Presidente em exercício diz que, apesar de ver seu governo como constitucionalmente legítimo, ele só ganhará apoio da população se conseguir reverter crise econômica do Brasil
Em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que não teme ser um mandatário impopular. A declaração veio no momento em que foi indagado se disputará a reeleição caso assuma definitivamente o Planalto ao fim do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que será analisado pelo Senado no prazo de 180 dias.
"Eu estou negando a possibilidade de uma eventual reeleição até porque isso me dá maior tranquilidade. Não preciso praticar gestos ou atos conducentes a uma eventual reeleição. Posso ser até, digamos assim, impopular, mas desde que isso produza benefícios para o País. Isso, para mim, seria suficiente", disse ele.
Temer reafirmou que há "legitimidade constitucional" em seu governo, consequência do processo de impeachment contra Dilma, mas reconheceu que o apoio popular só virá com eventual sucesso da gestão. "Fui eleito com a senhora presidente. Os votos que ela recebeu eu também os recebi. Especialmente porque, quando fizemos a aliança, evidentemente que o PMDB trouxe muitos votos à nossa chapa. Mas reconheço que não tenho essa inserção popular e que só ganharei, só terei, se, legítimo como é o nosso governo, ainda que interinamente, produzir efeito benéfico para o País", ressaltou.
O peemedebista também reafirmou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria analisar suas contas separadamente às de Dilma e optou pela cautela ao comentar as mudanças nas regras da Previdência – defendidas pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já na semana passada.
"Nós não examinamos esse assunto ainda [...] Mas daqui a alguns anos quem sofrerá as consequências serão os aposentados."
Temer ainda ressaltou que uma de suas prioridades será "a atenção com os mais carentes", ressaltando que eventual ajuste terá de preservar a área social. "Se for necessário, cortarei de outros setores", apontou.
Ministério 'machista'
Na entrevista, Temer fez coro à fala do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que rechaçou ser "machista" o Ministério do presidente em exercício – nenhuma das principais pastas do governo federal é liderada por mulheres. De acordo com ele, além da chefia de gabinete da Presidência, haverá representantes do sexo feminino na Cultura e na Cidadania e Ciência e Tecnologia – cargos que não têm status de ministro.
Segundo Temer, a ausência de "notáveis" na Esplanada dos Ministérios ocorreu porque ele teve "de fazer uma composição de natureza política" – o peemedebista prometeu demitir ministros que cometerem irregularidades. "Se um ou outro não proceder adequadamente, estará fora da equipe. Se houver irregularidades, eu demito o ministro."
Temer ainda negou ter "patrocinado" a indicação de diretores da Petrobras, investigada na Operação Lava Jato – ressaltando que a Procuradoria-Geral da República não viu motivos para investigá-lo – e elogiou o ministro Romero Jucá (Planejamento), alvo da investigação, lembrando que ele não é réu e que, caso venha a se tornar, poderá ter seu caso examinado.
Se efetivado na Presidência, Temer pretende inserir sua mulher, Marcela, na coordenação de alguma área social do governo. "Ela gosta", justificou.
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