sexta-feira, 13 de maio de 2016

Ministro diz que dará 'apoio total' à Lava Jato e manterá diretor da PF



Alexandre de Moraes assumiu o Ministério da Justiça na quinta-feira (12). Em entrevista ao JN, ele defendeu ainda o instrumento da delação premiada.


 Novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta-feira (13), em uma entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, que irá dar "apoio total" à continuidade da Operação Lava Jato. Como titular da Justiça, ele passou a ser o superior hierárquico da Polícia Federal (PF).
Egresso do Ministério Público, Alexandre de Moraes também prometeu na entrevista que manterá o delegado Leandro Daiello na direção-geral da Polícia Federal. Daiello está no comando da corporação desde 2011, quando Dilma Rousseff assumiu a Presidência.
O ministro da Justiça disse que, em relação à Lava Jato, ele pretende "deixar como vem ocorrendo". Ou seja, explicou Moraes, que a PF continue com autonomia para investigar o esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
"Na prática, é deixar como vem ocorrendo, que a Polícia Federal trabalhe como vem trabalhando, que o MP continue trabalhando em conjunto com a PF. Por parte do Ministério da Justiça, apoio total aos delegados, à superintendência da Polícia Federal do Paraná, ao diretor-geral da PF para que nós possamos, inclusive, com mais recursos se houver necessidade, possamos acelerar as investigações para que nós consigamos, rapidamente, desvendar todas as ramificações da Lava Jato", declarou Moraes.
Segundo ele, não há a mínima possibilidade de qualquer tipo de interferência nos trabalhos da Lava Jato por parte do governo federal.
"Quem conhece a minha história, desde promotor de Justiça, sabe que o combate à corrupção é a coisa mais importante não só hoje, mas há muito tempo no país. E nós estamos avançando nisso. E a Lava Jato é um grande avanço."
"A lei e o princípio da legalidade, é isso que o presidente Temer defende a sua vida toda como procurador do Estado, como homem público e agora como presidente interino. Defende a aplicação da lei. E isso é o que vamos aplicar no Ministério da Justiça. A lei deve ser aplicada igual para todos, sem nome, sem filiação e sem partido. A lei é pra todos", complementou o titular da Justiça.
Diretor-geral da PF
Ao ser indagado se pretendia manter o diretor-geral da PF, ele enfatizou que não irá exonerar Leandro Daiello e, inclusive, destacou que ele é seu "amigo" desde a época em que o delegado comandava a Superintendência da PF em São Paulo e o ministro a Secretaria de Segurança da capital paulista.

"Sim [manterei o diretor-geral]. O doutor Leandro já é um amigo meu desde o tempo que ele era superintendente da PF em São Paulo", destacou.
Moraes contou durante a entrevista que conversou com o diretor-geral da PF nesta sexta-feira para discutir o que ele classificou de "diretrizes importantes" da corporação.
Delação premiada
Alexandre de Moraes também defendeu na entrevista ao Jornal Nacional a possibilidade de o Ministério Público fechar acordos de delação premiada em troca da colaboração de criminosos com investigações. Na avaliação do ministro, que fez carreira no MP, a colaboração premiada é um instrumento de "efetividade para a Justiça criminal.

"É um instrumento que deve ser aplicado como vem sendo aplicado. A PF no campo dos estados, as polícias civis, o MP, o Poder Judiciário, tem toda a proteção jurídica possível porque só existe uma delação com a participação dos atores do campo penal", ponderou.
Em meio à entrevista, ele também divergiu da ameaça de seu antecessor no Ministério da Justiça, Eugênio Aragão, de afastar sumariamente integrantes da Polícia Federalse sentisse o "cheiro" de vazamentos de informações.
Na opinião do novo ministro da Justiça, não é possível afastar alguém se não tiver indícios suficientes de que foi aquela pessoa quem vazou as informações.
"É uma questão complexa a questão dos vazamentos. Ainda mais quando o segredo não é de uma pessoa só, quando quem tem as informações são não só dos policiais, mas também cartório, membros do MP, do Poder Judiciário. Você não pode responsabilizar sem ter indícios, não pode responsabilizar policiais", opinou o titular da Justiça.

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