Jornal publicou conversas entre o ex-presidente e Sérgio Machado. Sarney lamentou divulgação de conversa privada.
Em gravação divulgada na quarta-feira (25) pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou que eventuais delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, são "uma metralhadora de [calibre] ponto 100".
Foram reveladas conversas que Sarney teve em março deste ano com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que firmou acordo de delação premiada. Em um dos diálogos, Machado afirmou, em referência a Lava Jato, que a classe política está acabada” e que o momento é de “salve-se quem puder".
Em março, o grupo Odebrecht anunciou que, além de um acordo de leniência já em curso com a Controladoria Geral da União (CGU), todos os executivos da empreiteira concordaram em fazer acordos de delação – o que, em nota, a empresa chamou de "colaboração definitiva", sem dar mais detalhes.
Em nota, Sarney disse lamentar que "conversas privadas tornem-se públicas, pois podem ferir outras pessoas que nunca desejaríamos alcançar". O ex-presidente também disse que conhece o ex-senador Sérgio Machado "há muitos anos” (veja íntegra da nota ao final do texto).
PSDB e temores da classe política
Em um dos diálogos publicados pelo jornal, Machado afirma que o governo de Dilma Rousseff acabou. "Agora, se a gente não agir... Outra coisa que é importante para a gente, e eu tenho a informação, é que para o PSDB a água bateu aqui também. Eles sabem que são a próxima bola da vez", afirmou, em referência à Operação Lava Jato, ao que Sarney respondeu que “eles sabem que não vão se safar”.
O ex-presidente da Transpetro concordou: "E não tinham essa consciência. Eles achavam que iam botar tudo mundo de bandeja... Então é o momento dela para se tentar conseguir uma solução a la Brasil, como a gente sempre conseguiu, das crises". E completou: "Tem que construir uma solução. Michel [Temer] tem que ir para um governo grande, de salvação nacional, de integração e etc etc etc".
Segundo a reportagem, os dois falaram sobre os temores de toda a classe política. "Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente [Dilma] foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco. Não pode ter eleição agora", afirmou Sérgio Machado.
Em outra conversa, também divulgada pela "Folha", Sarney criticou a decisão do Senado de referendar a prisão do ex-senador Delcídio do Amaral no âmbito da Lava Jato. Machado afirmou que “a classe política está acabada” e que o momento é de “salve-se quem puder”. O ex-presidente da Transpetro alerta, então, que “nessa coisa de navio que todo mundo quer fugir, morre todo mundo.”
Após Sarney dizer que a oposição admitiu "diante de certas condições" apoiar Michel Temer para a presidência, Machado disse: "Não tem outra alternativa. Eles vão ser os próximos. Presidente: não há quem resista à Odebrecht".
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