Em entrevista, o futuro secretario estadual de Comunicação, Robson Paz, explica as atividades que serão desenvolvidas através dos próximos 4 anos.
Diego Emir/Imparcial
Escalado para gerir a Comunicação do Maranhão, o jornalista Robson Paz, recebeu a reportagem de O Imparcial para conceder de forma exclusiva uma entrevista para falar dos seus planos e do futuro governador para um dos setores mais importantes e estratégicos do governo.
Flávio Dino (PCdoB) tem anunciado seu plano em investir de forma descentralizada na mídia e promover uma democracia. Robson informa que a ideia é investir em jornais regionais, rádios comunitárias e blogs para que o máximo de pessoas seja atingidas pela informação e quebrar o latifúndio político que hoje existe no Maranhão.
Robson ainda aproveita para falar sobre sua gestão na secretaria Municipal de Comunicação, pasta esta em que ele ficou como titular por nove meses.
Confira na íntegra a entrevista:
Robson o que será de fato essa "comunicação democrática" que o governo Flávio Dino planeja implantar?
Antes de tudo, trata-se de uma comunicação cidadã em que a população tenha, de fato, pluralidade de veículos, de vozes e, consequentemente, garantido o direito de acesso irrestrito às informações. É necessário superar o modelo atual de comunicação monopolista em que poucas famílias com forte atuação política são proprietárias da absoluta maioria das emissoras de TV, rádio, jornais e portais de internet no Estado. Há, portanto, um cenário de latifúndio midiático que priva a população de informações essenciais na medida em que cabe a este pequeno grupo de privilegiados decidir o que deve ou não ser de conhecimento da população.
Com quem vocês pretendem dialogar para promover essa democracia na comunicação?
Com todos aqueles que estejam dispostos a contribuir para que o Maranhão experimente um tempo de mudança e democracia também na comunicação. Este é um trabalho que será desenvolvido a muitas mãos. Vamos buscar todos os meios de comunicação, os profissionais, entidades representativas das categorias, as universidades, movimentos sociais. Enfim, será uma ação conjunta em prol da efetiva comunicação como direito humano e, portanto, essencialmente democrática e participativa.
Nesse curto período de transição que você participou o que já foi possível perceber que precisa ser melhorado na próxima gestão no setor da comunicação?
A transição praticamente inexistiu como em quase todas as áreas. Tivemos duas reuniões com a secretária Carla Georgina, mas as informações repassadas são muito superficiais. Portanto, insuficientes para fazer um diagnóstico preciso. A realidade em sua plenitude, nós só vamos conhecer a partir do dia 2 de janeiro de 2015, após tomarmos posse e começarmos o trabalho na Secretaria.
Porém, de pronto é notório que muita coisa precisa ser melhorada e essa é uma determinação do governador Flávio Dino. A principal delas é estabelecer uma política de comunicação pública integrada, democrática, transparente e com a implantação de canais diretos com a população, respeitando a diversidade de cada região.
Nas últimas semanas houve uma polêmica com a Rádio Timbira. O que há de fato?
Houve a tentativa de parte da mídia ligada ao grupo Sarney em passar a idéia de que eu teria elogiado uma pretensa modernização da Rádio Timbira. Fato que, por óbvio, não é verdadeiro. Estive nos estúdios e no parque de transmissores da emissora, a convite do ex-gestor Juraci Filho, e o que constatei foi o esforço dele enquanto profissional, dentro das condições que lhe foram oferecidas, para manter a rádio no ar. Mas, algo incipiente para a grandeza e potencialidade da Rádio Timbira.
Ter um ou outro equipamento moderno em nada reduz a responsabilidade dos sucessivos governos de Roseana Sarney em deixar sucateada e abandonada a emissora. Isto ocorreu desde seu primeiro mandato. De 1995, quando houve a extinção da Rádio Timbira, até 2014, quando foi proibida a participação dos ouvintes nos programas da emissora. Ou seja, algo inconcebível para uma rádio pública. Censura em pleno século 21. Outra prova contundente do abandono da emissora são atuais níveis de audiência.
Além da rádio e do portal, existe uma expectativa de colocar outras plataformas em funcionamento?
Claro! Democratizar a comunicação é também disponibilizar à população um amplo leque de veículos, plataformas e ferramentas. O governador Flávio Dino já anunciou como uma das prioridades a reestruturação da Rádio Timbira. Vamos elaborar uma nova grade de programação com os cidadãos sendo partícipes do processo. Enfatizar a interação com os ouvintes e internautas por meio também das redes sociais.
Ampliar a cobertura da rádio com a presença em todas as regiões numa grande rede de rádios, especialmente comunitárias, além de implantarmos o portal da Timbira com informações de interesse público em todas as áreas.
Além disso, implantaremos canais diretos para comunicar melhor com a população. Hoje, temos um avanço significativo da internet no país com 42% das pessoas se informando por este meio. A força da internet, especialmente das redes sociais, restou provado na última eleição, apesar de nosso Estado ostentar índices vergonhosos em relação a outros estados. Temos a terceira pior média de intensidade de uso da internet com 3h52min à frente apenas do Amapá e Roraima. Ainda assim, as redes sociais tem sido relevantes para que a população consiga sair do cerco da mídia tradicional.
E sobre a internet o que está sendo pensado?
Flávio Dino diz querer universalizar o acesso. Como afirmei nosso estado apresenta os menores índices de frequência de uso da internet com 21% de pessoas que usam este meio de comunicação sete dias por semana. Uma das propostas do governador Flávio Dino é desenvolver programas e projetos que possam reverter este cenário a partir da ampliação de internet de banda larga. A inclusão digital no Estado será desenvolvida com ações intersetoriais envolvendo várias secretarias.
Flávio Dino ainda diz em fornecer apoio a rádios comunitárias, jornais regionais e blogs noticiosos. Qual é a estratégia aqui discutida na Comunicação?
É preciso pensar a comunicação pública fora da lógica meramente publicitária. Esse é um modelo esgotado e que a própria população reprovou ao eleger Flávio Dino governador do Estado. Veja bem, por décadas a população foi bombardeada com publicidade e propaganda à exaustão. Na maioria das vezes, a propaganda confrontou a realidade. Precisamos associar à publicidade, informação e ações de comunicação cidadã. Buscar novas formas de comunicação direta com efetiva participação popular.
A grande extensão territorial do Estado somando ao elevado índice de analfabetismo torna o rádio um veículo forte, em parte das regiões chega a ser o principal meio de comunicação. Nesse contexto, teremos o fortalecimento da comunicação comunitária a partir de uma rede pública, liderada pela Rádio Timbira. Trata-se aqui de comunicação pública em que prevalecerá informação de interesse público. Espaço para discutir o estado. Em outra frente, haverá política de fortalecimento da comunicação regionalizada, respeitando as diversidades locais. O modelo adotado que privilegia as principais praças, como São Luís e Imperatriz, ficará para trás, com a valorização dos jornais regionais e blogs. Esta outra ferramenta importante que ocupa cada vez mais espaço na mídia estadual e terá do governo o apoio necessário obedecidos critérios técnicos, científicos e éticos.
O senhor como secretário de Comunicação participou da constituição do Conselho de Comunicação, o que isso traz de contribuição? Planeja-se fazer o mesmo no estado?
Este foi um processo exitoso iniciado pelo ex-secretário municipal de Comunicação, Márcio Jerry, que demos continuidade por entender ser um instrumento importante no planejamento, elaboração e acompanhamento das políticas públicas de comunicação. Passo essencial para democratizar o processo na medida em que oportuniza também a participação da sociedade civil organizada e confere mais transparência à comunicação. Por se tratar de um instrumento relevante, de forma intersetorial com a participação da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular, haveremos de discutir e implantar também em nível estadual.
O senhor está se despedindo da Comunicação de São Luís, faça um balanço do seu trabalho.
Estamos concluindo um ciclo relativamente breve de oito meses à frente da Secretaria Municipal de Comunicação, mas integro a gestão do prefeito Edivaldo desde o início, portanto, há dois anos.
Avalio que acumulamos conquistas importantes, como a Lei que cria o Conselho Municipal de Comunicação; o processo em andamento no Ministério das Comunicações, que solicita outorga para implantar o Canal da Cidadania digital e em canal aberto; a modernização do portal da Prefeitura, conferindo mais dinamismo, serviços e interatividade com a população, a radioweb e TV Prefeitura. Enfim, a despeito das dificuldades enfrentadas, disponibilizamos várias ferramentas que são e serão úteis no processo de comunicação do município.
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