Cristiana Lôbo
Antes da reunião do diretório nacional em Brasília, ontem quinta-feira(29), emissários do governo entraram em ação para pedir que o partido baixasse o tom das críticas à política econômica e também ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O PT atendeu. A nova articulação política trabalha para reduzir os focos de problemas e criar as condições para reconstruir a base de apoio à presidente Dilma Rousseff.
A primeira providência foi pedir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não mais defenda a substituição de ministros – os alvos dele são Joaquim Levy, da Fazenda e José Eduardo Cardozo, da Justiça.
Lula concordou que essas críticas, mesmo reservadas a amigos ou correligionários, acabam fazendo e criando mais problemas para o governo.
Por isso mesmo, ele próprio pediu que seu discurso na abertura da reunião do diretório fosse aberta à imprensa. "Para ninguém dizer que eu disse isso ou aquilo", explicou logo na chegada.
Ao final de um dia de reuniões, o PT fez os debates da pauta e demonstrou compreensão com as dificuldades do governo: houve um claro recuo no tom das manifestações do partido, tanto em relação a Joaquim Levy quanto a Eduardo Cunha.
No caso de Levy, Lula disse no discurso que o ajuste fiscal é necessário e foi iniciado antes da chegada dele ao governo. Mais adiante, deu opinião sobre a necessidade de ampliar fortemente o crédito e apostar no consumo, fórmula usada em seu governo, que deu certo na época, mas que agora a equipe de Levy considera esgotada.
"No Brasil, só 30% das casas têm máquina de lavar, as ruas estão entupidas de carros, mas ainda tem muita gente sem carro. Imagina quantas máquinas e quantos carros ainda podem ser vendidos?", disse ele.
É uma crítica clara à política de Levy, mas apresentada de forma mais suave e sem estimular o coro "Fora, Levy", de outros encontros.
Lula também demonstrou compreensão com o papel de Eduardo Cunha e, principalmente, com a necessidade de o governo se relacionar com ele.
Foi a partir do discurso do ex-presidente que a resolução do partido fez críticas ao presidente da Câmara, admitiu que ele "flerta com o impeachment", mas não antecipou o voto no Conselho de Ética e, ainda, rejeitou proposta de um membro do partido de pedir representação contra Cunha.
A resolução também atendeu a um pedido do Planalto pois, entende o governo, que, fustigado pelo partido, Eduardo Cunha poderia reagir acolhendo um pedido de impeachment contra Dilma.
Para governistas, a senha de Cunha foi dada nesta quinta-feira quando ele se antecipou à resposta do Supremo Tribunal Federal e anunciou que seria retirado o rito anteriormente apresentado por ele para tramitação de pedido de impeachment.
Ou seja, prevalecendo o rito referente à Lei 1079, não haveria contestação do Supremo caso o pedido seja aceito pelo presidente da Câmara.
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