Artigo: Semear livros
Por Flávio Dino
“Senhor Deus! quando calará no peito do homem a tua sublime máxima – ama a teu próximo como a ti mesmo – e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!”. As palavras de Úrsula marcam a alma de nosso país até hoje. O primeiro romance abolicionista do Brasil foi escrito por uma maranhense – a primeira mulher e negra a publicar um livro no país. É em homenagem à ludovicense Maria Firmina dos Reis que estamos realizando a 11ª FeliS, a Feira do Livro de São Luís, em parceria com a prefeitura municipal e outras instituições. Que palavras como as dela sirvam de semente para sonhos no futuro, em que a terrível escravidão não continue a reverberar, como vemos todos os dias no Brasil.
Realizar eventos literários é parte fundamental dos nossos sonhos. Este ano, estamos viabilizando a estrutura da Feira de Livro, com estandes e divulgação. Uma tradição em nossa capital, que será no Centro Histórico, sublinhando seu valor cultural e turístico. Faremos atividades de incentivo à leitura também na Casa do Maranhão, Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, na Casa de Cultura Josué Montello, na Biblioteca Pública Benedito Leite e nos museus.
A Feira de São Luís vem na sequência de outro grande evento destinado a semear livros. Estive nessa semana que passou em Imperatriz, para o Salimp (Salão do Livro de Imperatriz), outro evento cultural que apoiamos. É sempre um prazer estar na cidade e ver sua enorme dinâmica. Pela terceira vez consecutiva, estamos patrocinando o Vale-Livro, uma iniciativa do deputado Marco Aurélio que faço questão de apoiar. São R$ 20 por aluno para compra de livros durante o salão, um benefício este ano para 15 mil alunos das redes estadual e municipais da Região Tocantina, representando um investimento de R$ 300 mil, com extraordinários resultados.
A leitura é a melhor forma não só de ampliar conhecimentos ou de ter entretenimento, mas sobretudo de fomentar o pensamento crítico. Quem lê, aprimora a sua autonomia, a capacidade de pensar com a própria cabeça e de repelir manipulações de grupos que controlam os aparelhos de circulação de ideias. Por isso, a oligarquia que por 50 anos dominou nosso estado não investia em educação. Não queria que a população adquirisse conhecimentos, pois seria o fim do domínio de poucos sobre todos.
Faço da busca por igualdade de direitos o eixo principal de meu governo, que é um governo indignado com as injustiças de nosso estado e que vai até o limite de suas capacidades para mudar a realidade. Nessa luta, o incentivo à leitura como política pública abrange a remoção de todos os obstáculos materiais e imateriais que impedem a concretização desse direito. Assim, consideramos que eventos como os mencionados tem um enorme papel, daí porque apoiamos as suas realizações e eu faço questão de a eles comparecer.
Como disse Castro Alves, no final do século 19:
“ Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!”
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!”
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