Março é mês decisivo na corrida eleitoral
O mês de março começou e, com ele, as principais definições do mundo político são traçadas visando as eleições deste ano. Com a abertura da janela partidária, nesta quinta-feira, todos aqueles que quiserem trocar de legenda para concorrer a cargos públicos terão até o dia 1º de abril para fazer a mudança. Quem precisa se desincompatibilizar do cargo que ocupa para concorrer a uma vaga também terá que tomar a decisão até o mês que vem. Enquanto isso, as principais chapas que vão concorrer à Presidência da República ganham os seus contornos finais, com as definições dos vices e as respostas aos últimos convites partidários.
Uma das principais expectativas deste mês gira em torno da nova legenda do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que se desfiliou do PSDB após 33 anos no partido e é apontado como provável vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As conversas com o PSB estão adiantadas, embora o PV ainda seja cogitado como destino do ex-tucano.
Por outro lado, a migração do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB para o PSD parece certa. O convite feito pelo presidente da legenda, Gilberto Kassab, é bem visto por Leite, mas ainda é condicionado a outra decisão: a formalização da desistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), de concorrer ao Palácio do Planalto. Filiado ao PSD desde o ano passado com a expectativa de ser candidato à Presidência, Pacheco deve dar lugar a Leite na corrida eleitoral.
Ministros candidatos
Até 11 ministros do governo Bolsonaro devem deixar seus cargos para concorrer a governador, senador ou deputado federal nas eleições do ano que vem. Se confirmada, será a maior reforma ministerial pré-eleições desde 2010. Nesta terça-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, confirmou que vai deixar o comando da pasta em março para se candidatar a deputado federal por São Paulo. Ele disputará a vaga na Câmara pelo mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL.
Outros ministros miram uma vaga no Senado: Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), pelo Rio Grande do Norte; Flávia Arruda (Secretaria de Governo), no Distrito Federal; Gilson Machado (Turismo), em Pernambuco, embora também esteja cotado para vice na chapa de Bolsonaro; e Tereza Cristina (Agricultura), em Mato Grosso do Sul. Outros três integrantes da Esplanada dos Ministérios devem disputar governos estaduais: Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), em São Paulo; João Roma (Cidadania), na Bahia; e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), no Rio Grande do Sul.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, é pré-candidato a deputado federal pelo Distrito Federal. Também analisam a possibilidade de entrarem na disputa Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Marcelo Queiroga (Saúde). Na semana passada, mesmo sem confirmar a candidatura, Damares disse que o estado de preferência para concorrer seria o Amapá e afirmou ao senador Davi Alcolumbre (União-AP), seu possível adversário, que está “chegando”.
Governadores de volta às urnas
Ao menos quatro governadores, todos do Nordeste, devem concorrer a uma vaga no Senado. Um deles é Camilo Santana (PT), do Ceará, que faria parte de uma chapa encabeçada pelo PDT. Os dois partidos são aliados no estado, onde haveria um palanque duplo para os presidenciáveis Lula e Ciro Gomes.
No Piauí, Wellington Dias (PT) deve tentar repetir o feito de 2010, quando deixou o governo para concorrer ao Senado e venceu a disputa.
No Maranhão, Flávio Dino (PSB) mira o Senado, mas ainda precisa resolver uma pendência antes de deixar o governo: ele quer o apoio de Lula ao vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que deve migrar para o PSB. O ex-presidente, no entanto, prefere apoiar o senador Weverton Rocha (PDT). Os dois são da base de Dino, que rachou.
Na Bahia, a decisão do governador Rui Costa (PT) de disputar o Senado embaralhou o cenário pré-eleitoral. A primeira consequência foi a desistência do senador Jaques Wagner (PT) de disputar o governo. O diretório petista na Bahia avalia se apoiará o senador Otto Alencar (PSD) ou se lançará outro nome.
Mudanças em prefeituras
No “quebra-cabeça” eleitoral, março também deve ditar o rumo de seis prefeituras de capitais brasileiras. Eleitos ou reeleitos em 2020, os chefes dos Executivos municipais se preparam para concorrer aos governos dos seus estados. Para isso, precisam se desincompatibilizar até abril.
Em Minas Gerais, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), deve concorrer com o governador Romeu Zema (Novo), que pretende se manter no cargo. Situação parecida deve ocorrer no Mato Grosso do Sul, onde o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), dever ser candidato ao governo contra o atual ocupante do cargo, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Gean Loureiro (União) deve deixar a prefeitura de Florianópolis para tentar o governo de Santa Catarina.
O grupo dos indecisos também está com os dias contados. O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), terá até o fim do mês para definir a sua candidatura ao Executivo estadual. O mesmo deve acontecer com João Henrique Caldas (PSB), que avalia a renúncia da prefeitura de Maceió para se candidatar em Alagoas, e, em Sergipe, Edvaldo Nogueira (PDT) pode deixar a prefeitura. O Globo