).

                     Antônio Gomes Marques, pai de Anízio, contou que mais ou menos dois anos depois da chegada dos primeiros habitantes na cidade de Paulino Neves, iniciou-se a 1ª Guerra do Paraguai, entre os anos de 1835 e 1840; porém, não se tem ao certo o ano exato da fundação da cidade, podendo ter sido em 1833 ou 1834.

                       E a Guerra chegou a atingir a cidade e, na época, só havia essa casa no Lago do Cereja, a qual já era coberta de telhas com parede de barro.

                   Lembrando que, na época da guerra, as duas famílias já tinham ido a passeio à capital de São Luís, deixando na casa apenas os escravos onde a maioria foi morta, restando, no máximo, doze escravos, que fugiram e se esconderam no rio, no mar ou nos matagais e, com a chegada das novas famílias, que foram até o Saruê e viram o sangue dos escravos e muitas marcas de bala nas paredes, este fato realmente foi comprovado. Quarenta e oito anos depois, o próprio Anízio viu, com seus próprios olhos e, nos dias atuais, restam apenas o lugar coberto de matos, alguns cacos de telhas e pedaços de barro.
                        Chegada dos cearenses: fugiam da seca do Ceará, mais ou menos no ano de 1915, onde um senhor, por nome Sebastião Zumba, foi comprar um barco em Fortaleza e encontrou Janjão, um grande pescador e, em seguida, chegaram em Paulino Neves, muitos cearenses.
                   Em relação à pesca, tem-se fartura de garoupa, serra, cavala, tainha, camarão e marisco de quase todos os tipos. Houve uma época de uma fartura tão grande de garoupa a qual era exportada para Fortaleza por Mouseisão, Sebastião Zumba e João Freire.
                            As dunas são um paraíso, de uma beleza fantástica, mas também foram grandes devastadoras da imensa quantidade de carnaúba que tínhamos. Infelizmente, o homem, que ajuda na devastação da natureza, continua acabando com as poucas carnaúbas que restam.

                      José Nazareno relata sobre a maior duna de Paulino Neves, que tem 35 metros acima do nível do mar, e é conhecida e batizada pelos mais antigos como a lagoa do morro das mendanhas, local onde todos queriam correr de casco (pedaço de madeira ou plástico, um pouco oval que desliza sobre a areia. É o skate dos modernos).
                        Em torno de 1913, surgiu a primeira bola feita com a palha da espiga do milho e depois enrolava em um pano juntamente com os cabelos do milho. O jogo era com as mãos. Neste período, tinham jogadores muito bons já considerados feras. Logo depois, surgiu a bola de pneu.
                           Ainda nesta época, já existia a dança do bumba-meu-boi: pegava-se uma cabeça de boi no campo que estivesse com o chifre e fazia o corpo com um couro comprado em São Luís. (DESCREVER A DANÇA??)
                       O balão era uma das brincadeiras mais divertidas. Compravam-se duas folhas de papel de seda, emendava uma na outra e fazia um corte em cima no estilo dos balões artificiais e, logo depois, tocava fogo em papéis ao redor e a fumaça ajudava a levantar o balão para o céu. O próprio Anízio fazia o balão. Soltavam-se balões nas festas, que eram animadas por cantores de Parnaíba, Poço Dantas, Tutóia Velha (Orquestra), e também perto das igrejas.
                          Uma curiosidade que talvez poucas pessoas saibam: Anízio foi a primeira pessoa a viajar num carro em Parnaíba, no ano de 1930. Em Paulino Neves, as primeiras atividades de sobrevivência eram a pecuária, a pesca e a agricultura.
                  Havia uma onça bem próxima da cidade no morro do boi, tinham muitas raposas, cobras cascavéis (matava-se três num dia), cobra coral, jararaca, principalmente na época do caju. Hoje, é difícil se ver uma cobra venenosa.
                       A fazenda modelo iniciou-se com o doutor Maurício Rodrigues, vindo de São Luís, que investiu nesta fazenda com muitas ovelhas, gados, cabras etc., sendo inaugurada pelo governador da época de São Luís, Newton Belo. Houve uma festa muito grande com danças, bebidas, carnes. Vieram pessoas de São Luís especializadas em criação de animais. E um problema foi o gado vindo de São Luís, que estava impachado pela doença fitosa e infectou o gado que havia na cidade, onde todos eram postados no garajau, um dos melhores pastos para criar; então, ficaram prejudicados somente os que já eram da cidade, os mais fracos, ocasionando a morte deles.
                        Antigamente, quando não existiam relógios nem bússolas na cidade, as pessoas se baseavam na hora da seguinte forma: cortava-se um pau que medisse um palmo de uma polegada, e media-se a distância onde ia ser enterrado este pau, mais ou menos uma chave e, em seguida, enterrava-o na areia e com a sombra do sol media-se a hora com a mão. Isso era feito até às 18h. Este método era muito usado pelos vaqueiros.
                        Em relação à educação tradicional, o primeiro professor da cidade foi Chico Mexe que ministrava aula particular por dez tostões (dinheiro da época). Em seguida, foi a Srª Mariquinha Serra, que usava um metro (cambirote) para bater na cabeça dos alunos. Por vezes, alguns alunos mal-comportados saíam com a cabeça machucada ou com um grande galo na cabeça. A Srª Mariquinha era uma professora muito bonita, e também muito rígida. Temia-se mais a ela do que aos próprios pais.
                           O material escolar usado pelos alunos constava de um simples caderno, uma pena de galinha com tinta (tinteiro) e um lápis.
                        Chico Mexe fundou o primeiro colégio próximo às margens do Rio Novo, em frente à casa de Felipe Ramos. Este era feito de taipa (técnica construtiva à base de argila [barro] e cascalho empregada com o objetivo de erguer uma parede), sem portas. O piso era aterrado de barro do próprio rio. Na época, era somente um ano de estudo e o aluno era obrigado a ler e a escrever neste pouco tempo.
                          Interessante dizer que as meninas tinham de sair da escola primeiro, ao término das aulas, pois, quando os meninos saíam antes, estes ficavam fazendo brincadeiras de mau gosto com as meninas.


Fonte: Farias, Valquía Araújo. Rio Novo dos Lençóis. Ed. Gramma, Rio de Janeiro, 2008.



Hino Municipal



Paulino Neves minha terra tão querida
Fostes escolhida por esta grande nação
Entre as rainhas tu fostes escolhida
Berço divino de toda população.

                    Teus filhos sempre estarão de frente erguida
                    Terra querida de poetas e cantores
                    De onde ela pesca se formam grandes famílias
                    Dos mais humildes até os agricultores.

Minha cidade crescendo hei de te ver
Com toda força deste povo varonil
Com esperança haveremos de vencer
Porque formamos um pedaço do Brasil.

                                                Helena Cabral



Lei de Criação

MUNICÍPIO DE PAULINO NEVES

LEI n° 7.037 DE 02 DE DEZEMBRO DE 1997. Altera os dispositivos da Lei nº 6.185, de 10 de novembro de 1994 que cria o Município de PAULINO NEVES, e dá outras providências.
O Governador do Estado do Maranhão, Em Exercício,
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art.1° - O art. 2º e suas alíneas da Lei nº 6.185, de 10 de novembro de 1994, passam a vigorar com as redações abaixo:
“Art.2°” - O Município de Paulino Neves limita-se ao Norte, com o Oceano Atlântico; a Leste, com o Município de Tutóia; a Oeste, com o Município de Barreirinhas; e ao Sul, com o Município de São Bernardo.”

LIMITES TERRITORIAIS
a) Com o OCEANO ATLÂNTICO:
Começa no ponto do marco nos limites das águas territoriais em frente ao lugar Baixo da Bóia; desse ponto segue na direção leste, margeando o continente até a Barra do Tatu, na foz do rio Cangatã.
b) Com o Município de TUTOIA:
Começa na Barra do Tatu, na foz do rio Cangatã; desse ponto, segue pelo talvegue do referido rio a montante e margeando a Ilha do Canindé, até a foz do rio Mírim; daí segue pelo rio Mírim, a montante, até a foz do riacho Água Rica; daí segue pelo referido riacho a montante até a sua cabeceira; desse ponto, segue por um alinhamento reto na direção sudoeste, até a cabeceira do riacho das Cotias, nas proximidades do povoado Cotia I; daí segue pelo talvegue do referido riacho, a jusante, até a sua foz no rio Carrapatos; daí segue pelo talvegue do referido rio, a montante, até o povoado Riacho do Meio do Cezarino; daí segue pela estrada até o Povoado Centro do Euzébio dos Reis até o limite dos Municípios de Tutóia e São Bernardo, nas proximidades do Povoado Riacho do Meio.
c) Com o Município de SÃO BERNARDO:
Começa no ponto de cruzamento do talvegue do riacho do Meio com a linha de limite dos Municípios de Tutóia e São Bernardo, nas proximidades do povoado Riacho do Meio; desse ponto, segue pela referida linha de limite da direção noroeste, até o talvegue do riacho Guarimã.
d) Com o Município de BARREIRINHAS:
Começa no ponto de cruzamento da linha de limite do Município de Tutóia com São Bernardo, com talvegue do riacho Guarimã; desse ponto, segue a jusante, pelo talvegue do riacho Guarimã até a foz do riacho Giramundo, onde tem início o rio da Fome ou da Formiga; daí segue pelo talvegue do rio da Fome, a jusante, até o povoado Baixinha, na margem esquerda desse rio; daí segue em linha reta até a beira do Oceano Atlântico no lugar Baixão da Bóia e daí ao ponto do marco nos limites das águas territoriais.
Art.2° - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e a execução da presente Lei pertencerem que a cumpram e a façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Excelentíssimo Senhor Secretário Chefe de Gabinete Civil do Governador a faça publicar, imprimir e correr.
Palácio do Governo do Estado do Maranhão, em São Luis, 02 de dezembro de 1997, 176º da Independência e 109º da República.

JOSÉ REINALDO CARNEIRO TAVARES
Governador do Estado do Maranhão
JOÃO ALBERTO DE SOUZA
Secretário de Estado de Governo
RAIMUNDO SOARES CUTRIM
Secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública

PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL N° 240 DO DIA 10 DE DEZEMBRO 1997.
PROJETO DE LEI N° 156/97
AUTORIA DO DEPUTADO JOSÉ ORLANDO
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Localização

Paulino Neves é um municipio do Estado do Maranhão, Localizado a nordeste do Estado do Maranhão, na divisa com o Piauí., o município de Paulino Neves limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico; a Leste com o município de Tutóia; a Oeste com o município de Barreirinhas e ao Sul com o município de São Bernardo.
Mapa do Município de Paulino Neves


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Mais informações no site: http://www.paulinonevesma.com.br/inicio.html


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        EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE PAULINO NEVES


1.1       PAULINO NEVES ENQUANTO DISTRITO

A grande maioria das cidades brasileiras tem a sua história de origem pautada em situações da vida no campo, advindas da lavoura, da roça, da criação de animais e tantas outras pequenas atividades, capazes de manter o homem a terra.

Paulino Neves, na sua origem, não foi tão diferente desta realidade, acrescenta-se ai, mais uma importante atividade de sobrevivência, para essa região litorânea que é a pesca marítima e fluvial, por estar situado próximo à região litorânea, possibilita uma boa produção de pescado e outros frutos do mar, como o marisco, sururu, ostras, além do camarão, tendo ainda um grande número de povoados margeados por um belíssimo lago, tornando-se um excelente meio produtivo de peixe da água doce, tornando-se mais uma atividade para sobrevida da atual e antiga população do povoado denominado Campo do Lago. Foi assim que se estabeleceram os primeiros habitantes e conseguiram o seu meio de sobrevivência certamente, naquela época de muita fartura, pois ainda alcançaram-se, vestígios daqueles tempos, vivendo-se de forma muito tranqüila em relação aos recursos básicos necessários a uma vida digna.

Originalmente, o nome Campo do Lago como era conhecido pelos primeiros habitantes devido exatamente a questão geográfica, já que o antigo povoado era próximo a uma grande campina que margeia o lago, e, por conseguinte, este, que margeia os povoados, daí surgido à junção dos dois nomes através do qual muito tempo foi conhecido.

O rio mais tarde denominado Rio Novo, naquela época ainda não existia, e, portanto, o nome mais apropriado para o povoado seria Campo do Lago. Esta região tem uma dinâmica natural e geográfica muito intensa às vezes surpreendendo até os mais idosos, pela rapidez como tudo acontece ou aconteceu. Paulino Neves tem muitas belezas naturais, como campinas, dunas, praias, rios, lago e lagoas, serrados, manguezais, enfim um sem números de recursos naturais capazes de atrair a atenção dos visitantes.  Dentre esses recursos, alguns têm movimentação muito intensa, como é o caso das águas e das dunas de areia cristalina, causando uma verdadeira transformação ambiental em um curto espaço de tempo, tornando-se, em algumas épocas do ano, com certeza o maior deserto molhado do Brasil e, foi assim que essa evolução aconteceu caminhando para a mudança de nome.

Paulino Neves é atualmente, detentor de um belíssimo rio, que tempos atrás não existia, tendo como nascentes dois outros rios menores de nomes Rio do Carrapato e Rio da Fome ou Formigas, ambos alimentados por um sem números de pequenos afluentes, tipo riachos e córregos, que juntos formavam o Rio da Correnteza, desaguando suas águas no rio Preguiça, que fica mais ao norte do nosso município, ligando Barreirinhas à região das praias, como Caburé, Mandacaru, Atins, entre outras.

Com o passar dos tempos e a movimentação intensa das dunas naquela região, principalmente pela ação dos fortes ventos, foi obstruído o leito do Rio da Correnteza, com o Rio Preguiças, fazendo represar suas águas, cujo local hoje é denominado Lagoa da Taboa, onde antigamente era mata nativa e servia de local de caça para os primeiros habitantes de Campo do Lago, fato que ainda hoje pode ser comprovado pela intensa quantidade de troncos de árvores que existem no meio do lago.

Com a represa das águas, mais e mais foi aumentando o seu volume, a tal ponto que, passou a transbordar e rompeu, rumo a Paulino Neves, dando lugar a um novo rio cujo nome deu origem para o então povoado, agora passando a ser conhecido e chamado como Rio Novo.

Vários mitos e histórias interessantes da criação do rio, ainda permanecem no folclore local, como bom passatempo para aqueles que se deleitam com os acontecimentos de origem.

Rio Novo teve seus tempos de glórias, abrigava um povo pacato, amigo, ordeiro, mas de vida simples e sem perspectivas de progresso, a curto e em médio prazo, vivia-se basicamente da lavoura, da pesca artesanal e da criação de subexistência, principalmente de pequenos animais e pequenos criadores de gado, na sede do então Distrito. Por outro lado, a zona rural, vivia mais da lavoura e da criação, equilibrando e melhorando o nível de vida com a venda e troca de alimentos. Até então os laços de amizades eram muito fortes, ao ponto de muitos distribuírem entre si ou fazerem troca de alimentos, sobretudo, perecíveis, tipo: (carne, peixe, farinha e outros) que lhes eram em excesso, isto feito com muita naturalidade e solidariedade, mesmo porque não havia energia elétrica e geladeira para estoque e todo excesso de alimento em último caso, era salgado para uso posterior. Não havia tão presente o sentimento da ganância, da mesquinharia, da inveja e da individualidade.

Práticas como essas e a notória ausência desses sentimentos, favoreciam um clima de amizade e cordialidade prazeroso de se ver e conviver entre quase todos os moradores. Reinava um ambiente de camaradagem e irmandade como se todos fossem uma só família em harmonia.

Ao anoitecer grupos de pessoas mais idosas formavam rodas de conversas frentes as casas, comentando os acontecimentos e outras peripécias do dia, além do planejamento das atividades do dia seguinte e, os convites aos amigos que se dispusessem participar dos trabalhos coletivos, quase sempre bem aceitos e realizados em conjuntos. Enquanto isto, os filhos mais jovens, reuniam-se em grupos maiores para brincadeiras e entretenimentos noturnos se divertindo coletivamente, principalmente nas noites de luar onde passavam horas a fio de divertimentos e alegrias, sem atritos, sem brigas, sem drogas, sem agressões, até os momentos de exaustivo cansaço onde se recolhiam aos seus leitos, tendo um sono tranqüilo e prazeroso.

Aqueles que tinham um pouco mais de recursos e podiam, enviavam seus filhos para estudar em outros centros maiores, como Barreirinhas, Tutóia, Parnaíba, Sobral, São Luis, Fortaleza, entre outros, que retornavam quase sempre nos períodos de férias, tornando o distrito ainda mais animado e alegre, pois era nestes períodos onde aconteciam as maiores festas e divertimentos da cidade. As paqueras e namoros entre jovens eram mais freqüentes, mesmo sem as grandes liberdades dos dias de hoje. Durante os dias os pic-nics eram realizados em locais agradáveis e próximos, sendo as grandes diversões da época, mas tudo feito de modo ordeiro e tranqüilo, sem drogas, sem violência, sem agressão, sem desrespeito e, portanto sem brigas, era assim o saudoso e pacato distrito de Rio Novo.

1.2       EMANCIPAÇÃO DE PAULINO NEVES COMO MUNICÍPIO.

Paulino Neves, nome oficializado de forma isolada para o então distrito de Rio Novo, pela câmara de vereadores do município de Tutóia, ao qual pertencia parte do povoado, a pedido de um morador deste local, em homenagem a uma pessoa daquele município, sem afinidade e sem história com o então distrito, não sendo bem aceito pela grande maioria da população e tampouco bem vindo até os dias de hoje, causando um clima de insatisfação generalizado em relação ao mesmo. O nome Paulino Neves, também atribuído ao novo município emancipado, continua não aceito até mesmo pelos os visitantes que conhecem a origem e a história do município.

 Tramita atualmente, na câmara de deputados em São Luis, processo de mudança do nome do município para Rio Novo dos Lençóis, bem aceito por todos e certamente mais uma vez e talvez definitivamente, terá o seu nome alterado.

O município foi emancipado retirando-se parte do território de Tutóia e parte do território de Barreirinhas, cujos limites entre os dois, anteriormente era feito pelo então Rio Novo que divide a cidade em dois lados.

O novo município foi de fato, criado em 10 de novembro de 1994, através da Lei nº 6.185, com a denominação oficial de Paulino Neves, sua instalação de verdade somente aconteceu em 1997, quando ocorreu a primeira eleição para prefeito e vice-prefeito, sendo subordinado a comarca de Tutóia-MA. A área do então município era de 979,34 Km² e uma população estimada em 11.994 habitantes para 2004, conforme ( IBGE-2000 ) e uma densidade populacional de 12,24 hab/Km²

A emancipação ocorreu após momentos de muito esforço e muita luta para vencer toda a burocracia e questões políticas sempre presentes nestas situações, todas vencidas com muita coragem por filhos desta terra que a queriam livre de Barreirinhas e Tutóia, pois quase nada era feito pelos seus governantes para e pela população local. Por ser área de limite, cada prefeito dos municípios vizinhos, considerava que a responsabilidade era do outro e, portanto, quase nada era feito. 

O acesso principal para a capital via terrestre é feito pela BR-402 por Barreirinhas, com percurso de 280 Km, que liga a capital do Estado aos Lençóis Maranhenses, em ótimo estado de conservação até Barreirinhas, de lá, para Paulino Neves, chega-se via estrada de areia de 36 Km, gastando-se em torno de 1h 30min., por onde somente trafega-se com veículo com tração nas quatro rodas. Tem-se ainda uma segunda opção via Tutóia, também distante de 42 km de Paulino Neves, com acesso um pouco melhor que o de Barreirinhas, entretanto para chegar a capital via Tutóia a distância é o dobro e alguns trechos em más condições.

A infra-estrutura do município é bastante precária, contando apenas com alguns prédios públicos municipais, tais como Prefeitura Municipal e algumas poucas secretarias e escolas municipais e ainda apenas uma escola estadual do ensino médio. Não tem ruas ou avenidas calçadas, é ainda tudo muito rústico, não tem saneamento básico e, tantas outras carências que a população necessita. O quase isolamento da capital pela falta de vias de acesso favorável, aliado a pobreza da região, deixa o município em desvantagens, principalmente em relação alguns outros municípios da região em melhores condições e com maior tempo de emancipação.

É, sobretudo, privilegiado pela sua beleza natural, riquíssima em opções, favorecidas pelas praias, dunas, rios, lago, manguezais, campinas e tantas outras belezas que podem ser vislumbradas pelos olhos, principalmente dos visitantes. Não que os nativos não vejam essas belezas, ao que tudo indica sim, mas é como se não os vissem, pois não se dão conta das maravilhas que quase sempre só os visitantes ressaltam.

Acredita-se para o futuro, no potencial turístico, espera-se ser explorado de forma sensata e coerente, trazendo certamente melhoria de vida para a população local, possibilitando meios de produção e outras vantagens advindas do progresso, acredita-se por outro lado que, mazelas também possam ocorrer, infelizmente ainda não se criou forma perfeita para aliar progresso e tranqüilidade e o progresso em muitos casos é inevitável.

1.3      A INFLUÊNCIA POLÍTICA NA ESTRUTURA DA SOCIEDADE PAULINEVENSE

Não se pode negar que, as relações pessoais, nas cidades menores são muito mais intensas e mais próximas do que nos grandes centros. Nas pequenas metrópoles, existem elos muito mais acirrados de ligações, fortemente presos às raízes familiares, de parentescos, de amizades e culturais.

A falta de meios de circulação de informações, tipo jornais, revistas e até as dificuldades de outros tipos de mídia, é substituída por outras formas de comunicação que circulam boca a boca, causando as mais variadas distorções, pois sabidamente as informações que circulam deste modo não possuem a mesma autenticidade que aquelas que se pode comprovar através de documento ou outros meios.

 Há um anseio, uma curiosidade também muito mais intensa, causada pela própria necessidade de comunicação, exigência essa natural do ser humano.  Daí, surgirem um considerável número de divergências pessoais provocadas principalmente, pelas informações distorcidas, criando conflitos às vezes desnecessários entre famílias, amigos e até mesmo os mais afastados em grau de parentesco e de amizade. Aliado a tudo isto, consta ainda como um grande agravante o pouco conhecimento de conteúdos ligados às relações humanas, as relações intrapessoais e qualquer outro processo formativo e educativo neste sentido. Por essas e tantas outras razões, não deixa de ser a questão política um tempero forte para apimentar mais ainda, as relações do dia-a-dia, dessas pessoas ávidas por informações e quaisquer outros meios de comunicação que possam incrementar as relações pessoais.

Observa-se até mesmo, uma reduzida preocupação e conscientização das questões educacionais e sociais, em detrimento das questões políticas, pois por esta razão, em muitos outros casos, insinuam ou até mesmo acontece impedimento dos filhos irem às escolas por divergências político partidárias. Torna-se trabalhoso e difícil convencê-los que fatos desta natureza são menores frente às necessidades educacionais dos filhos, que necessitam criar uma nova consciência de como verdadeiramente a política pode agir em benefício deles e não para causar-lhes algum tipo de afastamento, mas principalmente meio de solução de muitos problemas sociais que significativamente afetam essas comunidades.

Percebe-se claramente, talvez inconscientemente, o uso dos filhos como forma de escudos, para se protegerem de intrigas pessoais, quando dizem “meu filho não vai para a escola, por esta ou aquela razão” (sic) e estes casos são comuns e freqüentes, difíceis de serem trabalhados tal é o nível de desinformação encontrada no seio de muitas famílias.        
           
A sociedade paulinevense vive intensamente a política independente dos anos eleitorais, os quais apenas intensificam o clima do ambiente político, através do debate na rua, da conversa nas calçadas, no ambiente de trabalho e na família. Como se não bastasse, a política também, é levada para as escolas, através dos pais de uma forma pouco salutar e muito distorcida. Considerando que durante todo o período de uma eleição a outra, a política não deixa de ser vivenciada. Há uma notória divisão de partidos através das famílias, de comunidades e da sociedade, como um todo ocasionando, uma divisão quase constante e perfeita daqueles do partido A, contra aqueles do partido B. Isto levado para a escola é prejudicial aos alunos e ao sistema de ensino.   Em muitos casos percebe-se claramente a rejeição entre professores, entre famílias, entre alunos ou até mesmo outras pessoas das escolas, ou da sociedade por serem de partidos diferentes, interferindo no meio social como um todo.

Fatos ocorrem que até parecem incompreensíveis e grotescos, como é o caso de mães rejeitarem professores dizendo “não irem com a cara dos mesmos”, (sic) mas que se sabe que por trás está à questão política. Interferirem na construção de determinadas escolas, visivelmente por questões políticas, dizendo não aceitar este ou aquele local, observando-se sempre como pano de fundo, vínculos pessoais ligados ás questões políticas.

As mais variadas exigências são feitas no sentido de impedir benefícios a aqueles que são de lados contrários a ponto de prejudicar ou tentar prejudicar socialmente algumas pessoas.
           
Deste modo percebe-se que há uma influência muito forte da questão política na estrutura social deste povo, que encara a política numa visão menor, impedida de uma discussão mais profunda, mais sensata, onde possa contribuir para os benefícios da coletividade e para uma sociedade mais humanitária, capaz de contribuir para todos sem distinção, desta forma vivenciando o verdadeiro espírito da política, que é o bem comum. Através do diálogo, do entendimento, do perdão, conduzindo aqueles que foram contrários num período para uma posição de situação na outra, buscando coletivamente a solução de muitos problemas sociais e estruturais que esta sociedade necessita.

1.4      A FAMÍLIA PAULINEVENSE

A família paulinevense vem de uma estrutura social e econômica, relativamente de baixa renda, tendo na sua origem uma renda econômica sustentada da economia informal, através do trabalho de subexistência e doméstico diário para o sustento de suas famílias.  Formada, inicialmente, de poucos grupos que se instalaram na região, talvez pelo propício e fácil meio de sobrevivência, pela criação doméstica e a pesca artesanal fácil, com boas possibilidades da agricultura de pequeno porte.

Econômica e socialmente falando, de uma condição modesta, entretanto, culturalmente rica, através do seu folclore, sua culinária, seus valores morais e religiosos.  Na sede do município, onde já existe um grau mais elevado de sociabilidade, se percebe relações de amizades mais amistosas, que na zona rural, onde as características citadas anteriormente são mais presentes e acirradas. Deste modo encontra-se mais abertura para um trabalho educacional mais eficiente, com resultados mais palpáveis que no meio rural, onde há uma resistência bem maior em todos os sentidos.

Parece contraditório essa afirmativa, pois é de se esperar que no meio rural as relações fossem mais próximas, facilitadas pelas exigências de sobrevivência, infelizmente isto não demonstra ser verdade. Os fatos marcantes e vivenciados dão uma demonstração de relações dificultadas, necessitando de um trabalho generalizado na área de relações interpessoais, tornando-os compreensivos e mais tolerantes com a situação alheia.

Ao que tudo indica, dificultadas pelas próprias questões políticas e sociabilidade, ocasionando verdadeiros conflitos desnecessários, atrapalhando até mesmo ações concernentes as políticas públicas a serem implantadas nas comunidades.

Apesar de notar-se em muitos casos uma difícil convivência, por outro lado não há freqüência de violência, o que se torna quase um paradóxico frente a tantos desentendimentos de pequenas proporções, deixa patente a falta de formação de hábitos mais educativos, tipo palestras de esclarecimentos, leituras e tantas outras formas de melhorar a convivência comunitária e familiar.


Extraído da monografia de Luis Carlos Reis, do curso de PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA, 2007.











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