Novo Ensino Médio: o que você precisa saber sobre a implementação
Entenda o momento de cada rede estadual, quais são as principais mudanças trazidas pela reforma e pela BNCC e saiba o que esperar de 2022
Com a pandemia do coronavírus, a implementação do Novo Ensino Médio acabou competindo com agendas mais urgentes, como o replanejamento para as aulas remotas. Mas, mesmo com os imprevistos do último ano, 2021 promete implementar mudanças nas escolas de Ensino Médio. Oito estados planejam buscar a implementação de todas as escolas neste ano. Enquanto outros, estão dando início à reforma com escolas-piloto (veja no infográfico abaixo como está a implementação em todo o Brasil). É o caso do professor Adriano Salvi, da Escola Estadual Elfrida Cristino da Silva, em Itajaí (SC), que entrou no modelo ainda em 2020. “Justo no primeiro ano, quando começamos a testar o novo formato, veio a pandemia. Alguns pontos conseguimos desenvolver, mas competência de colaboração, por exemplo, fica mais difícil a distância”, diz.
O que muda com o Novo Ensino Médio?
Segundo a especialista em Ensino Médio Bruna Caruso, entender como acontecerá o trabalho por área do conhecimento está entre as principais dúvidas dos docentes sobre as mudanças que acontecerão na reforma do Ensino Médio. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) desta etapa de ensino também foi organizada por áreas do conhecimento, o que traz uma “necessidade de olhar para o ensino de uma maneira menos fragmentada e abre a oportunidade para uma integração curricular”, explica Bruna.
Como isso se dará na prática, deve variar de estado para estado. Em São Paulo, cada professor vai continuar tendo seu componente curricular, mas a organização do material didático será por área de conhecimento. “O professor de Física, por exemplo, vai dar uma sequência didática dentro de um material que divide com Química”, exemplifica a especialista.I
Outra novidade para fazer a escola mais conectada com a realidade do aluno, é que o Novo Ensino Médio traz a criação do projeto de vida e o foco no protagonismo do aluno. Alguns estados pretendem adotar o projeto de vida como componente curricular, mas é essencial que, independente da opção da escolha, ele seja apresentado de forma transversal no dia a dia, trazendo assim uma mudança estrutural para a escola com foco em criar uma trajetória para os jovens além da escola.
O incentivo ao protagonismo se mostra também na escolha dos itinerários formativos do Novo Ensino Médio. “Temos aí o desafio de preparar os alunos para fazerem suas escolhas e também preparar os professores para essa mediação”, diz Bruna. Para Adriano, professor na área de Linguagens, essas são boas mudanças que o documento traz. “Antes a gente não discutia questões relacionadas a socioemocionais e agora podemos trabalhar com os sonhos dos alunos”, pontua.
Como está a implementação do Novo Ensino Médio no Brasil?
“É uma implementação que está se dando de forma gradual. Ou seja, algumas redes têm escolhido começar pelo 1º ano do Ensino Médio, outras por escolas-piloto, por exemplo, com os três anos da etapa de ensino”, explica Bruna. Em São Paulo, por exemplo, todos os alunos do 1º ano, em 2021, ingressarão dentro do novo modelo. Apesar do atraso de alguns estados, sabe-se que todos os estados que ainda não entregaram seus currículos, pretendiam terminar a escrita até março de 2021.
Modelo A: o estudante opta por um itinerário com conteúdos pré-definidos pela escola ou rede. “É uma trilha mais fechada, porque ele pode escolher o itinerário de Matemática, por exemplo, e vai fazer diversos componentes curriculares desta trilha”, explica Bruna. O aluno não tem tanta flexibilidade, mas tem a opção de migrar para outro itinerário ao longo do Ensino Médio, caso deseje.
Modelo B: o aluno faz duas escolhas: a da trilha com componentes mais pré-definidos e, durante este percurso, o aluno escolhe algumas unidades eletivas. “Este formato tem uma intencionalidade muito clara, mas também dá um conjunto de eletivas que o aluno pode combinar de acordo com o interesse dele”, explica Bruna. Este é o modelo que o professor Adriano está trabalhando em uma escola-piloto em Itajaí. “A autonomia do aluno poder escolher seu itinerário é um ganho para sua formação pessoal e profissional”, conta.
Modelo C: chamado de trajetória livre, o aluno escolhe um itinerário e também vai escolher as unidades curriculares que irão compor o itinerário.
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