quinta-feira, 30 de abril de 2015

Renan diz que é 'uma coisa ridícula' Dilma 'não poder falar no dia 1º'


Para o presidente do Senado, 'panelas precisam se manifestar' na democracia. Peemedebista anunciou que irá propor pacto pela criação de empregos.


Do G1, em Brasília


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira (30) ser "uma coisa ridícula" a presidente Dilma Rousseff não poder fazer pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta sexta (1º), no feriado do Dia do Trabalho, por não ter "o que dizer" aos trabalhadores. O peemedebista anunciou que irá propor ao governo federal um pacto para a criação e manutenção do emprego no país.
G1 entrou em contato com a assessoria do Palácio do Planalto para obter uma posição do governo sobre a declaração do presidente do Senado, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.
Nesta quarta (29), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que, em vez de fazer o tradicional pronunciamento do dia 1º de maio, a presidente divulgará vídeos nas redes sociais como forma de se manifestar sobre o Dia do Trabalho.
"O governo não tem agenda, não tem iniciativa, há um vazio evidente que fragiliza o governo. [...] Essa coisa da presidente da República não poder falar no dia 1º porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula. Isso enfraquece o governo", afirmou Renan.
Esta será a primeira vez, desde que assumiu o comando do país, em 2011, que Dilma não fará um pronunciamento em cadeia de rádio e TV no feriado do trabalhador. No entanto, o titular da Comunicação Social negou que o motivo da decisão seja evitar um panelaço de protesto contra o governo, como o do último dia 8 de março, quando Dilma se manifestou sobre o Dia Internacional da Mulher.
"Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do que o vazio. Nós fizemos a democracia no Brasil para deixar as panelas falarem, as panelas precisam se manifestar. Nós precisamos, todos, ouvir o que as panelas dizem. O nós não podemos deixar acontecer no Brasil é falta de iniciativa, falta do que dizer. Certamente, a presidente Dilma não vai falar no dia 1º de maio porque não tem o que dizer", disse Renan.
Pacto pelo emprego

Ao explicar sua proposta de um pacto pela defesa do emprego, Renan Calheiros disse que é preciso que o governo federal tenha uma "meta" para a criação de emprego, a exemplo das metas de inflação e de superávit fiscal. Ele ressaltou ainda que o pacto seria temporário e duraria somente enquanto o país enfrenta a crise econômica.

Entre as propostas defendidas pelo presidente do Senado estão o estímulo a compras governamentais; o estímulo do aumento de crédito pela Caixa, Banco do Brasil e o BNDES para empresas que preservarem e criarem novos empregos; e manter "criteriosamente" a desoneração da folha de pagamento.
"Qualquer proposta nessa direção que possa entrar no pacto da defesa do emprego será muito bem recebido", disse Renan, ao explicar que levará as ideias ao Palácio do Planalto no próximo mês, após discutir as ideias com setores da economia e senadores.
"Tudo o que colaborar na geração do emprego, na oferta de vagas, terá que ser discutido no pacto, absolutamente tudo, venha de onde vier. Agora, nós íamos, em torno de um pacto que seria construído, juntar o governo, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, ter uma diretriz, preencher o vazio, estabelecer uma iniciativa para que a presidente tenha o que comunicar no Dia do Trabalhador", ressaltou.
Ao ser questionado sobre como implementar o pacto diante de um "mal-estar" criado entre o Congresso Nacional e a presidente Dilma Rousseff, o peemedebista afirmou que não existe mal-estar, mas que "pode haver diferenças" entre o parlamento e o Palácio do Planalto.
"E é natural que na democracia nós tenhamos diferenças. Mas esse pacto servirá até para juntar todos em torno de uma saída para o Brasil", explicou.
"Quando a recessão acabar, quando a economia melhorar, estará desfeito o pacto. Mas até lá, da mesma forma que nós protegeremos meta de inflação, meta de superávit, protegeremos o emprego", concluiu o presidente do Senado.
A expectativa é de que Renan faça um pronunciamento em plenário no dia 5 de maio para explicar e elencar as ideias que comporão o pacto pelo emprego. Em seguida, explicou o senador, as ideias devem ser levadas à presidente Dilma.

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