Mas Dilma cometeu ou não cometeu ilegalidades, agredindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e, pois, a Lei 1.079, que trata dos crimes de responsabilidade?
Os petistas não precisam acreditar em mim. Os petistas não precisam acreditar na oposição. Os petistas não precisam acreditar naqueles que querem Dilma fora da cadeira presidencial.
Ora, acreditem, então, em Luiz Inácio Lula da Silva. Ele esteve num congresso de agricultores nesta segunda e fez o que a sucessora se negou a fazer: admitiu que ela cometeu crime de responsabilidade. Leiam a sua declaração:
“Eu agora estou vendo a Dilma ser atacada por culpa de umas pedaladas (…) Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família. Ela fez as pedaladas para pagar o Minha Casa Minha Vida”.
“Eu agora estou vendo a Dilma ser atacada por culpa de umas pedaladas (…) Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família. Ela fez as pedaladas para pagar o Minha Casa Minha Vida”.
Pronto! Está aí. O chefão máximo do partido ao qual pertence a presidente da República admite a existência do crime. Ele atribui, claro!, um objetivo nobre à transgressão legal, o que expõe a moralidade dessa gente: se é para fazer o que eles consideram “o bem”, então tudo é aceitável.
Essa é a essência de um pensamento “petralha”. Quando criei a palavra, era para designar esse tipo de prática e esse tipo de pensamento. Notem que, se o fim for supostamente nobre, dane-se a lei.
Não pensem que Lula é o primeiro a admitir. Jaques Wagner, que estava então na Defesa e hoje ocupa a Casa Civil, já fez o mesmo raciocínio.
Lula está agora num evento da CUT. Ainda aos agricultores, contou mentiras espetaculares sobre si mesmo:
“Vocês são testemunhas. Eu perdi três eleições neste país. Três. Voltava para casa, e, como diria o velho Brizola, ia lamber minhas feridas. Agora eles perderam a quarta [eleição]. E eles não se conformam de ter perdido. Ao invés de esperar a quinta, eles não saíram do palanque, e deveriam criar vergonha, porque é importante que eles deixassem a Dilma governar este país”.
“Vocês são testemunhas. Eu perdi três eleições neste país. Três. Voltava para casa, e, como diria o velho Brizola, ia lamber minhas feridas. Agora eles perderam a quarta [eleição]. E eles não se conformam de ter perdido. Ao invés de esperar a quinta, eles não saíram do palanque, e deveriam criar vergonha, porque é importante que eles deixassem a Dilma governar este país”.
Retomo
Lula, ele sim, é que deveria criar vergonha e parar de mentir. Em primeiro lugar perdeu quatro eleições — ele se esqueceu que concorreu ao governo de São Paulo em 1982. Adiante.
Lula, ele sim, é que deveria criar vergonha e parar de mentir. Em primeiro lugar perdeu quatro eleições — ele se esqueceu que concorreu ao governo de São Paulo em 1982. Adiante.
Ele, sim, nunca desceu do palanque: fez oposição sistemática a Sarney, Collor, Itamar e FHC. Curiosamente, no palanque continuou mesmo depois de eleito, atacando a suposta herança maldita de FHC. Quando inventou a luta do “nós” contra “eles” (a tal Dona Zelite), buscava justamente exercitar uma linguagem oposicionista.
Lula nunca deixou um governante levar adiante os seus programas. Aliás, ele está na CUT na noite desta terça, a mesma central que tingiu de vermelho a Esplanada dos Ministérios durante o governo FHC contra a reforma da Previdência, em nome da qual o governo pretende agora cobrar a CPMF.
Lula falar que se conformou com a derrota é de uma picaretagem intelectual espetacular. Ao contrário: ele não assimilou até hoje as duas derrotadas para FHC no primeiro turno.
De resto, uma curta memória histórica relevante: que comandou nas ruas o pedindo de impeachment de Collor? O PT. Quem chefiava o PT? Lula! Quem havia perdido a eleição para Collor no segundo, em 1989? Lula!
Mas que reste a palavra do ex-presidente: ele admitiu o que Dilma nega: as pedaladas foram dadas, sim. O crime foi, sim, cometido. Ele só tenta explicar que foi para o nosso bem.
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