Para cúpula do PL e do governo, reclusão de Bolsonaro já compromete papel de líder de oposição
O silêncio e o isolamento mantidos por Bolsonaro desde sua derrota nas urnas passaram a ser duramente criticados por integrantes da ala política do governo e membros da cúpula do PL, seu partido. É consenso que “já passou da hora” de o presidente “lamber as feridas” e que ele precisa trabalhar para seguir como principal figura de oposição a Lula.
A avaliação desse grupo é que, se Bolsonaro não se movimentar logo, pode cair no ostracismo e perder boa parte do apoio que capitalizou.
A decisão do presidente de não ir ao G20, na Indonésia, foi considerada um erro por aliados de primeira ordem de dentro e fora do governo. Para eles, Bolsonaro deveria ter usado sua última agenda internacional como chefe do Executivo para se contrapor a Lula, que seguiu nesta segunda-feira para a COP27.
No PL, as reclamações e críticas sobre o silêncio e a apatia do presidente são crescentes. A queixa generalizada é que não há condução e nem posicionamento por parte de Bolsonaro sobre tema algum. Parte da sigla ainda defende que ele fale abertamente que a eleição acabou, reconheça o resultado e destaque seu papel de liderança na oposição.
Para a cúpula do PL, o presidente já deveria estar se manifestando publicamente contra posicionamentos do governo Lula, especialmente sobre temas da área econômica, e também ter respondido a críticas que o petista dirigiu a ele em discursos recentes.
Na sua fala de quarta-feira passada, Lula disse que “cabe ao presidente reconhecer sua derrota, fazer sua reflexão e se preparar para daqui uns anos concorrer outra vez”. Afirmou também que “ninguém vai acreditar em um discurso golpista de alguém que perdeu as eleições”.
Há ainda a avaliação de que Bolsonaro precisa explicitar erros e cobrar deputados incendiários do partido a se conterem. Desde que perdeu a eleição, no dia 30 de outubro, Bolsonaro está recluso no Palácio do Alvorada e não aparece no Planalto para despachos. Neste período, ele fez apenas duas postagens no Twitter e duas no Instagram. Parte de assessores tem colocado a reclusão na conta da infecção que o presidente tem na perna. (O Globo)
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