A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse que “há possibilidade” de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser invocado pelo colegiado. A congressista afirma que quer focar no que ocorreu entre a derrota do ex-chefe do Executivo e a invasão aos Três Poderes, como os atos na diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as ameaças de bomba em Brasília.
“Nós temos 180 dias. Então eu acho que, nesses dois primeiros meses, é importante tomar pé da situação. O que você tem. E depois partir. Se tiver que fazer uma ação mais ostensiva, sim. Se tiver que chamá-lo, nós vamos chamar. Até porque é absolutamente possível disso acontecer, né?”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo.
Sobre as críticas que recebeu do senador Marcos do Val (Podemos-ES), em razão de sua relação de proximidade com o ministro da Justiça, Flávio Dino, Eliziane diz que o colega “pode espernear, mas não vai passar disso”.
“Eu não sou investigada, eu não tenho nada que me dê impedimento de fazer os trabalhos na comissão. Outra coisa, nós estamos investigando o 8 de janeiro. Nós não estamos investigando aqui uma pessoa especificamente. Nós temos uma série de pessoas que serão ouvidas pela CPI, não é uma pessoa apenas”, declara.
A relatora afirma que vai investigar a responsabilização do governo do Distrito Federal, porque, segundo ela, o Executivo distrital tem a responsabilidade primária de proteção da Praça dos Três Poderes, embora cada um desses Poderes também tenha sua própria polícia.
“Mas tem uma anterior que é a polícia daqui de Brasília. Você tem aí um orçamento de R$ 10 bilhões do Fundo Constitucional só para isso. Então a gente precisa levantar isso aí. E a gente vai focar no financiamento, que é um ponto muito importante”, declara.
Segundo Eliziane, outro requerimento provável de ser aprovado é o de convocação do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres. “É um nome que também será ouvido. Até pela função dele. Naturalmente será ouvido. Até acredito que será logo”, afirma.
Governo Lula
A relatora da CPI do 8 de Janeiro minimiza o papel do governo Lula nos atos extremistas. “Se omite quem tem responsabilidade de fazer e não fez. Mais uma vez eu te digo: se tiver alguém que deveria ter agido dentro da estrutura do governo atual e não agiu, ele tem que ser responsabilizado. Agora, dizer hoje que isso é real, eu não posso dizer. Até porque eu não tenho elementos que me subsidiem”, diz.
Ela cita que só houve uma semana de governo Lula antes dos atos. “A segurança ostensiva é da Polícia Militar. A Polícia Federal, por exemplo, é uma polícia judiciária, ela não faz o trabalho ostensivo. Quem faz o trabalho de proteção daqui é a PM do DF. Tanto que ela é financiada pelo governo federal. Quer dizer, se não fosse, se fosse uma polícia comum, tudo bem. Mas não é o caso. Ela é paga para isso”, declara. (Poder 360)
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