Cunha acolhe pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma
Veja o que disseram Eduardo Cunha e Dilma Rousseff, depois da decisão de abertura do processo de impeachment.
No dia em que foi acolhido o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Jornal da Globo começa direto no assunto.
Se foi ou não foi pelo fracasso de uma barganha política imoral, com a qual queria se salvar, o fato é que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao aceitar o pedido, iniciando um trâmite previsto em lei, rompeu a paralisia da política brasileira, precipitando uma trajetória rumo ao desconhecido. Ele fez isso em uma entrevista coletiva, no final da tarde.
O QUE DIZ EDUARDO CUNHA
"Eu completei dez meses na presidência da Câmara ontem, nessa legislatura, e durante esses dez meses tiveram 34 pedidos de impeachment por motivações diversas. Todos são testemunhas que o meu posicionamento sempre foi coerente na minha argumentação e sempre foi de natureza técnica. Eu sempre refutei todo e qualquer pedido que abarcasse um mandato anterior e baseado nisso dos 34 pedidos eu já havia rejeitado 27", declara o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidnete da Câmara.
"Quanto ao pedido eu diria a vocês o mais comentado por todos vocês, formulado também pelo doutor Hélio Bicudo e os advogados que o acompanham, contra isso eu proferi a decisão com o acolhimento da denúncia e esse acolhimento se deu basicamente porque ele coloca argumentação para o ano de 2015, ele traz a edição de decreto sem números em um montante de R$ 2,5 bilhões que foram editados em descumprimento à Lei Orçamentária afrontando a Lei 1079 no seu artigo 10º, parágrafo 4º e 6º. O embasamento disso é única e exclusivamente de natureza técnica e a juízo do presidente da Câmara é unico e exclusivamente de autorizar a abertura, não de proferir o seu juizo de mérito, que será a comissão especial que o ira fazê-lo e poderá acolher ou rejeitá-lo e o processo vai seguir o seu curso normal com amplo direito de defesa do contraditório que deverá ser colocado", diz Cunha.
"A mim não tem nenhuma felicidade de praticar esse ato e não o faço por nenhuma motivação de natureza politica. Então isso acabará sendo uma forma que o país vai ter que enfrentar, resolver esse tipo de situação. Não tem condições de postergar mais e que o nosso país possa passar por esse processo, superar esse processo e que a gente possa com isso conseguir superar nosssa crises políticas e economica sem eu fazer qualquer juízo de valor do merito disso e sem qualquer tipo de torcida. A minha posição será a mais isenta possível com o seu encaminhamento", afirma o presidente da Câmara.
O QUE DIZ DILMA ROUSSEFF
Se já estava confiante ou não em enfrentar esses procedimentos de impeachment, se queria ou não evitar esse perigoso processo, ou se foi atropelada pelo próprio PT, o fato é que a presidente Dilma Rousseff entrou agora em uma luta de tudo ou nada. Dilma veio a público defender-se um pouco depois das 20h de quarta-feira (2).
"Ainda hoje eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam este pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais", declara Dilma Rousseff, presidente da República.
"Nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas, na busca de satisfazer meus interesses. Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública. Nos últimos tempos, em especial nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment", diz Dilma.
"Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência deste pedido bem como quanto ao seu justo arquivamento. Não podemos deixar as conveniências e os interesses indefensáveis abalarem a democracia e a estabilidade de nosso país. Devemos ter tranquilidade e confiar nas nossas instituições e no Estado democrático de direito. Obrigada a todos vocês e muito boa noite", conclui a presidente.
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