Juiz da Lava Jato defendeu restrição de foro privilegiado para chefe dos Três Poderes
Apesar da notoriedade e da exposição midiática em mais de dois anos de Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos em primeira instância, disse, em entrevista à edição deste fim de semana do jornal O Estado de S.Paulo, que "jamais" seria candidato a um cargo eletivo ou entraria para a política. "Não existe jamais esse risco", garantiu.
"Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política. Acho que a política é uma atividade importante, não tem nenhum demérito, muito pelo contrário, existe muito mérito em quem atua na política, mas eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco", disse Moro, acrescentando que o culto de sua figura pública é passageiro. "O apoio da opinião pública, realmente, tem sido essencial nesse caso. Mas tudo é passageiro, não é? Tem um velho ditado do latim que diz sic transit gloria mundi, basicamente “a glória mundana é passageira”.
Na entrevista, Sérgio Moro questionou o foro privilegiado para todas as autoridades políticas e a capacidade do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar todos os casos da Lava Jato envolvendo esses investigados. Segundo o juiz, quando se cogitou foro privilegiado, não se imaginava que iriam ter tantas investigações e tantas ações penais contra detentores de foro perante o STF.
"Tem o Supremo condições de enfrentar toda essa gama de casos? Há uma série de dúvidas. Não que o Supremo não seja eficiente, mas é um número limitado de juízes e é uma estrutura mais limitada para comportar tantos casos. O Supremo não tem só esse trabalho à frente, tem todos casos constitucionais relevantes e não pode se transformar, simplesmente, numa Corte criminal. Na minha opinião, o ideal seria realmente restringir o foro privilegiado, limitar a um número menor de autoridades, quem sabe, os presidentes dos três Poderes. E retirar esse privilégio, essa prerrogativa, de um bom número de autoridades hoje contempladas. Acho que seria a melhor solução", argumentou o juiz.
G1 Notícias
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