Na estreia do voto aberto, 467 deputados cassam Donadon e apenas um se abstém
Em agosto do ano passado, parlamentar, que já estava na cadeia por desvio de verbas públicas em Rondônia, havia mantido mandato em votação secreta; condenado voltou a aparecer no plenário, fez apelo a colegas, mas não teve sucesso desta vez
Brasília - Em votação aberta, a Câmara cassou na noite desta quarta-feira, 12, o mandato do deputado federal Natan Donadon (sem partido) menos de seis meses depois de absolvê-lo em decisão secreta. Condenado a 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão por peculato e formação de quadrilha por desvios de recursos de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia quando era parlamentar estadual, Donadon está preso desde 28 de junho de 2013 por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Sônia Baiocchia/Agência Câmara
Donadon surpreendeu ao chegar na Câmara
Nesta quarta, com os nomes dos deputados estampados no painel da Câmara, foram 467 votos pela cassação de Donadon, nenhum pela absolvição e apenas uma abstenção. Um placar totalmente diverso do registrado na votação de 28 de agosto, quando apenas 233 deputados defenderam a perda de mandato do colega, 24 a menos do que o necessário para cassá-lo, 131 votaram pela absolvição e 41 deputados registraram abstenção.
Naquela votação de agosto, o pedido de cassação estava baseado no fato de Donadon estar preso e condenado definitivamente, portanto sem condição de exercer o mandato. Ontem, o que foi a plenário foi um pedido de cassação baseado numa outra infração: o fato de Donadon ter votado pela sua absolvição seis meses atrás. "O voto aberto vai fazer com que meus colegas votem contra o coração e a vontade deles", disse Donadon durante a sessão, antevendo o resultado. Apesar de ter mantido o mandato em agosto, o agora ex-deputado estava afastado das funções pela direção da Câmara, já que cumpre a pena em regime fechado.
De branco. O deputado presidiário chegou à Câmara no início da noite trajando a mesma roupa branca que usa no presídio da Papuda, em Brasília. Ficou por quase duas horas cercado por diversos seguranças da polícia legislativa na sala da procuradoria parlamentar. Entrou no plenário reafirmando sua inocência, dizendo-se injustiçado, perseguido político e criticando a publicidade sobre a decisão dos colegas. "O voto aberto é uma prisão", declarou.
Deputados salvos. A absolvição do parlamentar em agosto tornou impossível para a Câmara protelar a mudança constitucional que abria o voto nesses tipos de decisão, proposta à espera de votação desde 2001.
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