MORTOS E DESIGUAIS
Por João Melo e Sousa Bentivi
Não há dúvida que o Brasil está em ebulição, as notícias envelhecem rápido, os ânimos se exaltam e, cada vez mais, nos afastamos da paz, da harmonia e da concórdia.
A execução da vereadora carioca Marielle Franco foi uma bomba de capacidade inigualável, de tal maneira que ecoou em todos os rincões, incluindo a ONU e o Vaticano. Sua vida e sua história, de repente, fizeram-na uma heroína e, a bem da verdade, era um cadáver que agradou a muitos.
Agradou a muitos? Algum inocente perplexo poderia questionar. Explico. Ninguém, com um mínimo de consciência cristã, política, ética e democrática ficaria inerte com uma execução tal como feita. Cruel.
Bandidos da pior espécie e sem nenhuma estirpe, autores desse homicídio, deverão ser presos e pagar por tamanha crueldade. Creio que serão presos, sim.
A partir daí, o que se viu foi uma desfaçatez generalizada, principalmente por essa esquerda maldosa e desqualificada. A construção da tal “narrativa”, a mesma que diz ter havido um golpe contra Dylma. Toda narrativa da esquerda tem uma característica: é mentirosa. Repito, se a narrativa vem da esquerda, vem mentira, pelo menos. E coisas piores ainda.
A morte da vereadora é grave e deve ser repudiada, mas não é mais meritória que a morte daquela outra professora, da creche, que morreu em chamas para salvar várias crianças. Vamos parabenizar a ONU pelo gesto em favor da vereadora carioca, mas devemos pedir para a ONU recordar e se solidarizar com a querida professora, da creche, que morreu em chamas.
Os discursos são interessantes e apontam os mesmos qualitativos alvos: ser da favela, negra, mulher e LGBT. Nenhuma crítica a nenhuma dessas características, entretanto, para mim, todas essas características que estão sendo louvadas em verdadeiras ladainhas estão abaixo, no meu raciocínio, da maior qualidade da vereadora assassinada: ERA UM SER HUMANO.
Esquerda hipócrita, deixe esse discurso de ódio e olhem para o que mais importa: O SER HUMANO.
Caso a vereadora fosse loura, nascida no Leblon, filiada ao DEM e heterossexual convicta teríamos essa louvação em exéquias?
Na Linha Vermelha, há algum tempo, a senhora Gisele Palhares Gouveia, 34 anos, médica, foi assassinada com dois tiros na cabeça, em uma tentativa de assalto. A repercussão foi nada, foi zero. A razão da não importância desse homicídio é óbvia: não era negra, não era pobre (a vereadora também não era), não era feminista, não era militante de esquerda, não era dos quadros LGBT, tampouco do MST, MTST, CUT, PSOL, PC do B, PT ou qualquer coisa semelhante e não participou da política de cotas.
Era um “joão ninguém” ideológico, aliás, uma “joana ninguém”.
Somente no Maranhão, tivemos, nos últimos tempos, três homicídios de vereadores: Kedson Rodrigues (PPS), de Governador Nunes Freire; Miguel Sampaio Soares (PC do B), de Anajatuba e Jorge Cunha (PROS), de Apicum-Açu. Nenhum discurso, nenhuma nota e nenhuma vela.
Do outro lado, os desqualificados da direita também primam pelo desatino. Fakes e mais fakes ofensivos a veradora e a sua família enlutada. É como se fosse um segundo homicídio, na mesma pessoa. Espero que a Justiça faça o óbvio e responsabilize esses vagabundos
Sonho que um dia isso mudará. Que a nossa solidariedade não veja cores, mas veja a essência, que não veja o credo que professo e veja o homem que somos, acima dos credos, que as ideologias, que já mataram milhares e milhões de pessoas, sejam somente motivos para discussões acadêmicas.
Repouse, em paz, vereadora Marielle Franco, assim como repouse, em paz, a doutora Gisele Palhares Gouveia e os edis maranhenses.
Um detalhe. Nos funerais da vereadora, a esquerda ignara apontou a origem do crime: a Polícia Militar. Ou seja, sem nenhuma apuração, sem nenhum critério que não seja a irresponsabilidade, pediam o fim da Polícia Militar. Só se acredita nessa postura por ser verdadeira e está documentada.
Temos dezenas, centenas e milhares de executados sem nenhuma solidariedade. Para a esquerda e esquerdopatas não tinham as qualidades intrínsecas e extrínsecas da vereadora carioca: ERAM SOMENTE SERES HUMANOS. Nada mais.
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