segunda-feira, 22 de maio de 2017

Perita confirma que áudio não condena Presidente Temer

Contratado por Temer, Molina diz que áudio não pode ser usado como prova

Folha.com

Rivaldo Gomes 
SAO PAULO, SP, BRASIL, 18-2-2013 - JULGAMENTO DE GIL RUGAI - 10:34:05 - Acusado de matar o pai e madrasta, o estudante e ex-seminarista Gil Rugai chegou por volta das 10h desta segunda-feira (18) ao Forum da Barra Funda, na zona oeste, para o primeiro dia do jure popular. O perito Ricardo Molina (gravata vermelha) chega ao forum com sua equipe (Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress, NAS RUAS) ***EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Ricardo Molina, perito que analisou os áudios de Temer a pedido da defesa do presidente
DE BRASÍLIA
Contratado pela defesa de Michel Temer, o perito Ricardo Molina disse nesta segunda-feira (22) que a PGR (Procuradoria-Geral da República) é “ingênua” e “incompetente” ao utilizar a gravação de uma conversa entre Joesley Batista com o presidente como prova para abrir um inquérito contra o peemedebista.
Segundo o perito, o gravador usado pelo empresário da JBS é “vagabundo” e “não é possível” garantir que a gravação seja “autêntica”, portanto, argumenta Molina, o áudio não pode ser utilizado como prova judicial.
“O que tem no laudo [da PGR sobre a gravação] é coisa de gente que não sabe mexer em áudio”, disse o perito. “Não vou citar nomes, mas conheço quem assina [o documento da PGR] e, se colocarem eles aqui na minha frente, vão começar a gaguejar”.
No documento apresentado pela PGR é dito que a gravação foi analisada de forma “preliminar, submetido a oitiva sob a perspectiva exclusiva de percepção humana”. “Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi verificar se os diálogos existentes nos áudios estão inteligíveis e, se numa análise meramente perfunctória, os arquivos possuem ou não características iniciais de confiabilidade”.
Durante apresentação de seu laudo, em coletiva à imprensa em Brasília, Ricardo Molina disse que o áudio está “contaminado por inúmeras descontinuidades”, com diversos pontos “inaudíveis” e de “possível edição”, o que, para ele, seriam “suficientes” para “jogar a gravação no lixo”.
O perito, no entanto, não é assertivo ao responder se há ou não edição no áudio. “Existem dezenas de pontos de descontinuidade” nos quais “se poderia fazer cortes sem deixar vestígios”, explica.
Perguntado diversas vezes por jornalistas se não era possível ser definitivo sobre o tema, o perito concluiu: “Se você está me colocando na parede, eu diria que sim, que houve edição”.
No inquérito de Temer, aberto pelo ministro Edson Fachin, a PGR aponta suspeita de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça. O áudio gravado por Joesley é um dos elementos da investigação.
Além da gravação da conversa, a PGR lista, por exemplo, outras suspeitas contra Temer, como o recebimento de R$ 500 mil pelo deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aliado do presidente da República.
EDIÇÃO
Apesar de a possível edição ter sido o ponto de partida, segundo o advogado de Temer, Gustavo Guedes, Molina disse que ela é “de importância secundária”.
“A gravação foi realizada em 4 bits, o que é bastante estranho porque são raros os gravadores que usam isso. Causa estranheza uma gravação de tal importância tenha sido feita com uma gravador vagabundo, que custa R$ 26 no Mercado Livre”, disse.
O perito fez outras provocações à PGR e perguntou por que o órgão “se apressou tanto em tornar pública uma gravação nitidamente corrompida antes de a submeter a uma perícia?”. E continuou ao dizer que a gravação não é original e que a PGR deveria ter pedido o áudio autêntico desde o início. “Por que só agora?”.
“Se essa gravação não tivesse problemas, não estaríamos discutindo. Se fosse contínua do começo ao fim, não criaria esse tipo de discussão. Essa gravação tem problemas detectados até por leigos”, disse Molina.
O perito Ricardo Molina foi contratado pela TV Globo na campanha presidencial de 2010 para produzir laudo sobre vídeo com suposto ataque sofrido pelo então candidato tucano, José Serra, durante uma caminhada eleitoral.
Em 2015, o jornal “O Globo” contratou os serviços de Molina para avaliar um áudio divulgado pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), em que supostos policiais falavam de armação para incriminar o político, hoje preso em Curitiba

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