Parlamentares têm pressa em levar a proposta da redução da maioridade penal ao plenário
“Tem muita gente que está mal informada nesse debate”, diz o deputado Laerte Bessa (PR-DF). “Nós não queremos crucificar o menor. Trata-se apenas de fazer justiça com aqueles que são irrecuperáveis, os que são violentos. Os que não são violentos não irão para a cadeia. Veja que os maiores de idade já não vão”, disse o deputado. Ele lembra que a comissão especial criada na semana passada tem prazo de seis meses para decidir sobre a proposta. “Mas vai sair bem antes disso. Creio que uns dois meses são suficientes. Afinal, a PEC vêm sendo debatida já há muito tempo na Casa”, disse. “Além disso, a sociedade está exigindo que se vote”, completou. Ele e o colega Alberto Fraga (DEM-DF) tiveram a redução da maioridade penal como uma das principais bandeiras de campanha.
Os parlamentares favoráveis à PEC apostam ainda na simpatia do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à proposta. Embora nunca tenha apresentado nenhum projeto nesse sentido, Cunha deu inúmeras declarações públicas a favor da redução da idade penal antes de se tornar presidente. Na terça-feira, dia em que a admissibilidade da PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, Cunha também determinou a instalação, em tempo recorde, da comissão especial para analisá-la, cerca de duas horas depois. Mesmo na oposição, admite-se que aprovar a redução da maioridade penal tem pouco a ver com o esforço para desgastar o governo; o que se busca é capitalizar votos junto da maioria dos eleitores que é favorável à medida.
Temor governista
Pelo menos quatro partidos contrários à PEC anunciaram que tentarão judicializar a disputa em torno da PEC nos próximos dias. “Diante da pressa desses parlamentares que são favoráveis à redução, só podemos pensar em judicializar. Vamos arguir a inconstitucionalidade da PEC nos próximos dias”, disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS) , ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos. “Por mais que o debate esteja colocado há bastante tempo, o fato de eles quererem resolver isso a toque de caixa mostra que não há preocupação em enfrentar as causas da violência. Não há uma preocupação real com os efeitos que virão dessa medida”, disse Rosário. Logo após a aprovação, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) anunciou a intenção de ingressar no STF com um mandado de segurança para suspender a tramitação.
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