Lula regulamenta Lei de Reciprocidade Comercial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta terça-feira (15), decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade Comercial, autorizando o Brasil a adotar contramedidas contra países que impuserem barreiras unilaterais aos produtos brasileiros. A medida foi publicada no Diário Oficial da União e ocorre em meio à tensão comercial com os Estados Unidos, que anunciaram tarifa de 50% sobre exportações brasileiras.
O decreto cria o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, que será responsável por decidir sobre possíveis respostas a sanções comerciais de outros países. O grupo será presidido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e contará com representantes da Casa Civil, Ministério da Fazenda e Itamaraty. Outros ministérios poderão ser convidados conforme o tema em discussão.
A iniciativa brasileira surge poucos dias após o governo norte-americano, sob o comando do presidente Donald Trump, anunciar o aumento de tarifas sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Produtos como aço e alumínio já haviam sido sobretaxados em 25%, afetando diretamente empresas brasileiras do setor.
As contramedidas previstas pelo novo comitê podem incluir suspensão de concessões comerciais e restrições à importação de bens e serviços. As ações terão caráter excepcional e seguirão um rito mais ágil, podendo ser aplicadas a países ou blocos que:
- Imponham ou ameacem impor medidas comerciais, financeiras ou de investimentos de forma unilateral para interferir em decisões soberanas do Brasil;
- Descumpram ou prejudiquem compromissos assumidos em acordos internacionais;
- Utilizem exigências ambientais mais rígidas do que as normas adotadas pelo Brasil como pretexto para barrar produtos nacionais.
A Lei da Reciprocidade Comercial, aprovada pelo Congresso em março e sancionada em abril, estabelece os critérios para a adoção de medidas de retaliação. O texto também autoriza o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex) a restringir importações como forma de resposta, garantindo antes a tentativa de negociação com os países envolvidos.
A regulamentação marca um novo momento na política comercial brasileira, com o governo buscando proteger a competitividade nacional diante de iniciativas protecionistas adotadas no cenário global.