Situação das Assembleias do Brasil
Se depender dos deputados estaduais, os governadores pelo país terão quatro anos tranquilos de mandato pela frente.
Levantamento feito pela Folha aponta que apenas 30% dos deputados estaduais ou distritais se declaram como oposição nos Legislativos ou se mantêm afastados do governo local. A base governista beira a unanimidade em algumas partes do país, como Alagoas e Rondônia.
Mesmo onde grupos políticos estreiam no poder, como no Maranhão, a base aliada já soma ampla maioria.
Em Minas, o PT governa pela primeira vez e, a exemplo do que ocorria nos três mandatos seguidos do PSDB no Estado, o apoio ao governador será majoritário.
“A chapa deles [PT] elegeu 26 deputados dos 77, mas a situação se inverteu e agora somos minoria. Magnetizaram todos”, ironiza o tucano mineiro Lafayette Andrada.
Outros governadores que tinham poucos deputados eleitos em sua chapa original na campanha, como em Mato Grosso do Sul, também conquistaram adesões, que em muitos casos envolvem trocas por cargos na máquina pública.
No Rio Grande do Sul, o peemedebista José Ivo Sartori elegeu apenas 13 deputados de sua chapa. No entanto, após ficar à frente no primeiro turno, começou a receber apoios em série.
Fiscalização fraca
Com a vitória sacramentada na segunda votação, recebeu a adesão de mais 20 deputados e conquistou a maioria no Legislativo, que tem 55 representantes. Passado mais de um mês de mandato, ele ainda não concluiu a nomeação de cargos importantes diante da dificuldade de acomodar aliados.
No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung (PMDB) conseguiu unir adversários históricos em sua base ao acomodar um tucano como vice-governador e petistas como secretários.
Com a maioria nas Assembleias, os governos conseguem aprovar suas propostas e evitam com mais facilidades questionamentos, como CPIs. Uma das funções básicas, a de fiscalizar ações do Executivo, tende a ficar enfraquecida.
“É uma Casa que só aprova medalhas, títulos e nome de logradouros. As emendas e projetos todos [de iniciativa da oposição] são vetados pelo Executivo”, diz o deputado goiano Luís César Bueno (PT). O grupo que se opõe ao governador tucano Marconi Perillo diminuiu na atual legislatura para de 37% para 27% da Casa.
Na Assembleia do PR, com 54 deputados, a oposição ao governo Beto Richa (PSDB), de seis deputados, engrossou para 14 com o agravamento da crise financeira no Estado.
Em Santa Catarina, o PP aderiu à base do governador Raimundo Colombo (PSD) e já até ficou com o cargo de líder do governo na Assembleia. Isso ocorre apesar de o partido ter disputado as últimas três eleições em campo oposto ao do governador.
O deputado Sílvio Dreveck (PP) diz que há uma proximidade entre as ideias dos dois lados, mas sempre existe muita resistência em se aliar em campanhas estaduais por rivalidades históricas. “Não temos cargos. É um apoio voluntário. Pode ser difícil de entender, mas é a verdade.”
Minorias
Apenas em dois Estados os governadores não conquistaram a maioria no Legislativo. Em Roraima, a governadora Suely Campos (PP) elegeu somente um deputado em sua coligação original. Hoje, a base dela tem sete dos 24 integrantes do Legislativo.
Um obstáculo para a formação de maioria é a ascensão de partidos pequenos na eleição passada. A criação de novas siglas ampliou o número de legendas representadas.
No Tocantins, onde o governo de Marcelo Miranda (PMDB) também não formou maioria, os 24 deputados da Casa estão espalhados por 14 partidos, o que pode dificultar tentativas de acordo.
Folha de São Paulo
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