‘Moro é agente catalisador do campo de centro e vai jogar junto’, diz presidente do PSDB
Com a retomada das prévias tucanas neste sábado, 27, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, avalia que o candidato escolhido pelo partido será competitivo na disputa pelo Palácio do Planalto e não enxerga o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro como rival. Na avaliação de Araújo, o novo político do Podemos é alguém que vai “jogar junto”.
“Moro é visto como um agente catalisador do campo do centro, e não como adversário. Ele é visto como um protagonista que vai jogar junto para permitir que haja um segundo turno diferente dessa polarização”, disse Araújo, numa referência às pesquisas que indicam o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como os dois polos da corrida de 2022.
Araújo não mencionou, no entanto, se poderia haver uma dobradinha do PSDB com Moro e quem, nesse caso, lideraria a chapa na corrida ao Planalto. As eleições internas que vão indicar, com voto dos filiados, o nome preferido pelos tucanos para concorrer à Presidência são disputadas pelos governadores João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e pelo ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. As prévias foram interrompidas no domingo passado, 21, após um problema no aplicativo de votação. Tanto a equipe de Doria como a de Leite cantam vitória.
Depois de um desempenho pífio do PSDB em 2018, quando o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin obteve menos de 5% dos votos na eleição presidencial, Araújo diz haver tempo suficiente para a candidatura tucana decolar e chegar ao segundo turno. “Em 2022, nosso desempenho vai ser justamente o contrário do que houve em 2018”, afirmou ele.
O PSDB não demorou demais para colocar o bloco na rua com sua candidatura ?
Sobre pôr o bloco na rua, primeiro digo que Bolsonaro e Lula já são candidatos desde que começou o mandato. Bloco na rua posto é o do PSDB, que em abril convocou prévias. Fora a exposição do presidente da República, nenhum candidato tem tido o grau de exposição ou feito campanha como os três candidatos do PSDB. E, de modo especial, os dois governadores que têm um grau de visibilidade maior, como é o caso de João Doria e Eduardo Leite. Agora, o escolhido vai ter de demonstrar capacidade pessoal de liderança, vocação de aglutinação, fazer os primeiros movimentos de construção de unidade interna. E, à sua maneira, começar a dialogar agora com os demais protagonistas.
Existem dúvidas no meio político se uma candidatura tucana terá musculatura suficiente para decolar. Como o senhor vê esse ceticismo?
Quais são as três características mais importantes da definição de um candidato pelas prévias? Uma é o pioneirismo de fazer um evento que legitime, de forma tão poderosa, como não tínhamos experimentado em nenhum partido até agora. Dois é a possibilidade de termos a forma mais igualitária de buscar esse voto interno, com todos os desafios e problemas que estamos experimentando em termos de tecnologia. E três é ter feito (as prévias) com antecedência de um ano do processo eleitoral. Então, um ano é um tempo calibrado para permitir que o candidato não se exponha à chuva e ao sol de forma demasiada e suficiente para chegar com as costuras e a exposição necessárias. Agora, precisamos de tempo para entender até maio, junho do ano que vem, como todo o quadro se consolida. É importante entender que, na tradição do eleitorado, um candidato que nunca disputou uma eleição nacional só vai atingir conhecimento faltando 15 dias para as eleições.
Não existe risco de o PSDB repetir 2018, quando houve a expectativa de que Alckmin ia decolar em algum momento e esse momento não chegou?
Em 2022 vai ser justamente o contrário. Nós temos números muito parecidos entre os candidatos do campo do centro e a confiança de que, mais perto da eleição, haverá a migração do voto útil para uma candidatura do PSDB ter a possibilidade de vencer contra quem for para o segundo turno.
A candidatura de Sérgio Moro preocupa o PSDB?
Acho que a candidatura do Moro tem um papel muito importante nesse papel de discussão e construção. Moro é visto como um agente catalisador do campo do centro, e não como adversário. Ele é visto como um protagonista que vai jogar junto para permitir que haja um segundo turno diferente dessa polarização. Estadão