Que Brasil é esse?
Um espectro ronda o Brasil
Abdon Marinho é advogado
CERTAMENTE ninguém duvida do monumental esquema de corrupção montado no Brasil nos últimos anos e que as revelações trazidas a lume pela Operação Lava Jato não são invenções da mídia.
Tampouco há alguma dúvida de que o estes esquemas de corrupção – pelo menos até onde se sabe –, são os maiores de todos os tempos em todo o mundo.
Ainda, segundo se sabe, o florescimento de tais esquemas só foi possível a partir do conluio entre agentes públicos e privados para desviarem os recursos da nação.
Obras e serviços superfaturados ou não executados rendiam propinas distribuídas entre aos sócios do poder mediante doação eleitorais (oficiais ou através de caixa 2) ou repasse em dinheiro aos políticos o que era feito através de dinheiro em espécie ou depósito em contas secretas em paraísos fiscais.
Outra forma de alcance foi a patrocinada por fundos pensão de servidores públicos ao adquirirem ou financiarem negócios criados unicamente para darem prejuízo ou, ainda, obras e negócios financiados no Brasil e no estrangeiro com recursos do BNDES, ou seja, em última análise, recursos públicos.
Temos por certo, também, que a partir de 2003 as quadrilhas especializadas em roubar dinheiro público se assenhoraram do poder e passaram a mandar efetivamente na máquina administrativa com este propósito. Isso já resta provado nos inúmeros processos concluídos na Justiça Federal e inquéritos em andamento na Polícia Federal.
A corrupção sempre existiu no Brasil. Acredita-se que desde que Cabral (não o Sérgio, o Pedro) aportou por aqui já foi imbuído do propósito de corromper, de fazer negócios ruinosos ao país em beneficio de alguns espertos.
Assim, não se pode atribuir aos governos petistas a “criação” da corrupção, mas por uma questão de honestidade, deve se reconhecer que nos treze anos de “mando” a corrupção mudou de patamar, passou a ser uma política de Estado com um duplo propósito: enricarem a si e seus diletos aliados e a se perpetuarem no poder.
Ao meu sentir, tais premissas não carecem de qualquer reparo.
Este é um filme de terror que vem sendo descortinado para o Brasil desde que o ano de 2005, com revelação do escândalo do “Mensalão”. E, quando pensávamos que já tínhamos visto o máximo em corrupção, eis que somos apresentados ao “Petrolão”, aos escândalos envolvendo os fundos pensão, o BNDES e tudo mais. Cabe registrar que há muito mais a ser exibia aos olhos da sociedade. Como por exemplo, o claro conluio entre os corruptos e aqueles que deveriam vigiar prevenir e julgar os ladrões.
Os prejuízos causados pela corrupção ao país, na casa dos bilhões de dólares, só na era petista, embora estimados, jamais serão efetivamente calculados e ressarcidos ao povo brasileiro. São bilhões e bilhões que “surrupiados” dos cofres públicos fizeram e fazem falta na educação, na saúde, na infraestrutura.
Feitas estas considerações, tento entender como o senhor Lula, segundo as últimas pesquisas de opinião pública, alcança a espantosa marca de trinta por cento nas intenções de votos para as eleições que acontecerão no próximo ano.
Fico a me perguntar: estas pessoas ignoram a corrupção apurada nos últimos anos? Acham que ela (a corrupção, o roubo) poderia ter ocorrido à revelia dos governantes? Acham que os governantes não sabiam de nada? Que eles não se beneficiaram ou se locupletaram dos desvios de recursos públicos? Acham normal que recursos públicos sejam desviados? Cínicos, acham que é assim mesmo, se um não rouba outro vem e faz isso, pelo menos quem roubou foram os petistas que “fizeram algo”? Aprovam a ideologia do roubo, aquela que permite o roubo dos recursos públicos em “nome da causa”?
Quando falamos em 30% (trinta por cento) de aprovação, estamos falando em mais de trinta milhões de eleitores.
São mais de trinta milhões de cidadãos que por algum motivo acham aceitável o roubo, a apropriação de recursos públicos e têm coragem de sair às ruas empunhando tal bandeira, sem qualquer constrangimento, sem qualquer pudor.
São pessoas esclarecidas, muitas com formação acima da média nacional, com mais de um curso superior, com mestrados, pós-graduações, doutorados e tudo mais que a academia proporciona. Estas pessoas, acham normal tudo que aconteceu no Brasil, assinam embaixo de cada roubo e chancelam a prática como avanço social? Ou, pior, são indiferentes a tais práticas?
Uma coisa, é o simplório, o desprovido de qualquer conhecimento, aquele que vota – na maioria das vezes –, motivado por um interesse premente, que vota com “a barriga”, como se costuma dizer. Outra coisa é a situação daquele “bem nascido”, esclarecido, formador de opinião. Este que tem consciência de toda a bandalheira que foi perpetrada contra a nação, sabedor que uma quadrilha – no pior sentido do termo –, se assenhorou do poder com o propósito de enricar a si e a uns apaniguados.
Estes são piores, são cúmplices.
E dirão: – mas, os outros também roubam, melhor este que já conhecemos.
Desgraçada nação! Que futuro é esse que terá o Brasil, em que as escolhas se dão entre os que roubam mais ou menos? Entre os que roubam para si e os que, supostamente, roubam e destinam parte do alcance para uma “causa”?
Desgraçada nação! Em que supostos intelectuais e formadores de opinião, acham normal e têm como aceitável, o roubo como estratégia de formação do Estado.
Eu os renego.
Aqui, por estas plagas – há muito esquecida por Deus –,vejo, com estupefação, a falta de constrangimento dos grupos políticos no trato da decência.
Ao que parece, como fizeram nas eleições anteriores, “brigarão” para contarem com o apoio do ex-presidente Lula – e mesmo da ex-presidente Dilma –, no pleito de 2018. Falam isso, até com certo orgulho, como se ignorassem os fatos que estão à vista de todos, e que muitos, com a inteligência que insinuam ter, não poderiam deixar de aquilatar.
Pois é, brigarão para contar com o apoio de quadrilhas em seus palanques. Dirão: – é só política. Como se o jogo do poder tudo comportasse.
Sinto que perderam a noção do que está em jogo. Ora, o que está em jogo é a própria nação. Só isso. Acham pouco?
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