História Tutóia
Conta o padre Jocy Neves que, a pedido de sua avó Maria José Gallas Almeida Neves - Zuzu Naves, foi vendido o piano da filha mais velha dela, a Noemésia. Piano Pleyel, de ébano, de uma sonoridade encantadora. O piano deu nova vida ao Chalet. O piano era a base de todas as reuniões, festas, novenários, animações que ali se realizavam. Quase todos os trezes filhos e inúmeros netos executaram as mais diferentes notas religiosas e pagãs no piano. Conta a lenda que o coronel Paulino Gomes Neves era músico, excelente violonista. Foi ao som de um violão que ele, na juvenília, conquistou o coração da amada Maria José Galas Almeida Neves - Zuza Neves. Não sem a ajuda de Nossa Senhora da Conceição, para quem suplicou diversas vezes que o ajudasse a levá-la ao altar. A santa o ouviu e o sonho realizou-se.
Quando da transferência de Tutóia Velha para o Porto de Salinas (Lei nº 297, de 16 de abril de 1901, de autoria do deputado Franklin Véras), havia uma capela simples, com fachada principal sem torre sineira, com dois pináculos laterais, três portas e três vasaduras, contendo na vasadura central uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira, desbotada pelo tempo. O dia é 7 de setembro, mas os festejos começam no começo do mês e findam no dia 8.
Muito religiosa, Maria José Gallas Almeida Neves – Zuza Neves pediu ao marido que ele desse, à Nossa Senhora de Nazaré, um templo mais digno, assim como ele tanto ajudara na construção da igreja de Tutóia Velha. Queria, aqui, ela, sinos de badaladas fortes, para serem ouvidas por todos os fiéis, inclusive na Tutóia Velha. Foi aí que entrou a história da venda do piano da Noemésia. Tenham calma…
Breve resumo da construção da igreja Matriz:
Em 1905 chegou, de Portugal, a imagem zerinha de Nossa Senhora de Nazaré, que fora encomendada por Paulino Gomes Neves. Este, não perdeu tempo, tratou de arrecadar recursos financeiros para a construção da igreja. O rico comerciante e líder político - deputado estadual pelo Maranhão Franklin Gomes Véras deu substancial ajuda financeira. Outros comerciantes também deram a sua parte. O coronel Paulino Gomes Neves também doou valor considerado.
Logo foram comprados os tijolos, que vieram de barcos da Parnaíba. Paulino Gomes Neves fez um mutirão de pessoas, em fila indiana, tirando os tijolos dos barcos e passavam de um por um até chegar no local da igreja. As crianças da família Neves participaram, simbolicamente, da construção levando, cada, um tijolo enrolado em papel de presente.
O dinheiro arrecadado com a venda do piano da Noemésia foi empregado na compra dos sinos da igreja Matriz. Sinos de bronze, vistosos, de carrilhões, sons fortes. As badaladas, contam os troncos velhos, eram ouvidos em Tutóia Nova. Bem, mas vamos à construção da igreja, primeiro.
Em 1908, na administração do intendente Antônio de Almeida Gallas foi iniciada a fundação da Igreja.
Em 1932, os trabalhos foram intensificados com a chegada do padre Gentil de Moura Viana, que contou com apoio do prefeito Celso Gomes da Fonseca.
Em setembro de 1937, assumiu o padre Delfino da Silva Júnior, que ficou até fevereiro de 1938. As obras continuaram as obras.
Em 1938, temos a presença, também, do padre Adherbal Gomes de Castro, que deu, também, colaboração nas obras da igreja.
Em 1939, o recém-ordenado padre Pedro Ribeiro Santos, de tradicional família de Brejo dos Anapurus, assumiu com a missão de deixar a igreja em condições de receber, a 8 de dezembro daquele ano, a cerimônia de ordenação do padre Jocy Neves Rodrigues, filho de Tutóia, e neto do casal Paulino Gomes Neto e Maria José Almeida Gallas Neves. A igreja estava sem teto, mas, contando com a colaboração dos pescadores, que cederam as velas das canoas, a cobertura se fez e tudo correu bem.
Em 1942, na gestão do padre Pedro Ribeiro Santos, foram concluídas as obras da nova igreja, uma das mais bonitas da região.
Com a igreja Matriz aberta ao público, os sons do piano passaram a repicar nos sinos, para lembrança e deleite dos fiéis.
Passados bons tempos, um dos sinos rachou. Comoção na cidade. Mas, o pior viria. Os sinos foram roubados. Os troncos velhos sabem o nome do ladrão, mas ficam na omissão. Um, finalmente, pedindo para ficar no anonimato, me passou, num papelzinho todo enrolado, o nome do meliante. Ainda não abri o papelzinho. Fiquem de tocaia, logo revelo o nome dele. Com fé, esperança e amor.
TEXTO: Kenard kruel, 02.11.2021, postado em seu perfil no Facebook
Comentários na rede social Facebook:
Eu lembro do piano que tinha na Igreja Matriz, eu era criança, mas nunca esqueci daquele piano que uma senhora tocava com uma suave tons. Não sei para onde foi. Também a questão do sino que roubaram, mas na gestão do Padre Chagas tinha um sino rachado no salão paroquial que era inclusive da Igreja Matriz. Hoje em dia também não sei o seu destino. Mas hoje queremos reformar essa nossa Igreja. Que. Poder divulgar a Reforma que estamos tentando fazer, mas falta muito recurso financeiro. O Projeto da reforma está muito lindo. Vamos divulgar a reforma da Igreja para que venha mais ajuda dos amigos e filhos de TUTÓIA. Parabéns kenard Kruel Fagundes pela linda história. Voltei quando eu era criança. Fico feliz pela história.
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