Teia lança relatório de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão
Tecendo histórias de vida e de luta de indígenas, pescadores, ribeirinhos, quebradeiras de coco, quilombolas, camponeses, geraizeiros e sertanejos foi que surgiu o Relatório da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais 2013/2016. Um documento rico em informações sobre a luta em direção à garantia territorial e do Bem Viver. O lançamento do relatório acontece no próximo dia 04 de setembro, às 19h, no prédio do curso de Arquitetura da UEMA, localizado à Rua da Estrela, Centro Histórico de São Luís.
O Relatório da Teia 2013/2016 é maduro e acumula a realização de cinco Encontrões ao longo desse período. Mais de 400 pessoas em cada um de tais encontros trocando vivências, sementes, saberes e estratégias de lutas e de renovação para não perderem a esperança diante das dificuldades e fortalecer os movimentos que representam os povos e comunidades tradicionais. Entre as organizações que apoiam a Teia estão: Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Núcleo de Estudos sobre Reforma Agrária (NERA/ UFMA), CSP CONLUTAS, Coletivo Nódoa. O financiamento para trabalho tão importante e estratégico foi da Ford Foundation.
Estatísticas
As estatísticas são negativas quando o assunto é a violência contra os povos e comunidades tradicionais. O Maranhão lidera o número de conflitos no campo há seis anos. Este ano já caminha para ser o ano mais violento no campo. De acordo com dados da CPT, em 2016 foram 194 conflitos registrados, 75 cidades como palco desses conflitos, 13 mortes e 31 mil famílias vivendo sob ameaça.
Histórias como a de dona Menina, da comunidade sertaneja Forquilha, no município de Benedito Leite, sudeste do Maranhão, demonstram o grave quadro na região. Ela, no ano de 2016, teve sua casa invadida por quatro policiais sem mandado judicial e sem flagrante delito: “reviraram tudo aqui em casa, minha menina tava com um mês que tinha ganhado neném e eles a interrogaram, perguntaram se a gente não tinha medo de morrer”. São histórias como essas que revelam o quanto as comunidades camponesas estão desamparadas, pois, o poder público que deveria protegê-las, as violenta na segurança do lar.
As violências contra essas famílias são praticadas de várias formas: seja por meios lícitos, como projetos de desenvolvimento que implicam em devastação e remoções forçadas ou até mesmo ilícitos, como o caso das constantes grilagens de terra e também da violência institucional, como a Policia, a Guarda Nacional, decisões judiciais concedidas contra os povos e comunidades tradicionais sem observar sua realidade existencial. Mesmo diante de tantas violações de direitos, a resistência e a luta pelos territórios tradicionais se fortalece. Os Povos e Comunidades Tradicionais necessitam de seus territórios para sobreviver, lutam pela garantia de suas formas tradicionais de vida, pela liberdade, são responsáveis pela preservação das matas, das nascentes, dos rios.
O relatório é um importante instrumento de luta coletiva, pois proporciona e consolida alianças entre as comunidades tradicionais. Por meio desse registro, histórias de resistências são preservadas e as comunidades tradicionais reafirmam e defendem o Bem Viver.
As comunidades pesquisadas e relatadas foram o território de pescadores do Cajueiro e Taim, na Ilha de São Luís; território indígena Akroá-Gamella, em Viana; território quilombola Santa Maria dos Moreiras, Codó; território sertanejo Forquilha, em Benedito Leite e o território de quebradeiras de coco babaçu Centro dos Pretinhos, em Dom Pedro.
As centenas de comunidades e povos tradicionais do Maranhão demonstram com a Teia a força emancipatória daqueles que têm a solidariedade como instrumento de luta.
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