terça-feira, 7 de março de 2017

Mulheres trabalham 7,5 horas a mais por semana que os homens, diz estudo

Levantamento do Ipea também mostra que o percentual de lares chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% em 20 anos. Renda de mulheres negras foi a que mais subiu no período.



Jornada semanal total chegou a 53,6 horas entre as mulheres em 2015 
As mulheres trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base nos dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Em 2015, a jornada total média das mulheres (que considera a soma do trabalho remunerado mais os afazeres domésticos) era de 53,6 horas semanais, enquanto a dos homens, de 46,1 horas.
 (Foto: Arte/G1) (Foto: Arte/G1)
(Foto: Arte/G1)

Trabalho doméstico e renda

Quanto a atividades não remuneradas, mais de 90% das mulheres declararam fazer atividades domésticas – proporção que se manteve quase inalterada em 20 anos, em torno de 50%. Quanto aos homens, a proporção dos que se ocupam destes afazeres passou de 46% para 53%.
Com base nestes dados, o Ipea conclui que não há sinais de uma nova divisão de tarefas entre homens e mulheres nos lares. “Quando analisado o número de horas semanais dedicadas a essas atividades, nos últimos vinte anos é possível perceber uma significativa redução na quantidade de horas dedicadas aos afazeres domésticos pelas mulheres (6 horas semanais), mas o tempo médio gasto pelos homens mantém-se estável”, afirma o estudo.
Quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção das que afirmaram realizar afazeres domésticos. Entre aquelas com renda de até um salário mínimo, 94% dedicavam-se ao trabalho doméstico, contra 79,5% entre as mulheres com renda superior a oito salários mínimos.
Os homens aparecem em situação inversa, segundo o Ipea. Os que recebem renda mais alta (de 5 a oito salários mínimos) são maioria entre os que declaram se ocupar com tarefas domésticas: 57%. Essa proporção cai para 49% entre os homens com renda mais baixa.

Disparidade de renda

O rendimento das mulheres negras foi o que mais se valorizou entre 1995 e 2015, em 80%, e o dos homens brancos foi o que menos cresceu (11%), diz o Ipea. Ainda assim, a escala de remuneração continua igual: homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras.
Ainda segundo o Ipea, também chama atenção a diferença da taxa de desocupação entre sexos. Em 2015, a feminina era de 11,6%, enquanto a dos homens atingiu 7,8%. No caso das mulheres negras, ela chegou a 13,3% (e 8,5% para homens negros).
 (Foto: Arte/G1) (Foto: Arte/G1)
(Foto: Arte/G1)

Mais mulheres entre chefes de família

Também subiu a proporção de lares brasileiros chefiados por mulheres, diz o Ipea. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Em 20 anos, esse número saltou para 40%. Segundo o estudo, as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas sem a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.
Os arranjos de tipos familiares também mudaram. Em 1995, o tipo mais tradicional era formado por um casal com filhos, em 58% das famílias. Já em 2015, esse percentual caiu para 42%, tendo aumentado de maneira significativa o número de domicílios com somente uma pessoa e também o percentual de casais sem filhos.

Renda das domésticas subiu

O estudo também destaca que a quantidade de trabalhadoras domésticas com até 29 anos de idade caiu mais de 30 pontos percentuais em 20 anos. Passou de 51,5% em 1995 para 16% em 2015.
Mas o emprego doméstico ainda era a ocupação de 18% das mulheres negras e de 10% das mulheres brancas em 2015, diz o Ipea. Já a renda das domésticas saltou 64% nesses 20 anos, atingindo o valor médio de R$ 739,00 em 2015, mas ainda abaixo do salário mínimo, que, à época, era de R$ 788,00.
Também aumentou o número de domésticas formalizadas. Em 1995, 17,8% tinham carteira. Já em 2015, a proporção chegou a 30,4%. Mas a análise dos dados da Pnad sinalizou uma tendência de aumento na quantidade de diaristas no país. Elas eram 18,3% da categoria em 1995 e chegaram a 31,7% em 2015.

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