Como chegou o patrimônio Aline Ramos, na década de 80?
São várias versões contadas mas com poder de conhecimento enriquecedor que já faz parte de nossa história da antiga salineira (Igoronhon), nos anos 80, vivido por outras gerações onde deixou uma memória viva para novas gerações em Tutóia. As versões colhidas algumas pessoas idosas, revelam que atualmente onde está a carcaça do Navio Aline Ramos, era local de residências de pescadores nativos da região que aos poucos foram tomados pelas forças da maré e obrigados a se mudarem para outros locais próximo a orla. Segue abaixo a memória
Por: Poeta Elmar Carvalho
Os que nasceram depois dos anos 80 estão longe de imaginar que aquela carcaça de navio encalhado na praia da barra em frente a Pousada Embarcação já foi atração turística que atraiu milhares de olhares curiosos para ver o exuberante cargueiro de bandeira brasileira batizado com o nome de Aline Ramos que encalhou na ponta da Ilha do Caju nas proximidades da entrada da barra do Carrapato exatamente no dia 16 de novembro de 1981 por volta das 19 horas e 40 minutos, conforme descrito no Processo nº 11.069 do Tribunal Marítimo e publicado no Anuário de Jurisprudência do mesmo tribunal .
Consta que o navio ficou encalhadona seguinte posição:Latitude: dois graus,quarenta e um minutos e três segundos ao Sul do Equador (02°41’03”S) e longitude quarenta e dois graus,doze minutos e trinta e seis segundos a Oeste do Meridiano de Greenwich (42°12’36”W)conforme citado nas folhas 66 do mesmo processo.
A tripulação do navio incluindo o comandante e imediato era composta por 17 pessoas assim distribuídas: 02 (dois) condutores motoristas, 02 (dois) moços de convés, 02 (dois) marinheiros de convés,01 (um) taifeiro, 01 moço-de-máquina,o radiotelegrafista, o eletricista, o chefe de máquinas, o segundo maquinista, 01 (um) mestre de pequena cabotagem, 01 (um) carvoeiro, o imediato, 01 (um) segundo piloto e o comandante, capitão-de-cabotagem.
Mas como o exuberante mercante brasileiro foi parar na praia da barra para se transformar num amontoado de ferro velho, numa carcaça corroída pelo sal e deteriorada pela ação do tempo? E por que o navio encalhou antes de chegar ao seu destino, o porto da Ilha do Igoronhon?
Nos autos do processo já citado no caput deste artigo, consta que o comandante da embarcação, capitão-de-cabotagem Ruy Edi Ribeiro Gomes era homem do mar com muita experiência e conhecia muito bem o canal, pois por diversas vezes já havia entrado no Porto de Tutóia.
Outro fato intrigante com relação ao Aline Ramos é que a embarcação dispunha a uma velocidade entre 09 a 10 nós, o que representa em média de 18 quilômetros por hora. No processo que foi aberto contra o comandante da embarcação e o seu imediato para apurar as causas do acidente, consta, também, que as condições de navegabilidade no momento eram boas, embora a noite estivesse escura.
No depoimento do imediato do Aline Ramos, sr. Nelson Ferreira Tenório, ele afirma que no momento do encalhe a embarcação estava navegando apenas com a agulha magnética e de sonda porque o radar “pifou poucos minutos antes do través de Canárias” ( SIC)e que apenas estes dois equipamentos não ofereciam condições adequadas para a navegabilidade com segurança, enquanto que a defesa do comandante insiste em afirmar que o que causou o encalhe foram a correnteza e os fortes ventos NE( ventos que sopram do Nordeste).
(*) Antonio Gallas é professor, poeta, jornalista e escritor. Membro da Academia de Ciências Artes e Letras de Tutóia – ACALT , do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Parnaíba – IHGGP e Secretário da Associação dos Comunicadores de Parnaíba – ASCOMPAR.
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