sábado, 19 de dezembro de 2015

Rio Barro Duro sofre com degradação ambiental

Artigo sobre o ambiente
Por Alexandre Lago, biólogo.



Estou lendo um artigo científico do Professor Alexandre Rosa dos Santos, pertencente ao Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, intitulado - Recuperação de rios assoreados e identificação de poluentes e métodos de controle de despoluição. No artigo, o professor destaca que, “Um rio é vivo na medida em que contém infra-estruturas vivas. Tal como o sangue que circula em nossas veias, o rio contém células que se nutrem e que respiram oxigênio. Quando morto, essas células perecem, e ele se decompõe; proliferam, então, os seres que produzem a sua degradação, e ele exala os odores mefíticos da putrefação. O rio poluído é um rio morto ou em agonia”. Realmente, é o que ocorre; eu me senti tão mal, quando estive nas nascentes do Rio Barro Duro, em Tutóia, ao me deparar com uma situação extremamente desagradável – tudo seco, completamente seco. Não foi algo que aconteceu da noite para o dia; foi um acontecimento anunciado primariamente para todos e, nada foi feito para impedir o feito.

É muito triste você ver o impacto ambiental em um rio ou em qualquer ambiente e, nada se fazer para tentar impedir que tal fato aconteça; mais triste ainda, é constatar a sua agonia, sua morte e apenas lamentar o ocorrido.

Quando me fiz presente nas nascentes do Rio Barro Duro me senti mal, era como se “um filho meu estivesse morrendo”. Eu senti o impacto social naquelas comunidades que viviam e dependiam das águas do rio para tudo; aliás, vivem e dependem de suas águas, para tudo. Foi algo anunciado prematuramente e, nada foi feito – pela população (estudantes e moradores), pelas associações comunitárias, pelas autoridades (Prefeitura e Câmara de Vereadores), por técnicos especialistas no assunto, Organizações não Governamentais e, enfim, por todos. A nossa Constituição Federal, outorgada em 1988, em seu artigo 225 diz, que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Também diz em sua § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Ainda, na § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Ainda, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Não é apenas o poder público que tem que fazer a sua parte. Também, a coletividade – população, tem que fazer a sua parte, integrada ao poder público; fiscalizar, exigir. Infelizmente, tudo o que fora discutido, colocado em votação, em plenário da Câmara Federal e, aprovado pelos nossos representantes não é respeitado; não por falta de leis específicas, mas, por falta de Educação, por falta de comprometimento, pela ganância humana, desenfreada e sua ânsia de riqueza. O que estamos vendo no Rio Barro Duro é um retrato do Brasil de hoje, quando se fala em “Meio Ambiente”. Descaso, falta de comprometimento com o bem público, falta de respeito, falta de ética, falta de consciência.

A natureza não está revoltada, como teimam os homens em anunciar, em alto e bom som. Nossos representantes legais – vereadores, deputados e senadores são autoridades que elaboram as leis e devem zelar pelo cumprimento das mesmas. A nossa Constituição Federal foi discutida e aprovada por nossos representantes, impõem-se, então, ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar o ambiente para as presentes e futuras gerações.
Nosso Rio Barro Duro sofre. Nossa Lagoinha sofre. Nosso Rio Bom Gosto sofre. Nossas lagoas sofrem. Nossas dunas sofrem. Nosso mangue sofre. Onde estão as autoridades constituídas para defendê-los e preservá-los para as presentes e futuras gerações? Onde a coletividade está zelando por um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo? Muitos são os impactos ambientais verificados e constatados, ao longo dos rios de Tutóia, principalmente, Rio Barro Duro e Rio Bom Gosto – desmatamentos, queimadas, ocupações ilegais, retirada de barro em suas margens, assoreamento, falta de conscientização das pessoas, lançamento de lixo e dejetos orgânicos no leito do rio, lavagem de animais e de carros em suas águas. Tudo contribuiu e contribui ainda mais para acelerar sua morte anunciada. Ações e projetos de Educação, Conscientização e Recuperação de suas águas se fazem necessário, no sentido de no futuro, nosso bem maior, nossos filhos não serem os maiores prejudicados pela ganância humana e pela falta de sabedoria em preservar o que de mais belo Deus nos deu – a nossa casa, o ambiente.

A reflexão, faz-se necessário; a tomada de posição, mudanças de postura e de hábitos, são imperativos.
A natureza agradece o nosso comprometimento e a valorização da sua vida; rios, florestas, praias, lagos.



Sobre a recuperação do Rio Barro Duro. Nossa opinião fica para uma outra ocasião.

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