Maranhão perde um dos seus poetas
Morreu na madrugada deste sábado (28) o maior poeta do Maranhão, Nauro Machado. Ele estava internado no Hospital UDI em São Luís desde a última terça-feira (24).
Nauro estava muito debilitado por conta de uma hérnia no intestino que lhe causava uma diarreia crônica. Ele chegou a ser operado e tirar grande parte do intestino, mas não resistiu ao procedimento cirúrgico. Tempos atrás Nauro lutou contra um câncer de esôfago e já estava tratado.
O corpo do poeta será velado na Academia Maranhense de Letras. O sepultamento será realizado amanhã.
Nauro (Diniz) Machado nasceu em São Luís do Maranhão, no dia 2 de agosto de 1935. Era um dos poetas brasileiros mais fecundos e importantes de todos os tempos e ainda esperava por uma devida consagração crítica e de público de sua imensa obra, com mais de trinta títulos publicados.
Ofício
“Ocupo o espaço que não é meu, mas do universo.
Espaço do tamanho do meu corpo aqui,
enchendo inúteis quilos de um metro e setenta
e dois centímetros, o humano de quebra.
Vozes me dizem: eh, tu aí! E me mandam bater
serviços de excrementos em papéis caídos
numa máquina Remington, ou outra qualquer.
E me mandam pro inferno, se inferno houvesse
pior que este inumano existir burocrático.
E depois há o escárnio da minha província.
E a minha vida para cima e para baixo,
para baixo sem cima, ponte umbilical
partida, raiz viva de morta inocência.
Estranhos uns aos outros, que faço eu aqui?
E depois ninguém sabe mesmo do espaço
que ocupo, desnecessário espaço de pernas
e de braços preenchendo o vazio que eu sou.
E o mundo, triste bronze de um sino rachado,
o mundo restará o mesmo sem minha quota
de angústia e sem minha parcela de nada.”
Espaço do tamanho do meu corpo aqui,
enchendo inúteis quilos de um metro e setenta
e dois centímetros, o humano de quebra.
Vozes me dizem: eh, tu aí! E me mandam bater
serviços de excrementos em papéis caídos
numa máquina Remington, ou outra qualquer.
E me mandam pro inferno, se inferno houvesse
pior que este inumano existir burocrático.
E depois há o escárnio da minha província.
E a minha vida para cima e para baixo,
para baixo sem cima, ponte umbilical
partida, raiz viva de morta inocência.
Estranhos uns aos outros, que faço eu aqui?
E depois ninguém sabe mesmo do espaço
que ocupo, desnecessário espaço de pernas
e de braços preenchendo o vazio que eu sou.
E o mundo, triste bronze de um sino rachado,
o mundo restará o mesmo sem minha quota
de angústia e sem minha parcela de nada.”
Nauro Machado
Minard
Nenhum comentário:
Postar um comentário