O percentual de eleitores jovens sofreu queda de 30% em quatro anos no Grande ABC. O número dessa parcela do eleitorado com voto facultativo, ou seja, aqueles que têm entre 16 e 17 anos, diminuiu de 20,4 mil, em 2010, último pleito presidencial, para 14,3 mil neste ano num universo de dois milhões de pessoas na região aptas a ir às urnas no páreo de outubro. Os dados oficiais foram anunciados ontem pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido pelo ministro Dias Toffoli.
Maior colégio eleitoral das sete cidades, São Bernardo possui 4.373 eleitores nesta faixa etária. Na eleição passada, eram 5.648. Santo André aparece logo na sequência da lista com 3.101 jovens com título, sendo que há quatro anos foram 4.596. Os municípios de Mauá e Diadema têm números consolidados em 2.788 e 2.444, respectivamente, ante 3.907 e 3.877 do levantamento anterior. São Caetano, por sua vez, apresenta 676. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra contam com 668 e 267, cada.
Professor de pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o cientista político Humberto Dantas avalia que a justificativa mais forte é desencanto acentuado deste público com a política formal. “Há grande desinteresse dos jovens. Não se vê estímulo a mudanças no sistema eleitoral, com série de falhas, e ao mesmo tempo existe descrença na organização dos partidos políticos, que se mostram inábeis”, alega.
As manifestações populares de junho do ano passado, protagonizadas por jovens, não influenciaram em mudanças na política institucional. Para o secretário de Relações Institucionais de Santo André, Tiago Nogueira (PT), responsável pelo setor de políticas para juventude da Prefeitura, a falta de resposta da classe política resultou neste saldo de queda. “Modelo atual está desgastado, se esgotou. Seria necessária reforma urgente no sistema (eleitoral). A diminuição é amostra desse descontentamento.”
Minimizando a situação, o presidente do TSE considera que a “alteração” se deve ao fato de o fechamento do cadastro deste ano ocorrer na data da eleição. Em anos anteriores, o registro era finalizado em 30 de junho e não contabilizava eleitores que completariam 18 anos até a dia do pleito. Com nova ferramenta da Corte, o eleitor que completa 18 anos nesse meio tempo até 5 de outubro já não está contabilizado nesse dado estatístico de 16 e 17 anos.
Toffoli também destaca que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) analisa essa diminuição no eleitorado jovem com a tendência do envelhecimento da população brasileira. Conforme o desenho regional, os dados do tribunal mostram que o número de eleitores idosos (com mais de 60 anos) aumentou de 112,7 mil, em 2010, para 144,1 mil nesta eleição.
Os números equivalem ao acréscimo de 27,5%. Dantas corrobora que a modificação do perfil etário pode ser um dos reflexos do levantamento. Para o professor, a sociedade está envelhecendo e há menos nascimentos em proporção. “Mas não é fenômeno só do Brasil.” G1.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário