segunda-feira, 30 de maio de 2016

Oposição cobra saída de ministro após gravação; base pede explicações







Fantástico mostrou gravação em que ministro critica Operação Lava Jato. Após divulgação, Fabiano Silveira se reuniu com Michel Temer no Jaburu.

Parlamentares da oposição e de partidos que se declaram independentes ouvidos pelo G1 cobraram nesta segunda-feira (30) a saída do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, após a revelação de um áudio no qual ele critica a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR). Integrantes da base aliada, porém, exigiram que Silveira dê explicações públicas.

Reportagem exclusiva do Fantástico revelou ontem domingo (29) gravações na qual Fabiano Silveira, além criticar a PGR, dá conselhos a Renan Calheiros e ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – ambos investigados no esquema de corrupção que atuava na Petrobras. A conversa foi gravada por Machado, novo delator da Lava Jato, em 24 de fevereiro.
Em razão do áudio, Fabiano Silveira se dirigiu na noite deste domingo ao Palácio do Jaburupara explicar o conteúdo da gravação ao presidente em exercício Michel Temer. Segundo assessores do vice-presidente, o peemedebista decidiu aguardar a repercussão política ao longo desta segunda para tomar alguma medida.
O senador Álvaro Dias (PV-PR) disse que, independentemente do conteúdo da gravação, a vinculação do ministro a um fato que mostra a “tentativa de se conspirar contra a Lava Jato” torna a permanência de Silveira no cargo “insustentável”.
“Quem está encarregado da transparência, fiscalização e controle do governo não pode participar de ações que tenham como objetivo comprometer os trabalhos da Lava Jato. Acho que a permanência do ministro desacredita a promessa do presidente Temer de que não interferiria na Lava Jato. Não vejo alternativa ao não ser o sacrifício do amigo [exoneração do ministro]. A permanência dele prejudica o governo Temer porque o governo busca credibilidade e este fato mina a credibilidade do governo”, declarou o senador.
Ao G1, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) defendeu o afastamento de Fabiano Silveira do Ministério da Transparência. Para ele, as gravações envolvendo o ministro comprometem a credibilidade do governo do presidente em exercício Michel Temer.
“Deve ser afastado, sim. Primeiro, porque passou, naquela conversa, envolvimento dele em coisas que prejudicariam a apuração de fatos; e, segundo, porque ele é ministro da Transparência. Nós todos temos muita esperança que o Temer traga duas coisas pelo menos: o equilíbrio das contas e a credibilidade. E credibilidade no governo passa pelo ministério de Temer ter credibilidade. E o ministro não tem credibilidade aparecendo na televisão gravado em encontros como aqueles”, enfatizou.
Outro parlamentar ouvido pelo G1 que cobrou a saída imediata do ministro foi o senador Telmário Mota (PDT-RR). Para o pedetista, Fabiano Silveira não pode chefiar a pasta enquanto não der explicações sobre os áudios revelados pela TV Globo.
“Eu acho que o ministro deve ser afastado imediatamente. Como um ministro da Transparência está envolvido num áudio desses? Como pode ficar no comando de um ministério com esse nome? Ele precisa ser afastado até que prove que não aconteceu, se for o caso. O próprio Temer precisa ter essa responsabilidade [...] porque o governo Temer já não tem apoio popular, já assumiu maculado e ainda fica com uma gestão comprometida”, declarou Telmário Mota.
Para o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), a gravação “desnuda a pretensão da cúpula do governo de obstruir investigações”. Na avaliação dele, Silveira não tem condições de permanecer no cargo.
“É óbvio que um ministro com as atribuições que ele tem não tem condição nenhuma de estar no cargo. São muitas as evidências de tentativa de obstrução da justiça. Claro que todo mundo tem direito à defesa, mas nada disso justifica ter como ministro nesse cargo alguém que é pego, se isso for mesmo confirmado, nessa situação”, afirmou.
“Os fatos precisam ser esclarecidos antes de emitirmos opinião. A versão divulgada até aqui produziu uma opinião, é claro. Mas o ministro precisa tornar pública a versão dele, as circunstâncias da conversa para que, aí, sim, as opiniões posam estar no rumo certo. É recomendável ouvir o que ele tem a dizer antes de formarmos um juízo de valor”, afirmou o presidente do DEM ao G1.Explicações públicas
O senador Agripino Maia (DEM-RN), por outro lado, cobrou que o ministro dê explicações públicas sobre o conteúdo da conversa, para que não se faça “juízo de valor” da gravação, antes mesmo de Silveira se explicar.

Por telefone, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), ressaltou que, à época da gravação, Silveira não era ministro e deu sua opinião como um advogado.
"Portanto, se ele deu ali uma opinião como um advogado, é porque ele poderia estar discutindo estratégia de defesa. Ele não estava falando naquela situação como ministro. Então, um advogado pode falar o que quiser. Agora, é claro que todos nós, em cargos públicos, eu acho, temos que dar satisfações públicas todos os dias sobre o que acontece", ponderou Eunício

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