terça-feira, 21 de novembro de 2017

Deputados do Rio de Janeiro voltam para cadeia


TRF determina prisão imediata de Picciani e mais 2 deputados da Alerj



Jorge Picciani, preso novamente
Jorge Picciani, preso novamente

O TRF2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) determinou o retorno dos deputados peemedebistas Jorge Picciani, presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Paulo Melo e Edson Albertassi à prisão. Por 5 votos a 0, os desembargadores decidiram por restabelecer imediatamente a prisão dos parlamentares, que haviam sido libertados sem que a decisão tivesse sido comunicada oficialmente ao tribunal.
Picciani, Melo e Albertassi deixaram a prisão na última sexta-feira (17), em um carro oficial da assembleia, pouco mais de uma hora depois da decisão da Alerj. “Só pode soltar quem pode determinar prisão”, afirmou o desembargador Abel Gomes. A Corte mandou prender preventivamente os deputados a pedido do MPF (Ministério Público Federal) na quinta-feira (16), mas a decisão foi submetida à Alerj, que a derrubou.
Logo após a decisão do TRF2, os deputados Edson Albertassi e Paulo Melo se entregaram à Policia Federal. Picciani se entregou pouco tempo depois. Eles chegaram à prisão por volta de 18h.
Para o desembargador Abel Fernandes Gomes, relator do caso, a Alerj agiu contra o previsto constitucionalmente o que justifica o retorno dos deputados a prisão.
A Alerj informou, em nota, que a comunicação da decisão do plenário sobre a prisão dos deputados votada na sexta (17) foi enviada ao TRF2 por volta das 19h. A mesa diretora da casa se reuniu em sessão extraordinária logo após a decisão dos desembargadores que restabeleceu a prisão dos parlamentares.
De acordo com a presidência da Alerj, o texto encaminho pelo desembargador e relator do processo Abel Gomes dizia “textualmente escrito que caberia a Alerj ‘resolver’ sobre a prisão”. Os parlamentares lembram ainda os casos de Álvaro Lins e José Nado Júnior, ambos soltos sem comunicação ao Judiciário o, que segundo a assembleia, justificaria o procedimento adotado na sexta.
Para o MPF, houve uma “sucessão de ilegalidades” na soltura dos deputados. “A Alerj extrapolou as suas funções”, afirmou o procurador Carlos Aguiar.
Intervenção do STF
O desembargador Abel Gomes propôs que, caso a decisão seja descumprida, ela seja encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) que poderia, segundo ele, determinar até a intervenção federal na Alerj. Segundo a assessoria do tribunal, se houver descumprimento da decisão, a Primeira Seção Especializada oficiará ao presidente do TRF, desembargador federal André Fontes, para que dirija o pedido de intervenção ao STF, e o Supremo levaria o pleito adiante.
Os três peemedebistas, que se entregaram na tarde de quinta-feira (16) na sede da Polícia Federal no Rio, no centro da capital, passaram uma noite na cadeia de Benfica, na zona norte, onde também estão detidos o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e outros condenados e réus da Lava Jato.
Abel citou ainda o impedimento da entrada de uma oficial de Justiça no plenário da Alerj, que manteve as galerias fechadas ao público até quase o fim da sessão, como justificativa para a sua decisão. Abel foi quem determinou que os deputados fossem ouvidos coercitivamente na terça, remeteu a decisão de prender ou não ao colegiado e foi o relator da prisão na quinta.
Segundo o TRF2, a decisão de hoje será comunicada à Alerj, que poderá se manifestar contestando judicialmente a decisão. “O que a Constituição diz é que a casa legislativa tem 24 horas para ser avisada e para resolver sobre a ordem de prisão. Mas o tribunal não é obrigado a se submeter à decisão do Legislativo.”
Em nota, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) informou que “recebeu no final da tarde desta sexta-feira resolução da Assembleia Legislativa que determina a soltura dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, que estavam na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica”. “Os três deputados foram soltos em cumprimento à determinação.”
No sábado o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) protocolou um mandado de segurança em que pede a nulidade da votação desta sexta e requer que seja realizada uma nova sessão para repetir a votação, mas “com total acesso a todo e qualquer cidadão interessado”. De acordo com o MP, a Alerj desrespeitou uma liminar que obrigava a abertura das galerias da Casa “de forma a camuflar a sessão pública“.
O advogado Nélio Machado, que defende Picciani, considera que não há necessidade de a Alerj comunicar o tribunal para a soltura dos deputados, como já ocorreu, segundo ele, na liberação do deputado Álvaro Lins. “Vou recorrer aos tribunais superiores competentes.”
Sobre a decisão do TRF-2, o deputado Paulo Melo declarou, em nota, que a decisão é injusta e que ele respeita o Judiciário.
Em nota, Albertassi, que se entregou à PF imediatamente após a decisão do TRF2, afirmou que “confia na Justiça e estará sempre à disposição para esclarecer os fatos”.
A Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato no Rio, apura o uso da presidência e outros postos da Alerj para a prática de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os parlamentares são suspeitos de favorecer interesses de empresários no Estado, entre os quais representantes do setor de transporte público e empreiteiras, em troca de propina. Eles negam todas as acusações.
Fonte: UOL

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