sexta-feira, 27 de maio de 2016

Dilma resistiu até ‘última bala’, diz Sarney em grampo de Sérgio Machado



Grampo telefônico 


O ex-presidente José Sarney
O ex-senador José Sarney (PMDB-AP), em foto de 2015
 
Trecho inédito de conversa entre o delator Sérgio Machado e o o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado mostra os dois debatendo acerca do destino de Dilma Rousseff, então na Presidência.
Ambos reclamam do fato de Dilma permanecer no cargo mesmo em forte crise política, e dizem que a petista vai resistir “até a última bala”.
“Ela não sai (…) Resiste… Diz que até a última bala”, diz o ex-senador maranhense. Segundo Machado, os escândalos com o governo acabaram com “o ‘Lula presidente'”. Sarney concorda, dizendo que o petista estaria em depressão.
“Acabou o ‘Lula presidente'”, diz o ex-presidente da Transpetro. “O Lula acabou. O Lula, coitado, ele está numa depressão tão grande”, afirma Sarney. “O Lula. E não houve nenhuma solidariedade da parte dela [Dilma].”, completa Machado.
Em outro trecho da conversa, gravada em março de 2016 e revelada nesta quinta-feira (26) pelo “Jornal Nacional”, em que Sarney reclama das decisões do juiz Sergio Moro e afirma que há uma “ditadura da Justiça” em vigor no Brasil.
“Não teve um jurista que se manifestasse. E a mídia tá parcial assim. Eu nunca vi uma coisa tão parcial. Gente, eu vivi a revolução […]. Não tinha esse terror que tem hoje, não. A ditatura da toga tá f*“, diz Machado. “A ditadura da Justiça tá implantada, é a pior de todas!”, concorda Sarney.
“E eles vão querer tomar o poder. Pra poder acabar o trabalho.”, conclui o ex-presidente da Transpetro.
EDUARDO CUNHA
Há ainda, no trecho revelado, especulações a respeito do destino do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Sarney afirma que o Supremo Tribunal Federal não poderia afastar Cunha da presidência da Câmara.
“E quem é que assume a Presidência [no caso da saída de Michel Temer] se não tem ninguém?” pergunta Machado. “O Eduardo Cunha”, responde Sarney. “E ele não vai abrir mão de assumir”, rebate o ex-presidente da Transpetro.
“Não… No Supremo [Tribunal Federal] não tem. Não tem ninguém que tenha competência pra tirá-lo. Só se cassarem o mandato dele. Fora daí, não tem. Como é que o Supremo vai tirar o presidente da Casa?”, diz o ex-senador maranhense.
Os dois debatiam quem seria presidente caso Michel Temer, então vice de Dilma Rousseff, também fosse afastado do cargo.
Sarney diz que haveria eleições. Ele e Machado mencionam nomes como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ou o juiz Sergio Moro. Depois, concordam que o vencedor não seria o senador Aécio Neves (PSDB-SP), adversário de Dilma em 2014.”Não, não vai ser ele [Aécio] de jeito nenhum!”, diz o ex-senador.
A aposta de Sarney acerca do destino de Cunha, no entanto, provou-se incorreta. O áudio foi gravado em março de 2016, dois meses antes do afastamento do deputado não só da presidência da Câmara, como de seu mandato pelo STF.
GRAMPOS
Em outro momento, Machado, que grampeava ele mesmo a conversa com Sarney para obter um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, pede que o maranhense marque conversa entre ele e Renan Calheiros em local sem grampos.
“Faz uma ponte que eu possa, que é melhor porque tá tudo grampeado. Tudo, essas coisas. Isso é ruim”, diz Machado.

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