Erros grosseiros de pesquisas eleitorais detonam credibilidade de institutos
Empresas com tradição no mercado, como Datafolha e Ipec, erraram por mais de 10 pontos alguns resultados
Fábio Vieira/Metrópoles
A distorção começa pelo cargo mais importante, o de presidente da República. Datafolha e Ipec apontavam diferença de 14 pontos percentuais entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O atual mandatário, no entanto, terminou bem acima do esperado, com 43,3% dos votos computados, enquanto os dois institutos o projetavam com 37% e 36%, respectivamente.
“O TSE só registra as pesquisas, não tem nenhum envolvimento. Se houve discrepância entre as pesquisas e os resultados, são os institutos de pesquisa, não o TSE. Com relação às investigações, o Ministério Público Eleitoral vai apurar o que for questionado”, disse Moraes, quando indagado sobre as discrepância nos levantamentos.
Outra surpresa foi o total de votos que o Coronel Moreno (PTB) teve nestas eleições. Ele reuniu 5,68% dos votos, mais do que Leila do Vôlei (PDT), que obteve 4,81% dos votos.
Coronel Moreno, que na última pesquisa Ipec estava na sexta colocação, atrás de Leila, terminou as eleições na quarta posição do ranking
Em São Paulo, a eleição para o governo vai para o segundo turno, conforme previam as principais pesquisas. A ordem dos concorrentes, porém, foi invertida pelos votos: quando 99,39% das urnas haviam sido apuradas no estado, na noite de domingo (2/10), Tarcísio Freitas (Republicanos) tinha ficado na frente de Fernando Haddad (PT), por 42,35% a 35,66%. Rodrigo Garcia (PSDB), que chegou em terceiro, teve 18,40%.
Em sondagem do Instituto Datafolha divulgada na véspera da eleição, com margem de erro calculada em dois pontos percentuais, Haddad aparecia na frente, com 39% das intenções de votos válidos, e Tarcísio marcava 31%, mais de 10 pontos percentuais a menos do que o resultado alcançado por ele. Garcia somava 23%.
Já o Ipec previu Haddad com 41%; Tarcísio com 31%; e Garcia com 22%. A margem de erro anunciada pelo instituto também foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
As consultas também erraram no levantamento para o Senado em São Paulo. Segundo o Datafolha, Márcio França (PSB) tinha 45% das intenções de voto, contra 31% de Marcos Pontes (PL). O resultado aferido pelo Ipec, na véspera da votação, foi parecido: França com 43% e Pontes com 31%.
Quando as urnas foram apuradas, porém, o eleito foi o ex-ministro da Ciência e Tecnologia — e com mais votos até do que os institutos de pesquisa projetavam para França: 49,71% para o vencedor e 36,23% para o socialista.
Senado e governo no RS
Na disputa para o governo do Rio Grande do Sul, pesquisa Ipec divulgada na sexta-feira (30/9) apontava Eduardo Leite (PSDB) na liderança, com 40% dos votos válidos, seguido de Onyx Lorenzoni (PL), com 30%, e Edegar Pretto (PT), com 20%.
Ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Lorenzoni, contudo, ficou com 37,5% dos votos válidos. Ele vai disputar o segundo turno com Leite, atual governador do estado, que ficou com 26,8%.
No Rio Grande do Sul, houve novidades também na corrida para o Senado. O vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos) foi eleito com 44% dos votos. A última sondagem Ipec indicava o candidato do PT, Olívio Dutra, na liderança, com 36% dos votos válidos. Mourão aparecia com 28%.
Bahia
Na Bahia, os levantamentos Ipec e Datafolha apontavam vitória de ACM Neto (União) em primeiro turno, com 51% das intenções de voto válido. Com 96,7% das urnas apuradas, ACM Neto ficou com 41%. O candidato petista, Jerônimo, ficou com 49% – e, por pouco, não foi eleito em primeiro turno.
Em Goiás, reviravolta na disputa ao Senado
De acordo com a última pesquisa Ipec para a corrida ao Senado por Goiás, o candidato Wilder Morais (PL) iria amargar a quarta colocação, com 12% das intenções de votos válidos. Na realidade, ele acabou eleito, com 25,5% dos votos.
Na consulta, a disputa era liderada por Marconi Perillo (PSDB), que tinha 31% das intenções. Mas ele ficou em segundo, com 19,80%, e perdeu.
Já o Delegado Waldir (União Brasil), que aparecia em segundo lugar no levantamento do Ipec, com 22%, ficou em terceiro, com 17,04%.
De 4º para 2º em Santa Catarina
Em Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT) disputarão o segundo turno das eleições para o governo. Até a véspera da eleição, o nome do petista jamais havia aparecido bem colocado nas pesquisas.
De acordo com levantamento do Ipec divulgado em 30 de setembro, a intenção de votos para o estado era, em votos válidos: Jorginho Mello, com 29%; Carlos Moisés (Republicanos), com 23%; Gean Loureiro (União Brasil), com 16%; e Décio Lima, com 15%. A margem de erro divulgada era de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O petista, no entanto, surpreendeu. Com 99,86% das seções totalizadas, Décio tinha 17,41%, e Jorginho Mello, 38,64%. Já Carlos Moisés chegou em terceiro, com 16,99%, e Loureiro em quarto, com 13,61%.
Favorito, Alvaro Dias termina em 3º
Já na disputa pelo Senado do Paraná, o favorito das pesquisas, Alvaro Dias (Podemos), terminou na terceira colocação. O levantamento Ipec divulgado no sábado apontava o atual senador com 41% das intenções de voto válido, mas ele terminou com apenas 23,9%, conforme dados do TSE.
Ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (União) foi eleito para o Senado, por sua vez, com 33,5% dos votos. A mesma pesquisa o colocava na segunda posição do ranking, com 35%. Paulo Martins (PL), que estava com 14% das intenções de voto, surpreendeu e terminou em segundo lugar, com 29,1%.
Espírito Santo
No Espírito Santo, Magno Malta (PL) foi eleito senador com mais de 820 mil votos, o equivalente a 41,9%. Rose de Freitas (MDB) ficou com cerca de 38%, segundo dados da Justiça Eleitoral.
Pesquisa Ipec divulgada no sábado (1º/10) previa resultados inversos. A candidata emedebista tinha 44% das intenções de voto, enquanto Malta somava 37%.
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