Roseana Sarney deixou Caema com dívida de R$ 750 milhões
Informações Jornal Pequeno Ma
Sucateamento e dívida milionária marcam a situação em que foi recebida a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema). Com apenas 5% do esgoto tratado, a estrutura dos sistemas de abastecimento está precarizada, com rodízio de água na capital e dívidas que acumulam as cifras de R$ 750 milhões. Para solucionar o problema, o governador Flávio Dino determinou investimento maciço na rede de abastecimento de água e saneamento ambiental do Maranhão.
“O segredo é investimento público. E obedecer ao princípio da moralidade administrativa, utilizando recursos públicos com seriedade e transparência, motivando os trabalhadores a perseguir a mesma direção, assim poderemos superar a situação que está posta”, assegura o presidente da Caema, Davi Telles, ao comentar os dados alarmantes.
De acordo com Davi, a dívida encontrada está entre R$ 500 mi e 700 mi. “Se a gente for considerar, por exemplo, apenas dívidas fiscais e de outras naturezas, a dívida consolidada chega a R$ 500 mi, e se consideramos os processos em que temos grandes chances de perda, a quantia chega a R$ 750 mi”, relata o presidente.
A gestão tem, ainda, o desafio de resolver o déficit mensal da instituição, que chega a aproximadamente R$ 8 milhões ao mês – considerando a diferença entre a arrecadação líquida, que está entre R$ 22 mi e R$ 23 mi, e as despesas correntes, que estão entre R$ 30 e 31 mi. “Para resolver esta situação, primeiro temos que auditar, saber do que realmente se trata este déficit, temos que organizar nossa contabilidade”, aponta Davi.
Ele afirmou que será licitada a contratação de uma empresa para realizar auditoria externa conclusiva, como exige a Lei 6.404, das Sociedades Anônimas. O secretário esclareceu que os relatórios existentes na Caema de auditorias anteriores, realizadas na gestão da ex-governadora Roseana Sarney, são inconclusivos, não havendo sequer dados com informações completas do patrimônio da empresa.
Revitalização da Companhia
O Governo do Estado lançará mão de um conjunto de medidas para revitalizar a Companhia de Saneamento Ambiental. “A gente estabeleceu prioridades claras. Temos as prioridades finalísticas, que se referem aos serviços de água e esgoto. E temos as prioridades meio, que são as prioridades estruturais, que dizem respeito a tudo aquilo que precisamos implementar para chegar aos nossos objetivos finais”, explica Davi.
Entre as prioridades meio está a reorganização interna da Caema, com a verificação da estrutura organizacional – o organograma dispõe de 512 cargos comissionados, sendo importante a verificação da necessidade de racionamento –, o investimento em tecnologia – a fragilidade, neste aspecto, fica clara sendo, por exemplo, a Caema a única companhia de saneamento ambiental do nordeste que não tem o sistema de monitoramento automatizado dos reservatórios de água.
Outros pontos são a definição de rotinas e procedimentos internos e o investimento em estrutura – além da revitalização dos três sistemas de abastecimento de água e dos seis de tratamento de esgoto, é preciso 183 veículos, praticamente todos sucateados. A série de medidas meio será importante para alcançar as prioridades finalísticas, que resolverão os grandes problemas enfrentados pela Caema.
Rodízio de água em São Luís
São Luis sofre com a intermitência de água no abastecimento de água há muito anos. A população da capital, só pode contar com utilização da água em dias alternados, havendo bairros que nem se quer este privilégio tem, lidando com a escassez completa. Prometendo resolver a questão do rodízio de água, a gestão anterior realizou um investimento na ordem de R$ 113 mi, proveniente do PAC Governo Federal, com contrapartida do Governo do Estado, para a substituição da adutora do Italuís, o principal sistema de abastecimento, mas não concluiu a obra.
“Criou-se uma expectativa artificial de que esta nova adutora resolveria o problema de intermitência de água de São Luís. E não é verdade. Esta nova adutora nos dá confiabilidade em relação a rompimento. Ela, em tese, não vai mais se romper, apesar de termos constatado muitos problemas de soldas no projeto, que a gente está tentando resolver. Mas ela não solucionará a questão do rodízio porque vai incrementar algo como 200 litros por segundo. E é necessário entres 1000 e 1200 litros por segundo”, explica Davi Telles.
Neste sentido, o governador já autorizou uma grande intervenção, a realização da obra de reforço de vazão do sistema Italuis, que consiste no rebombeamento de água, em determinado ponto da adutora, para aumentar a vazão. Assim, serão incrementados mais 1000 litros por segundo, como é necessário.
A fim de solucionar o rodízio, a Caema ainda lançou, na última quarta-feira (14), o Programa de Combate a Perdas. A Companhia adotará um conjunto de ações para diminuir a perda de água, já que, hoje, cerca de 60% a 65% da água tratada que é lançada na rede de distribuição é perdida – sendo considerando perda toda a água tratada que não se reverte em receita para Caema, como resultado de vazamentos, furto de água, fraude, inadequação e desatualização de cadastros e perda efetiva de água.
Outras medidas também serão importantes para resolver a questão, como a necessária troca dos pontos de estrangulamento da rede distribuidora de água, onde há grande perda de água; e a atuação direta no sistema de poços isolados – São Luís tem mais de 300 poços, complementando os três sistemas de abastecimento, que tem diversos tipos de problemas, como vazamentos constantes.
Saneamento
“São Luis, como se nós estivéssemos na idade média, trata apenas 5% do esgoto que produz”, relata o presidente da Caema, tendo como base, por exemplo, o estado de Sergipe, que trata 50% do esgoto, ou a cidade de São Paulo, que trata 75%. Além disso, preocupa a balneabilidade das praias e grande quantidade de esgoto lançado nos rios. A realização de obras de esgotamento sanitário em São Luís é prioridade da gestão Flávio Dino.
“Vamos fazer uma grande força tarefa para destravar todos os empecilhos para ter um padrão pelo menos de modernidade, para se a gente consegue chegar 50% a 60% do esgoto tratado num primeiro momento”, informou o presidente da Caema.
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