segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Cristiane Lôbo - PMDB caminha em outra direção a de se afastar do governo Dilma



Reunificação, a senha do PMDB


No momento em que a maior parte da bancada na Câmara se esforça para obter ministérios mais importantes no governo, já tendo garantido a Saúde, pasta cobiçada pelos políticos, a cúpula do . Isso ficou muito claro nos discursos durante a cerimônia de filiação de Marta Suplicy ao partido.

Em praticamente todos os discursos, houve a defesa da "reunificação do país". Não por acaso esta expressão foi usada, mas exatamente como resposta ao que consideram uma divisão do país provocada pelo discurso de Lula "nós contra eles", mas também porque foi a expressão usada por Michel Temer quando reconheceu a gravidade da situação econômica do país e pregou a necessidade de haver alguém ˜com capacidade para reunificar o país".

Na festa de filiação de Marta, no Teatro Tuca de São Paulo, muitos oradores falaram na capacidade de Temer para reunificar o Brasil. Publicamente, o discurso era conduzido para apontar para 2018, mas nos bastidores, os peemedebistas discutem a crise e as saídas para o país.

"Estamos no limite da dubiedade", disse um ex-ministro do PMDB, de uma ala mais moderada. Ele se referida ao tom dos discursos na filiação de Marta, enquanto o líder da bancada na Câmara, Leonardo Picciani, negocia cargos com o governo, ou seja, comprometendo ainda mais o partido com o governo Dilma Rousseff.

Foi por isso que Marta, conhecida por ser direta em suas falas, no discurso de chegada se deu o direito de dar um conselho a Picciani: "ouça os mais velhos", recomendou. Os mais velhos do PMDB estão se afastando e não querem mais estar amarrados ao governo Dilma. Leonardo Picciani foi à cerimônia de filiação de Marta, mas não ao almoço oferecido por ela aos caciques peemedebistas. Michel Temer também não foi ao almoço.

Outra diferença de tons foi possível notar nos discursos dos dois peemedebistas que presidem as Casas do Legislativo: o mais crítico foi o de Eduardo Cunha, que recomendou ao partido fazer como Marta, "largar o PT"; e o mais ameno foi o de Renan Calheiros, o único a não falar em reunificação do país. Renan preferiu afirmar que o PMDB é um partido que aceita divergências, inclusive em seu estatuto, e preferiu seguir o caminho de dize que o PMDB quer ajudar o Brasil.

Temer, o último a falar, o menor discurso da festa, disse que o PMDB aceita, sim, divergências, mas sabe convergir em torno dos interesses do país, num tom que permite muitas interpretações. "Há momentos que o PMDB converge: quando se trata do interesse do Brasil", disse.

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