Edison Lobão é investigado pelo STF por corrupção em Angra 3
Estadão – Os desdobramentos na esfera política do esquema de propina envolvendo o contrato da usina de Angra 3 estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal e incluem três senadores do PMDB – o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os senadores Edison Lobão (MA) e Romero Jucá (RR).
Inquérito sigiloso sobre o tema tramita no gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na Corte, e inclui os três peemedebistas.
São investigados ainda o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, o ministro do TCU Raimundo Carreiro e um suposto sócio do advogado.
A investigação tem como fundamento a delação do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, que teria relatado pagamentos mensais a Tiago Cedraz em troca de influência e informações sobre o TCU. Pessoa disse ainda ter negociado pagamento de R$ 1 milhão com o advogado para liberação, pelo tribunal de contas, das obras da usina de Angra 3 – que teve a UTC entre as empreiteiras que formavam consórcio contratado para execução do projeto. O processo foi relatado pelo ministro Raimundo Carreiro.
Consórcio
Edison Lobão, então ministro de Minas e Energia, teria articulado os repasses ao PMDB em troca do negócio da usina de Angra 3, sob responsabilidade da Eletronuclear. O executivo Flávio Barra, da Andrade Gutierrez Energia, disse em depoimento à Justiça Federal no Paraná que Pessoa informou às empreiteiras integrantes do consórcio vencedor da obra que o peemedebista havia solicitado contribuição eleitoral para o partido.
A investigação que inclui Tiago Cedraz, Carreiro e Lobão começou a correr antes no Supremo do que a apuração envolvendo Renan e Jucá. A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República enviaram um adendo à investigação, recentemente, para incluir o nome dos dois senadores, supostos beneficiários também de pagamentos indevidos oriundos de corrupção na Eletronuclear.
A menção feita por Ricardo Pessoa a Renan e a Jucá foi revelada pela revista Época. Segundo a publicação, os dois peemedebistas exigiram repasses às campanhas eleitorais de seus filhos em Alagoas e Roraima, respectivamente.
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pelas defesas de Romero Jucá e Edison Lobão, disse “não ver sentido” em incluir em um inquérito “pessoas que não têm ligação entre si”. A defesa de Renan Calheiros afirmou não ter ciência do caso.
O ministro do TCU Raimundo Carreiro não foi localizado pela reportagem. A assessoria de comunicação de Tiago Cedraz informou que não iria se manifestar sobre o caso. O escritório de Cedraz, alvo de mandados de busca e apreensão durante a Operação Politeia, que aconteceu em julho, admitiu em nota ter sido procurado por Pessoa para atuar em processo sobre Angra 3, mas afirmou que a contratação não foi efetivada.
A Politeia foi a primeira fase da Lava Jato das investigações que correm perante o Supremo Tribunal Federal e que, portanto, atingem suspeitos com foro privilegiado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário