domingo, 9 de outubro de 2016

Aprovação de PEC dos gastos reforçaria credibilidade, diz Lagarde


Diretora do FMI também apontou importância da reforma da Previdência. Declaração foi divulgada após reunião de Lagarde com Henrique Meirelles.

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse neste domingo (9) que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos e a reforma da Previdência, se forem aprovadas em um “prazo razoável”, ajudariam a “reforçar a credibilidade da política macroeconômica” do Brasil, além de “reforçar a confiança na economia e ancorar um retorno para um crescimento forte, inclusivo e sustentável”.

A declaração foi feita após reunião de Lagarde com o ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, e divulgada em nota após o encontro. O ministro também divulgou nota comentando a conversa.

“O encontro de hoje foi muito produtivo e nele foram abordados os fatores mais relevantes na dinâmica da conjuntura econômica brasileira. Expressamos a concordância entre a avaliação do FMI e o diagnóstico do governo sobre a economia, base para as reformas estruturais que estão sendo e serão propostas ao Congresso”, disse Meirelles.

Na última terça-feira (4), o FMI divulgou relatório mantendo a projeção de queda de 3,3% do Produto Interno Bruto do Brasil em 2016 e de alta de 0,5%, em 2017. Nas estimativas mais recentes apresentadas em julho, o FMI havia melhorado pela primeira vez – após cinco revisões para baixo – sua projeção o PIB deste ano. No relatório de abril, o fundo previa que a economia "encolheria" 3,8%.

A PEC
A proposta que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior pelos próximos 20 anos já foi aprovada pela comissão especial criada na Câmara na quinta-feira (6), rejeitando alterações ao texto apresentados pela oposição, em sessão tumultuada.

A proposta ainda precisa ser analisada pelos plenários da Câmara e do Senado para virar lei. A previsão é seja votada na segunda-feira (10) no plenário da Câmara.


No dia seguinte, nos Estados Unidos, Meirelles afirmou que a manifestação da PGR é um "processo normal" e resultado de um debate "legítimo", mas voltou a defender medida.Na sexta-feira (7), a Procuradoria-Geral da República divulgou parecer em que afirma que a proposta é inconstitucional porque "ofende" a independência e a autonomia dos poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. Além disso, deputados da oposição pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a interrupção do andamento na Câmara da proposta.

Meirelles já havia anunciado, em agosto, que a vigência do teto para o aumento dos gastos públicos já está valendo para o Orçamento de 2017, limitado à inflação prevista para 2016.

Recomendações do FMI
O comentário de Lagarde deste domingo não foi a primeira avaliação do FMI sobre a proposta de limitar os gastos do governo brasileiro. No final de setembro, o fundo divulgou comunicado oficial após visita ao país apontando que a melhora do quadro fiscal baseada somente em controle dos gastos pode levar vários anos para estabilizar a dívida pública, além de trazer riscos.

Por outro lado, o órgão afirmou que o teto de gastos pode "mudar o jogo". O órgão prevê que a dívida pública continuará a crescer por alguns anos até atingir um pico e, depois, começará a cair.

"O foco do governo em controlar o crescimento dos gastos públicos é imperativo e bem-vindo", disse o FMI, criticando "políticas fiscais insustentáveis" baseadas em "despesas infundadas e onerosas de forma crescente".

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