segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dilma Rousseff deverá dizer que fará uma reforma ministerial levando em conta a necessidade de realizar um governo de coalizão para enfrentar dificuldades na política.

Dilma fará reforma ministerial para enfrentar guerra política



Daniela Martins/Kennedy Alencar


Em reunião hoje à noite com todos os líderes dos partidos que apoiam seu governo na Câmara e no Senado, a presidente Dilma Rousseff deverá dizer que fará uma reforma ministerial levando em conta a necessidade de realizar um governo de coalizão para enfrentar dificuldades na política.
A presidente falará em união política para enfrentar tempos difíceis. Ela já deu recado parecido no encontro do PT na última sexta, quando declarou que havia um discurso golpista de setores da oposição. Deixou claro que precisará sacrificar espaço do partido no ministério para atender aos aliados políticos. Sem apoio dos aliados, será difícil atravessar politicamente 2015.
Dilma sabe que os desdobramentos da operação Lava Jato poderão atingir diversos políticos no Congresso, inclusive da oposição. Mas tem certeza de que esses efeitos trarão mais prejuízo aos partidos da base do governo. PT, PMDB e PP deverão ser as legendas a sofrer mais com os desdobramentos da operação.
Depois de duas semanas sem conseguir aprovar o projeto que abandona o controle dos gastos públicos em 2014, a presidente deve fazer um apelo para que seus aliados compareçam à sessão do Congresso e votem essa medida nesta semana. A aprovação desse projeto tem sido deixada em banho-maria justamente pelos seus aliados. Essa demora tem a ver com a reforma ministerial do segundo mandato. Os aliados fazem corpo mole à espera de sinais da presidente. 
Para formar o novo ministério, Dilma não terá como esperar pelas possíveis revelações da Lava Jato envolvendo nomes de políticos. Deve demorar para que haja um posicionamento oficial da Procuradoria Geral da República sobre os deputados e senadores acusados e que têm de ser investigados ou processados no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
Alguns acusados deixarão de ser congressistas. Perderão o foro privilegiado. Há forte possibilidade de esses nomes serem oficialmente conhecidos somente no ano que vem, após a posse do novo Congresso em fevereiro.
A presidente não pode esperar tanto. A tendência é fechar uma negociação para formar todo o ministério até o dia 15 de dezembro. Pelo ritmo de conversas políticas na agenda de Dilma, esse é o plano.
Além de três ministros novos anunciados, há dois escolhidos: Kátia Abreu e Armando Monteiro. Há indicados, como Miguel Rossetto, que está no Desenvolvimento Agrário e que vai para a Secretaria Geral da Presidência. Mas o mais complicado será fechar o xadrez político com tantos aliados.
Há a negociação com o PMDB, que quer passar de 5 para 6 pastas para aceitar a senadora Katia Abreu na Agricultura. Também há o complicador da resistência de Dilma à candidatura do líder do partido, Eduardo Cunha, à presidência da Casa. A petista ainda não aceita um acordo com Cunha.
O Pros do governador Cid Gomes e o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab também são partidos fundamentais para compor maioria.
Será preciso definir a pasta do governador da Bahia, Jaques Wagner, que foi um dos grandes vitoriosos nas eleições.
A presidente obteve uma trégua na economia com a boa repercussão da indicação da nova equipe econômica. Agora, precisará jogar bem o xadrez ministerial a fim de se preparar para enfrentar uma guerra na política. Trégua na política é algo fora de questão com o que está por vir.

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