No primeiro balanço feito após o início da tramitação do processo de impeachment, o governo avalia que a maioria de que dispõe atualmente na Câmara é muito apertada – pouco mais de 172 votos, o mínimo necessário para barrar o afastamento da presidente Dilma Rousseff. 

E mais: o número hoje é menor do que há alguns dias, o que indica que a situação política está piorando para ela nas últimas semanas. Ou seja, o apoio na Câmara está em trajetória descendente.

Por isso, a partir de agora, o governo vai agir em duas frentes: na política e na jurídica. Na política, a presidente se reuniu nesta manhã com ministros políticos para cobrar de cada um deles apoio de suas respectivas bancadas para impedir que prospere o pedido de impeachment na Câmara. 

A presidente está conversando com um a um dos ministros filiados a partidos.
   
Por outro lado, o governo quer apoio de juristas para fortalecer a tese de que ela tem legitimidade para permanecer no cargo e também nas ações relativas à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o ministério.

Está prevista para esta terça-feira (22), às 11h, no Palácio do Planalto, uma cerimônia com juristas denominada "Encontro pela legalidade e em defesa da democracia".  

Dilma quer receber apoio de juristas à compreensão do governo de que o juiz Sérgio Moro não poderia ter divulgado os áudios das conversas que ela participou com Lula, este o alvo da investigação. 

O governo está se esforçando para melhorar sua articulação política, com a ajuda de Lula, pois há no Planalto o temor de uma semana com tantos fatos negativos como na semana passada. 

Mas, ao final, acreditam assessores, as manifestações pró-governo na sexta-feira, embora bem menores que as pelo impeachment, acabaram gerando uma narrativa a favor do governo – é o discurso em favor da democracia.

Cristiana Lôbo