quinta-feira, 12 de maio de 2016

Dilma "já estava morta" e Temer não tem legitimidade para governar, diz Joaquim Barbosa



O ex-membro do STF ressaltou que o Brasil será comandado por dois grupos políticos: o que nos últimos 30 anos de democracia não elegeu nenhum Presidente da República e o que estava prestes a completar 20 anos longe do poder




O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, participou nesta quinta-feira (12) da palestra de abertura da 4ª edição do VTEXDAY, evento sobre e-commerce e varejo multicanal da América Latina.
De início, o tema principal de sua apresentação não abordaria o impeachment da presidente Dilma Rousseff. No entanto, ao começar a palestra Barbosa adiantou que não poderia deixar de falar sobre o assunto neste dia tão importante. Para ele, o resultado da votação no Senado foi apenas uma encenação. “A presidente já estava morta desde aquele domingo, dia 17 de abril”, disse o jurista.
Para ele, o dia de hoje pode ser considerado o "mais dramático da vida institucional do país nos últimos 30 anos." “Agora, como explicar ao mundo uma troca de comando tão brutal, com apenas uma estampa de normalidade. E pior, sem que o povo tenha participado ativamente desse processo. É estranho que o povo, bestializado, assista a tudo o que os políticos estão fazendo com o nosso país”, explicou.
O ex-membro do STF também ressaltou que o Brasil será comandado agora por dois grupos políticos: o que nos últimos 30 anos de democracia não elegeu nenhum Presidente da República e o que estava prestes a completar 20 anos longe do poder. “É muito grave trocar um presidente da República e colocar no lugar alguém que perde uma eleição ou que sequer sonharia, um dia, ganhar essa disputa no voto. Isso é uma anomalia”.
A presidente Dilma também não foi poupada das críticas. Segundo ele, Rousseff não soube conduzir o país e fez péssimas escolhas,  o que gerou diversos erros imperdoáveis. “Ela não soube combater com sinceridade e a força que o cargo lhe dava o que vem gangrenando as instituições brasileiras: a corrupção. Não digo que ela compactuou com os segmentos corruptos do seu partido e base aliada, mas se omitiu, silenciou e não soube exercer o comando. Ela foi engolida por essa gente”, declarou o ex-ministro, que ainda completou: “Não e só uma questão jurídica que está em jogo. Julga-se baseado em irregularidades orçamentárias, o que é comum em todas as instituições, a todos os governadores, por exemplo. Há um problema de proporcionalidade na fundamentação do impeachment. Com o tempo, receio que cresça na população uma dúvida sobre à justeza dessa destituição. Além disso, tenho medo de que essa situação se transforme em ódio, em racha político e social.”. 
A solução apontada por Barbosa seria uma nova eleição. No entanto, segundo ele, não há interesse dos políticos em uma nova escolha pública. “Dessa forma, daríamos voz ao povo. Mas, os políticos não querem ouvir isso, querem tomar o poder a qualquer custo, para continuar com suas práticas de corrupção”.
Por fim, o jurista salientou que os políticos que tiraram Dilma Rousseff do cargo o fizeram para se proteger, colocando em seu lugar um novo time. “Infelizmente, quase todos que estão lá tem contas a ajustar com a Justiça, por conta do dinheiro das empresas que vai para o bolso dos políticos e seus partidos. Reafirmo, um presidente não pode ser retirado do cargo tão fácil, banal e trivialmente”. 

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