quarta-feira, 23 de março de 2016

Dilma Rousseff deve sair às ruas para liderar campanha em defesa de seu mandato


POR PAINEL
Vem pra rua Ainda muito reclusa em seu gabinete, Dilma Rousseff deve sair do Palácio do Planalto para liderar uma campanha em defesa da legalidade de seu mandato. Pesquisas mostram que a petista precisa ir mais às ruas para, de um lado, fazer o embate político e, de outro, mostrar que há governo funcionando por meio de inaugurações e entrega de obras. As sondagens sinalizam que a população reage positivamente quando Dilma faz intervenções públicas.
Desabamento A Lava Jato atinge o seu ápice com a delação de Marcelo Odebrecht. “Não restará pedra sobre pedra”, diz um general da operação.
Tudo como antes Apesar de sugerir que o impeachment, sem base, cheira a golpe, Renan Calheiros continua fazendo, nos bastidores, a mesma avaliação dos últimos dias: “Não tem mais jeito”.
Típico dele Quem acompanha os passos do presidente do Senado diz que ele fez, faz e fará gestos ambíguos até o fim. Por puro instinto de sobrevivência, não quer ser confundido nem com o exército inimigo, nem com as tropas aliadas.
Homem ao mar Caso não consiga adiar a reunião do diretório do PMDB de março para a segunda semana de abril, a ala governista da sigla deve abandonar o barco de vez.
banheira
Só na banheira De um grande aliado do vice-presidente da República: “Michel Temer está igual ao Romário. Ele está jogando parado. Espera na área para fazer o gol”.
Reviravolta George Hilton foi avisado por Dilma que terá de deixar o comando do Ministério do Esporte. O secretário Ricardo Leyser deve assumir. Para manter o posto, Hilton se desfiliou do PRB, que rompeu com o governo.
Manobra Com a demissão de Hilton, Dilma tenta convencer pelo menos parte do PRB a voltar a apoiá-la. “Catando moedas como estamos, qualquer fatia de qualquer partido vale muito”, explica um palaciano.
Supersincero Dilma ouviu de um líder da base que o governo diminuiu de tamanho após a sequência dramática dos últimos dias: delação de Delcídio do Amaral, manifestações de 13 de março, grampos e nomeação de Lula.
Trio O deputado Andres Sanchez (PT-SP) afirmou, em 2012, à revista “Época” que só três pessoas “mexeram” na parte financeira do Itaquerão: ele, Lula e Emílio Odebrecht. Para a Lava jato, a obra foi viabilizada com o pagamento de propina.
É outro rolo Nos bastidores, executivos da Odebrecht dizem que o estádio foi uma das poucas obras que deu prejuízo. “Pode ter sido contribuição de campanha, mas propina, não. Temos problemas, mas não somos burros”, diz um funcionário.
Vem bomba? A alta cúpula da Caixa teme a eventual delação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente do banco. “Se ele, de fato, cobrou de empreiteiras do Porto Maravilha, projeto fácil de defender tecnicamente, o que não fez em outros casos?”, indaga um servidor.
Tentando saber Em dezembro, quando surgiram as primeiras denúncias sobre Fábio Cleto, a Caixa iniciou uma investigação interna. Cleto é apontado como aliado de Eduardo Cunha.
Lembram de mim? O Solidariedade lançará Major Olímpio como candidato à Prefeitura de São Paulo. O deputado federal teve seus 15 minutos de fama ao protestar contra Dilma durante a posse de Lula — e acabar levando um tapa de uma servidora.
Perseguição Major Olimpio, aliás, tem feito campana na entrada do hotel em que Lula se hospeda e onde também costuma ficar quando está em Brasília. Diz que quer um cara a cara com o ex-presidente.
Mais mudanças Além de Edson Aparecido, titular da Casa Civil, outros três secretários de Geraldo Alckmin deixarão o posto em breve: Jean Madeira (Esporte),
Roberto de Lucena (Turismo) e Duarte Nogueira (Logística e Transportes).


TIROTEIO
Ao nomear o ex-presidente Lula para ministro, Dilma confirma a máxima policial: todo criminoso volta ao local do crime.
DO DEPUTADO PAULINHO DA FORÇA (SD-SP), sobre a decisão de Dilma Rousseff de nomear o antecessor, alvo da Lava Jato, como chefe da Casa Civil.

CONTRAPONTO
Cheio de causos
Em fevereiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) discursava durante a posse do novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Mário Ferraz.
O tucano falava da importância da Justiça Eleitoral, que foi fundamental para acabar com o chamado “voto de cabresto”, a partir da década de 1930.
— Os coronéis locais entregavam a cédula já preenchida para o eleitor depositar na urna. Um dia, ao receber a cédula, um senhorzinho indagou: “Coronel, posso saber em quem eu vou votar?” — contou Alckmin.
E seguiu o “causo”:
— O coronel respondeu: “Isso, não! O voto é secreto.”

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