Por Abdon Marinho
O MARANHÃO foi destaque, mais uma vez, em matéria de rede nacional sobre educação. Desta vez, a falta de estrutura e alimentação escolar no Município de Barreirinhas. Antes, ainda no mesmo mês foi a angustiante situação das escolas na capital do estado com destaque para o risco da travessia das crianças na Ilha de Tauá-Mirim. No mês anterior, foi caos educacional no Município de Bom Jardim, já retratado noutras oportunidades.
Ainda que puxemos pela memória, teremos dificuldades para lembrar alguma noticia positiva no que refere a educação. Logo ela, a base todo o desenvolvimento de um país.
Agora mesmo de norte a sul do país, o que temos são escolas paralisadas, sem aulas, sendo depredadas, sendo ocupadas pelas mais diversas pautas. Umas razoáveis, outras nem tanto. O certo é que ano após ano, certo, como a passagem dos dias, é que a educação sofrerá uma ou mais paralizações.
Virou moda. Qualquer grupo que discorde disso ou daquilo se acha no direito de ocupar os prédios públicos, de impedir os querem trabalhar, de fazê-lo, de impedir os estudantes que querem estudar, de aprender.
Confesso que fico incomodado com isso. Não que ache que os professores não mereçam ganhar mais, terem mais e melhores condições de trabalho, segurança, serem reconhecidos como devem e tudo mais. Têm o direito, são merecedores.
Discordo do método de protesto. Não é impedindo os alunos de estudarem que vamos melhorar este país. Ocupações, greves, não podem e não devem ser as primeiras instâncias de negociação, os primeiros métodos de convencimento.
Na tragédia brasileira chamada educação, acrescentou-se mais um ingrediente: milhares de estudantes que chamaram para si a responsabilidade de protestarem e ocuparem escolas e outros prédios públicos.
Repito o que disse anteriormente: não é que ache que não têm o direito de protestarem, de serem ativistas, de buscarem melhores condições de ensino.
O que acho é que essa não deve ser pauta de crianças e adolescentes em formação. Sua pauta é estudar, desenvolverem plenamente suas capacidades intelectuais para serem produtivos no futuro, cidadãos de bem, trabalhadores capazes de enfrentar as dificuldades da vida.
A verificação das boas condições de ensino e estrutural das escolas deve ser dos pais, dos órgãos de controle, como Ministério Público, Tribunais de Contas, casas legislativas. Este é o papel destes órgãos, dos seus integrantes, que são regiamente pagos para isso.
Como há uma omissão criminosa e generalizada, temos crianças e adolescentes que deveriam está estudando, praticando esportes ou artes, ocupados defendendo seus interesses por uma educação melhor, por escolas mais estruturadas e até por merenda escolar.
Será que os promotores das varas especializadas, não poderiam fazer isso? Será que vereadores ou deputados não poderiam fazer isso? Será que auditores dos órgãos de controle não poderiam fazer isso? Por que não fazem? Por qual razão os órgãos de controle só se manifestam quando o problema vira manchete?
A omissão tem gerado um excesso de ativismos estudantil que não é saudável para a educação. Primeiro, por que os estudantes estão estudando cada vez menos enquanto se ocupam de outras pautas; segundo, porque não é adequado para jovens em formação este tipo de responsabilidade.
Os que defendem esse tipo de ativismo, até para fugirem das responsabilidades, como cidadãos, me perdoem, mas estão ajudando a destruir a educação brasileira.
Alguém faz ideia de quantos dias letivos a rede pública já teve este ano? Quantas horas/aulas os estudantes estudaram? Certamente, bem menos que deveriam. Agora mesmo, milhares de escolas estão fechadas ou ocupadas e os seus usuários estão sem aulas, sem trabalhar. Quando retornarem já não terão o mesmo ritmo, terão que correr para cumprir o calendário, terão atenção desviada por festejos juninos, por olimpíadas, por eleições. Quando se derem conta já chegou a hora de fazer o ENEM.
Aqui, na capital do Maranhão, a greve, que se tornou uma rotina anual, causa um prejuízo a educação de milhares de crianças e adolescentes (quase 80 mil, se não me falha a memória), a pauta é a mesma de 30 anos, melhores condições de trabalho, melhores salários. Não duvido que estejam certos, as escolas, conforme sabemos, estão caindo aos pedaços, seja pela má conservação, seja pelo vandalismo puro e simples, os professores ainda hoje se valem dos mesmos instrumentos: cuspe, giz e quadro negro. Apesar disso, na hora que acenarem com melhoria no salário, a greve finda. Então, deduzo, a greve é por salário.
Aí, temos um problema sério. As receitas municipais passam por um dos piores momentos o que nos leva a pensar: ainda que a pauta salarial dos mestres seja justa, e não duvido disso, tem que caber dentro de uma receita já bastante comprometida. Há, assim, a necessidade de verificar o binômio necessidade/possiblidade. A necessidade dos mestres a possibilidade do município.
Alguém fez tal verificação antes de iniciarem o movimento paredista? O município exibiu, com transparência, suas contas? O sindicato se preocupou em saber? Alguém se dá conta que estão lidando com a vida de milhares de estudantes?
Como poderão se sair bem se a essa altura do ano poucas aulas tiveram (como no ano passado, como no anterior, como …), se muitas escolas nem abriram as portas ainda?
O certo é que, aos poucos, o país vai ficando para trás. Pesquisa recente revela que os nossos melhores alunos se comparam aos medianos de outros países e, apenas 5% (cinco por cento) dos nossos melhores, estariam em pé de igualdade com os melhores das demais nações.
O futuro do Brasil está sendo comprometido por uma tragédia anunciada há anos. Ninguém parece perceber isso. Chegamos ao ponto de achar positivo um exacerbo de ativismos juvenil, quando, pelo contrário, tais jovens deveriam se ocupar dos estudos.
Vejo poucas iniciativas para tirar o educação da caótica situação em se encontra. Destaco a iniciativa do governo do estado em criar o Programa Escola Digna, que tem como finalidade melhorar a estrutura física das escolas – mas que não temos conhecimento a fase em que se encontra.
Outro estado que tem se destacado é o Piauí. Mas esse é um trabalho que vem de anos.
No âmbito dos municípios maranhenses, ao menos os que conheço – e devem existir outros, tenho certeza que existem – merece destaque o trabalho de Timon e Morros – que detalharei noutra oportunidade.
No geral, a situação da educação brasileira é de catástrofe, de tal sorte que, quando encontrarmos um aluno de escola pública – ou mesmo privada –, se destacando nos grandes centros do conhecimento; quando vermos um destes jovens passando em diversas faculdades, aqui e no exterior, devemos pedir autógrafo, pois estamos diante de talentos natos, pessoas acima da média intelectual do país.
Em meio a essa trágica situação, chega a ser risível que tantas pessoas, inclusive supostos intelectuais brasileiros, tenham se ocupado de polemizar pelo fato do ministro da educação ter recebido um ator que no passado foi protagonista de filmes pornográficos. Não sei sei se a polêmica se deu por idiotia ou preconceito.
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