O Herói Obscuro e o Movimento 17 de Novembro de 1889 em São Luís
Por Euges Lima, historiador
Continuando nossas pesquisas sobre o "O Movimento 17 de novembro de 1889", ou " O Fuzilamento do dia 17 ", como citaram os jornais à época, viemos hoje, trazer mais luz sobre esse episódio importante da história do Maranhão, pouco estudado por nossos historiadores contemporâneos e talvez, totalmente desconhecido da historiografia brasileira.
Semana passada, publicamos no jornal O Imparcial, um artigo, divulgando pela primeira vez na historiografia maranhense, desde Barbosa de Godóis (1904), o primeiro a bordar o tema até Mário Meireles (1990), entre outros elementos, os nomes dos quatro mortos, até então inédito, vítimas da repressão a essas manifestações populares que ocorreram no dia 17 de novembro de 1889 em São Luís, pró-monarquia e contrárias a proclamação da República.
Hoje, como o título sugere, expressão usada por Dunshee de Abranches, para denominar um dos negros manifestantes que do alto da ladeira do "Vira-Mundo", envolto da bandeira imperial teve o peito atingido por bala, aos gritos de "Viva a monarquia...!".
Esse personagem emblemático dessas manifestações pro-monarquia, compostas principalmente por negros, mestiços e "pardos," nesse alvorecer do regime republicano no Maranhão, foi citado pela primeira vez por Dunshee de Abranches que o chamou de " herói obscuro", obviamente por não conhecer sua identidade. Segundo Abranches (1993) " Era um negro; devera a liberdade à Lei Áurea de 13 de Maio; e, ao ver os soldados descerem em perseguição dos fugitivos, arrancou da haste a flâmula auriverde e, enrolando-se nela, com o peito já crivado de balas, com a voz forte e resoluta bradou; " - Viva a Princesa Redentora, viva a Monarquia!" Conclui Abranches, sugerindo a morte do manifestante negro: “Assim tombava na tarde trágica de 17 de novembro de 1889, em São Luís do Maranhão, aquele herói obscuro.” Na verdade, foi à noite o momento do fuzilamento, por volta das 19 horas.
De acordo com aos Relatórios dos feridos que deram entrada naquela sangrenta noite no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, cotejando com essa passagem de Dunshee de Abranches do livro “A Esfinge do Grajaú”, podemos a principio tirar pelo menos três conclusões: a primeira, o personagem “heroico” existiu; segunda, chamava-se Manuel da Silva Assunção - foi alvejado no peito direito -; terceira, ao contrário do que pensou Dunshee de Abranches, sobreviveu aos ferimentos e teve alta do Hospital no dia 21 de dezembro de 1889.
Como podemos ter certeza? Porque das catorze vítimas, entre mortos e feridos desse massacre que deram entrada no dia 17 de novembro na Santa Casa, apenas um foi registrado com ferimento à bala no peito, foi ele, “O Herói Negro Maranhense”, agora, não mais obscuro, Manuel da Silva Assunção.
Aocontr´qrio de que diznosso ilustre historiador, já escrevi sobre esse episódio, ainda no ano de 2005, publicado artigo não só na revbista do proprio IHGM, em palestra lá proferida, como também no Jornal do Capoeira... e no meu Blog, Blogo do Leopoldo Vaz, no G1/Mirante...
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