Bastidores da notícia
Sheherazade pensou que seria demitida; governo pressionou SBT
Rachel Sheherazade na redação de jornalismo do SBT; âncora do SBT Brasil pensou que seria demitida
Por DANIEL CASTRO e PAULO PACHECO, em 15/04/2014 · Atualizado às 12h44
A jornalista Rachel Sheherazade comentou com colegas do SBT, logo após reunião com a cúpula da emissora, ontem (14) à tarde, que pensou que seria demitida. A jornalistas do SBT Brasil, ela afirmou que "saiu barato" ter sido apenas censurada.
Logo após a reunião entre Sheherazade com José Roberto Maciel (vice-presidente do SBT) e Marcelo Parada (diretor de jornalismo), o SBT emitiu nota oficial comunicando que a jornalista e seu colega de bancada, Joseval Peixoto, não irão mais emitir opiniões pessoais nos telejornais da emissora. O SBT irá se manifestar apenas via editoriais, quando achar necessário.
Na nota, o SBT afirmou que Sheherazade e Peixoto não farão mais comentários para preservá-los "em razão do atual cenário criado recentemente", mas o Notícias da TV apurou que a medida foi tomada sob pressão do governo federal. Há duas semanas, Marcelo Parada se reuniu em Brasília com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann. Na ocasião, Traumann manifestou desconforto com os comentários de Sheherazade. O ministro controla as verbas do governo federal, que investe cerca de R$ 150 milhões em publicidade por ano no SBT.
Em entrevista ao Notícias da TV, ontem, por telefone, Rachel Sheherazade afirmou que não acredita que tenha sido vítima de censura e diz que continuará emitindo comentários por outros meios, como a internet. Mais tarde, por e-mail, a jornalista reforçou sua opinião: "Posso usar as redes sociais para continuar fazendo o que eu fazia no horário nobre: colocar o dedo na ferida. Quando e se a emissora quiser minhas opiniões, volto a falar".
O SBT não confirma que teve pressão do governo federal para cortar os comentários de Rachel Sheherazade. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não comentou.
Rachel Sheherazade não vai ter seu salário alterado com a proibição do SBT de emitir opiniões pessoais no telejornal SBT Brasil. De acordo com o colunista Thiago Prado, da revista Veja, a apresentadora continua recebendo o pagamento de R$ 90 mil mensais.
Segundo a publicação, a quantia é uma das mais altas pagas pela emissora de Silvio Santos. A mais alta pertence a Carlos Nascimento, que gira em torno de R$ 250 mil. Lembrando que o jornalista segue afastado de suas funções no canal para tratar de um câncer no intestino.
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