Senador afirmou à ‘Veja’ que Lula ‘estava muito preocupado’ com a Lava Jato.
Ele disse que o ex-presidente pediu ajuda para definir estratégia de defesa.
O ex-líder do governo e senador licenciado Delcídio do Amaral (sem-partido MS), concedeu entrevista à revista “Veja”, publicada na edição no fim de semana. Delcído, que deu depoimentos de delação premiada na Lava Jato, disse na entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandava o esquema na Petrobras e negociava diretamente com as bancadas dos partidos as nomeações para diretorias da estatal.
“O Lula negociou diretamente com as bancadas as indicações para as diretorias da Petrobras e tinha pleno conhecimento do uso que os partidos faziam das diretorias, principalmente no que diz respeito ao financiamento de campanhas. Lula comandava o esquema”, afirmou o senador à revista.
Delcídio também disse que o ex-presidente tentou interferir logo nos primeiros passos da Lava Jato.
“Na primeira vez que o Lula me procurou, eu nem era líder do governo. Foi logo depois da prisão do Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras]. Ele estava muito preocupado. Sabia do tamanho do Paulo Roberto na operação, da profusão de negócios fechados por ele e o amplo leque de partidos e políticos que ele atendia. O Lula me disse assim: ‘é bom a gente acompanhar isso aí. Tem muita gente pendurada lá, inclusive do PT’. Na época, ninguém imaginava aonde isso ia chegar”, disse Delcídio.
Na entrevista, Delcídio afirmou ainda que o ex-ministro da Justiça do governo Dilma e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, usava o cargo para vazar informações.
“Cardozo faz o jogo que interessa a Dilma. Ele tinha acesso a informações privilegiadas e passava essas informações para Dilma. Vazava para ela operações que seriam realizadas pela Lava Jato. Cardozo soube com antecedência da condução coercitiva de Lula e alertou os principais interessados. Foi por isso que ele vazou um dia antes da minha delação premiada. Ele sabia que uma coisa abafaria a outra”, prosseguiu Delcídio.
O senador contou que Lula pediu ajuda para definir uma estratégia de defesa na Lava Jato.
“Lula havia me convocado para ir a São Paulo, junto com os senadores Renan Calheiros e Edison Lobão, para discutir estratégias de defesa na Lava Jato. Viajamos num jato e dividimos a conta. A minha parte eu paguei com cheque. Chegamos de volta a Brasília na madrugada de sábado. Fomos até fotografados, sem saber, no terminal 2 aeroporto. A foto foi publicada na internet com a legenda ‘o que Renan, Delcídio e Lobão faziam nesta madrugada no aeroporto de Brasília?’ “.
Em determinado momento da entrevista, o repórter da revista pergunta se Dilma “tem o poder de mudar votos no Supremo Tribunal Federal. Delcídio responde:
“Dilma costumava repetir que tinha cinco ministros no STF. Era clara a estratégia do governo de fazer lobby nos tribunais superiores e usar ministros simpáticos à causa para deter a Lava Jato”, afirmou o senador.
A defesa do ex-ministro Edison Lobão informou que todas as reuniões políticas feitas naquela época com a participação do líder do governo ficaram sobre suspeição, o que é lamentável. A defesa de Renan Calheiros disse que desconhece o teor da entrevista e que por isso não comentará.
O Instituto Lula disse que não comenta “conversa fiada nem delação comprada”.
A nossa produção não conseguiu contato com a assessoria do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
O Palácio do Planalto disse que não vai comentar as citações à presidente Dilma.
Já o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, disse que delação premiada não é meio de prova, “até em virtude da circunstância que foi feita”. Ainda segundo o advogado, as afirmações feitas pelo senador na delação são contraditórias com as afirmações que ele fez à época em que foi gravado pelo filho de Nestor Cerveró.
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