terça-feira, 13 de agosto de 2019

Diz Jovem Advogado. Justiça nem sempre é a mais bem vista

Solução da Justiça nem sempre é a mais bem vista, diz jovem advogado


 TV Brasil
Mateus Costa Ribeiro tem apenas 19 anos e inicia nesta semana a marca de um recorde. É o mais jovem advogado do mundo aceito no mestrado de Direito da Universidade de Harvard. Ele já viajou para os Estados Unidos para começar as aulas.

O estudante reflete como poderá aplicar o aprendizado no Brasil, avalia que na Justiça e no Direito sempre vai faltar algo, mas demonstra otimismo: “o importante é que cada jurista, cada cidadão brasileiro entenda que o cenário atual da Justiça não representa o que ela pode ser no futuro”.

Em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, no programa Impressões, que vai ao ar nesta terça-feira (13), às 23h, na TV Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o advogado amplia essa reflexão.

Ele diz que há muito a melhorar e que o mais importante é não perder a esperança e contribuir para mudanças positivas.

“O pior estado de espírito é do cinismo de que nada pode mudar. Eu acho que o estado de todo jurista deve ser uma vontade de resolver o problema que afeta a Justiça do seu país e procurar ocupar esses espaços de influência para melhorar”, afirmou.

Perguntado se a Corte deve seguir os apelos populares, ele disse que não. “Não acho que ouvir o clamor social seja um dever do Judiciário. O Poder Judiciário tem o dever de respeitar a lei e a Constituição. Então, algumas vezes, a solução que a Constituição vai trazer não é a mais bem vista pela população”, afirmou.

O discurso, sem titubear, mostra a experiência adquirida apesar da pouca idade. Afinal, não é a primeira vez que Mateus Costa Ribeiro alcança um recorde. Ele foi o mais jovem advogado do Brasil a defender uma causa no Supremo Tribunal Federal, com apenas 18 anos.

A primeira defesa oral no Supremo Tribunal Federal (STF), bastante elogiada pelos ministros da Corte, foi motivo de orgulho para toda a família de Mateus.

Ele conta, porém, que, na hora em que estava diante dos ministros, “não dava tempo de sentir nada”. E faz uma comparação como se fosse um atleta pronto para correr 100 metros: “todo mundo na torcida, tem milhões de pessoas assistindo o que que ele faz para focar. Ele não pode pensar em nada a não ser escutar o tiro da largada. Da mesma forma, eu só pensava nas primeiras três frases da minha sustentação oral. Você tem que focar apenas em gesticular do jeito certo, falar pausadamente, se expressar de uma maneira clara e impactante”, argumentou.

A vida acadêmica de Mateus começou cedo. Aos 13 anos, quando a irmã ia fazer vestibular para o mesmo curso, na Universidade Católica de Brasília, o pai dele decidiu inscrevê-lo. Mateus foi aprovado em sétimo lugar. Seis meses depois, passou na Universidade de Brasília (UnB) e, por meio de uma liminar, conseguiu fazer a matrícula, apesar de estar apenas no nono ano do ensino fundamental.

Ele diz que, apesar da trajetória precoce, aproveitou muito a infância. “Eu era um dos filhos que mais brincavam no jardim. E jogava muito futebol. Tem uma história engraçada. As lâmpadas eu quebrei todas, jogando bola. Não há uma lâmpada que tenha sobrevivido aos chutes”, lembrou, sorrindo.

E foi na infância que começou o interesse pela profissão. “Você vê o seu pai sendo advogado e aquilo parece legal. E ele, estrategicamente, só mostra a parte legal da profissão. Meu pai me levava para assistir a uma sustentação oral dele, ou então explicava o que era uma Constituição. Me levava para assistir a uma aula dele da faculdade. Então, tudo isso foi me convencendo que meu lugar era no Direito.”

Além disso, Mateus conta que o pai simulava um tribunal quando os filhos brigavam. “Era tudo muito organizado. Quem estava acusando se pronunciava primeiro, quem estava sendo acusado se manifestava em seguida. Isso faz com que as decisões sejam mais bem recebidas pelo filho. Eu acho. Porque ele entende melhor a justificativa do pai quando ele sofre uma punição, por exemplo, ainda mais se forem [punições] previsíveis”.

O jovem advogado relata ainda, que quando tinha apenas 9 anos considerou uma das “penas” desproporcional e, com a ajuda do irmão mais velho que já fazia o curso de Direito, apresentou seu primeiro habeas corpus diretamente ao pai, para ter direito a sair do quarto e assistir a um final de campeonato de futebol, já que a TV ficava na sala.

Após o mestrado em Harvard, seu projeto de vida é voltar ao Brasil para atuar como advogado, professor e no setor de livros. Quer focar em Direito Constitucional Comparado, fazendo a relação entre o direito americano, o internacional e o brasileiro.

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